sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Brevidades

I
Onde está o poeta?
Perdido em meio as lágrimas...
Onde está a coragem?
Afundou já nestas vagas...

II
A tristeza faz suas vítimas,
sem nem as escolher,
a vida nos traz agonia,
sem um bom motivo ter...

III
Na noite que se acaba
vejo um pesar, no rosto teu,
Nos teus olhos vejo a morte
de um sonho meu...
 
IV
É sabio não pensar
nas horas mortas,
em que oras, e choras,
por desejar não mais viver

V
Nostalgia, velha amiga
Sempre em minha companhia
Trazendo boas memórias
"Queria reviver estes dias!"

VI
Voltando no tempo,
Em que teus olhos pousaram
Docemente nos meus
Logo depois: o adeus...

VII
Sempre um caminho
para o poeta trilhar;
Sempre um espinho,
e o coração a sangrar...

VIII
Caminhe entre as sombras
Andarilho, filho do Mar.
Cante seu poema as rochas,
Que sempre haverão de escutar

IX
O coração tristonho
é como espelho partido
Reflete tudo tortamente
qual desejos feridos.

X
Aquele que como profeta
A tristeza, foi anunciar...
Onde estará o poeta?
As vagas o levam ao mar...

J.A.Cabral 01/10

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Fernando Pessoa - Há doenças piores que as doenças

Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma,
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta cousa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pode ser, e é tudo.
Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.

Chalice - Memorial Embers(tradução)

Onde uma vez que uma criança ingénua aprendeu as cordas da vida e da dor
Um caminho pálido forjou para ver essas sobras com desdém
Como folhas descendente são uma exibição sazonal
Dentro dessas árvores e a brisa sutil caí de graça hoje

Onde uma vez que um menino protegido tinha aprendido a tristeza de seu passado
Um caminho pálido forjou para queimar as recordações finais
Como serpentes descartam sua pele acorrentada e continuam as mesmas
Sem essa carne a vida é fresca, como se renascido outra vez

As sombras de uma vela decoraram uma vez
com o ambiente em baixo de uma chama agonizante
Infinito é o solitário em tão longo sofrimento
Sem essa carne a vida é fresca, como se renascido outra vez
renascido outra vez
renascido outra vez

Hoje a mentira das serpentes despidas
E a terra se adornou com folhas
E eu descanso no pôr-do-sol
Com uma alma que aprendeu a respirar
Hoje eu caí da graça
Entre mil brasas que sobem
Abaixo do céu desvanecem-se e morrem-se
Enfim ... para que eu não me lembre

Moonspell - Scorpion Flower(tradução)

Maldição do dia, saudação da noite
Flores nascem no deserto
No seu coração vazio
No peito que alimenta
Flor acabada na escuridão

Posso roubar sua mente por algum tempo?
Posso parar por um tempo o seu coração?
Posso congelar a sua alma e seu tempo?
Flor escorpião
Símbolo da morte
Acenda os céus com seus olhos
E me mantenha afastado da sua luz

Se renda as suas lágrimas para seu ato mortal
Flor amaldiçoada pelo teu fruto
Pela sua última coragem
Pelo seu grande final
Flor esmagada no chão
No seu coração vazio
No peito que alimenta
Flor acabada na escuridão

Posso roubar sua mente por algum tempo?
Posso parar por um tempo o seu coração?
Posso congelar a sua alma e seu tempo?
Flor escorpião
Símbolo da morte
Acenda os céus com seus olhos

No seu coração vazio
No peito que alimenta
Flor acabada na escuridão

Posso roubar sua mente por algum tempo?
Posso parar por um tempo o seu coração?
Posso congelar a sua alma e seu tempo?
Flor escorpião
Símbolo da morte
Acenda os céus com seus olhos

Augusto dos Anjos - O CONDENADO

"Folga a Justiça e geme a natureza"
Bocage
 
 
Alma feita somente de granito,
Condenada a sofrer cruel tortura
Pela rua sombria d'amargura
- Ei-lo que passa - réprobo maldito.

Olhar ao chão cravado e sempre fito,
Parece contemplar a sepultura
Das suas ilusões que a desventura
Desfez em pó no hórrido delito.

E, à cruz da expiação subindo mudo,
A vida a lhe fugir já sente prestes
Quando ao golpe do algoz, calou-se tudo.

O mundo é um sepulcro de tristeza.
Ali, por entre matas de ciprestes,
Folga a justiça e geme a natureza.


Mário Quintana - Eu escrevi um poema triste

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Álvares de Azevedo - SPLEEN E CHARUTOS(frag.)

I
 
SOLIDÃO
[...]

As árvores prateiam-se na praia,
Qual de uma fada os mágicos retiros...
Ó lua, as doces brisas que sussurram
Coam dos lábios teus como suspiros!

Falando ao coração que nota aérea
Deste céu, destas águas se desata?
Canta assim algum gênio adormecido
Das ondas mortas no lençol de prata?

Minh’alma tenebrosa se entristece,
É muda como sala mortuária...
Deito-me só e triste, e sem ter fome
Vejo na mesa a ceia solitária.

Ó lua, ó lua bela dos amores
Se tu és moça e tens um peito amigo,
Não me deixes assim dormir solteiro,
À meia-noite vem cear comigo!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Nightwish - The Heart Asks Pleasure First(tradução)

Noite silenciosa me rodeia
Na costa do mar melancólico
Meu bondoso coração me fez acreditar
A promessa que eu gostaria que fosse

Nós vamos esperar
Anos pelo seu coração
Recanto pequeno para um coração só

Lançe no mar
O bom em mim, a criança interior
O mais cruel coração me fez esquecer
Nos momentos que eu gostaria que fosse

Mantenha o fogo dentro do meu passado
Você vencerá a morte pela madrugada
Escravo da labuta, essa espiral mortal
Arriscaram pela sirene essa viagem

Nós vamos esperar
Anos pelo seu coração
Um fim de manhã de inverno
Chamando-nos, as sirenes do escuro

Momentos congelados no tempo
Pequenos recantos, os campos da vida
Recanto pequeno para um coração só

Nós vamos esperar
Anos pelo seu coração
Recanto pequeno para um coração só

Noite silenciosa me rodeia
Na costa uma voz tão doce
Meu bondoso coração me fez acreditar
A promessa que eu gostaria que fosse

Epica - Blank Infinity (tradução)

Tentando me manter flutuando sobre este curso
Mas um pensamento está me abatendo
Me puxando durante todo o caminho para baixo

Nós estamos vagando em direção a um vazio infinito
E a aniquilação irá agora ser a única maneira
De diminuir seus pecados
Este vórtice não pode ser preenchido de novo
Um buraco no espaço e no tempo

Você clama aos céus superiores
Quando está confinado aqui?
Você nem mesmo imagina
Por que essas lágrimas inertes nunca irão secar?
Elas deixarão para trás
Tantas sombras em minha mente

Alto no céu, todas as nuvens estão passando
Espere por esta tempestade, espere pela chuva
E espere pelas lágrimas caírem em mim

Você clama aos céus superiores
Quando você está confinado aqui?
Você nem mesmo imagina
Por que essas lágrimas inertes nunca irão secar?
Elas deixarão pra trás tantas sombras
Vivendo em mim
Vivendo em todas as memórias em minha vida

Você imagina o porquê
Dessas lágrimas nunca secarem
Tempo forçado sobre a vida
Vivendo em minha mente

Podemos mesmo encontrar um caminho
Neste labirinto sem fim?
O labirinto não tem fim

Que caminho deveria eu tomar?
Esquerda ou direita?
Deveria eu ficar?
Deveria eu ser o único?

Perdido dentro do vazio infinito

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Lacrimosa - Letzte Ausfahrt: Leben (tradução)

E agora eu sou um estranho
Que partiu do meio de seus amados
E muito longe
E entao eu estou morto
A última saída que parcamente se revela
Nessa ponte que mau pode me carregar

Última saída: Vida
Do inverno de minha alma
Apenas um pequeno passo é suficiente
E estou andando por um novo caminho

E se eu ousar falar
Eles nem me ouvem - ou entendem
Entao eu permaneço em silencio
E se eu ousar rir
A alegria nao dividida desvanece completamente
Por que eles nao a sentem por mim

Última saída: Vida
Do inverno da minha alma
Apenas um pequeno passo é suficiente
E eu estou andando por um novo caminho

E quando eu tento me aproximar
A saudade nos empurra para mais longe
E quando eu tento lhes tocar
Eu perco o equilíbrio

Última saída: Vida
Do inverno de minha alma
Apenas um pequeno passo é suficiente
E eu estou andando por um novo caminho

Edgar Allan Poe - O poço e o pendulo (frag.)

"Súbito, voltam à minha alma o movimento e o som - o movimento tumultuoso do coração e, em meus ouvidos, o som de suas batidas. Em seguida, uma pausa, em que tudo é vazio. Depois, de novo, o som, o movimento e o tato, como uma sensação vibrante que penetra em meu ser. Logo após, a simples consciência da minha existência, sem pensamento - estado que durou muito tempo. Depois, de maneira extremamente súbita, o pensamento, e um trêmulo terror - o esforço enorme para compreender o meu verdadeiro estado. Logo após, vivo desejo de mergulhar na insensibilidade. Depois, um brusco renascer da alma e um esforço bem sucedido para mover-me. E, então, a lembrança completa do que acontecera, dos juízes, das tapeçarias negras, da sentença, da fraqueza, do desmaio. Esquecimento completo de tudo o que acontecera - e que somente mais tarde, graças aos mais vivos esforços, consegui recordar vagamente."

Shakespeare - Hamlet (frag.)

Ser ou não ser, eis a questão!
Que é mais nobre para o espírito: sofrer os dardos e setas de um ultrajante fado, ou tomar armas contra um mar de calamidades para pôr-lhes fim, resistindo?
Morrer... dormir; nada mais!
E com o sono, dizem, terminamos o pesar do coração e os mil naturais conflitos que constituem a herança da carne! Que fim poderia ser mais devotamente desejado?
Morrer... dormir! Dormir!... Talvez sonhar!
Sim, eis aí a dificuldade! Porque é forçoso que nos detenhamos a considerar que sonhos possam sobrevir, durante o sono da morte, quando nos tenhamos libertado do torvelinho da vida. Aí está a reflexão que torna uma calamidade a vida assim tão longa! Porque, senão, quem suportaria os ultrajes e desdéns do tempo, a injúria do opressor, a afronta do soberbo, as angústias do amor desprezado, a morosidade da lei, as insolências do poder e as humilhações que o paciente mérito recebe do homem indigno, quando ele próprio pudesse encontrar quietude com um simples estilete? Quem gostaria de suportar tão duras cargas, gemendo e suando sob o peso de uma vida afanosa, se não fosse o temor de alguma coisa depois da morte, região misteriosa de onde nenhum viajante jamais voltou, confundindo nossa vontade e impelindo-nos a suportar aqueles males que nos afligirem, ao invés de nos atirarmos a outros que desconhecemos?
E é assim que a consciência nos transforma em covardes e é assim que o primitivo verdor de nossas resoluções se estiola na pá da sombra do pensamento e é assim que as empresas de maior alento e importância, com tais reflexões, desviam seu curso e deixam de ter o nome de ação...

Aldous Huxley - A Ilha (frag.)

"Penso na incompreensível seqüência de mudanças que fazem uma vida. Penso que o destino dos seres humanos, ininterpretável e mesmo assim cheio de significação divina, é composto pela fusão de belezas, horrores e absurdos."

Shelley - The Flower That Smiles Today

A flor que hoje sorri
Amanhã morre,
Tudo o que deseja ficar
Tenta e depois voa,
O que é o prazer deste mundo?
Como relâmpago que zomba da noite,
É Breve mesmo sendo tão brilhante.

Virtude, quão frágil é!
Amizade, como é rara!
Amor, como vende felicidades pobres
Para o desespero orgulhoso!
Mas estes logo caem,
Sobreviva a sua alegria, e a tudo
Que chamamos de nosso.

Enquanto os céus são azuis e brilhantes,
Enquanto as flores são alegres,
Enquanto olhos que mudaram eram a noite
Faça o dia feliz;
Enquanto rastejam calmamente as horas
Tu sonhas - e do teu sono
Acorda então a chorar.


The Gathering - The Mirror Waters (tradução)

Vagarosamente... Silêncio voador
Tocando o vento como canções tristes.. pra mim.
Envelhecendo por fora
Com minha juventude em minhas mãos vazias
Perdi tudo que vivi para conseguir, vivo sem voltar

Não pude resistir olhando nos olhos dela
Eu vi a mim mesmo, lágrimas estavam caindo
Os mares dos olhos dela refletiam a minha velha idade
Juventude tornou-se velha, como o inverno segue a primavera

Rapidamente... Reino caindo
Dançarinos nos ventos de inverno
eles dançam... pra mim

Caminhos da natureza
Vida não pode ser sempre controlada
Controlada pelo medo
Assustada pelo meses e anos, medo sem voltar

Tempo deixa isso marcado
Os anos vêm mas nunca vão

Mascarada é a minha face
A máscara da idade vai cair, escondida sem voltar

Não pude resistir olhando nos olhos dela
Eu vi a mim mesmo, lágrimas estavam caindo
Os mares dos olhos dela refletiam a minha velha idade
Juventude tornou-se velha, como o inverno segue a primavera

Clarice Lispector - Faz de conta

Faz de conta que ela era uma princesa azul pelo crepúsculo que viria, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que sangue escarlate não estava em silêncio branco escorrendo e que ela não estivesse pálida de morte, estava pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz-de-conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz-de-conta verde cintilante de olhos que vêem, faz de conta que ela amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus, faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de marinheiros que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos da gratidão mais límpida, faz de conta que tudo o que tinha não era de faz-de-conta, faz de conta que se descontraíra o peito e a luz dourada a guiava pela floresta de açudes e tranqüilidade, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando. 

The Cure - Charlotte Sometimes(tradução)

Todas as faces
Todas as vozes obscuras
Mudam para uma certa face
Mudam para uma certa voz
Se prepare para dormir
As luzes brilham
E iluminam as paredes brancas
Todos os sons de
Charlotte de vez em quando
Dentro da noite com
Charlotte de vez em quando

Noite após noite ela se deita sozinha
Seus olhos tão abertos para a escuridão
As ruas todas parecem tão estranhas
Elas pareciam tão distantes
Mas Charlotte não chorou

As pessoas pareciam tão próximas
Jogando jogos sem expressão
As pessoas pareciam
Tão próximas
Tantos
Outros nomes

De vez em quando estou sonhando
Onde todas os outras pessoas dançam
De vez em quando estou sonhando
Charlotte de vez em quando
De vez em quando estou sonhando
Inexpressivo o êxtase
De vez em quando estou sonhando
Tantos nomes difrentes
De vez em quando estou sonhando
Os sons todos permanecem os mesmos
De vez em quando estou sonhando
Ela espera abrir os olhos sombreados
Em um mundo diferente
Venha para mim
Princesa assustada
Charlotte de vez em quando

Nesta trilha gelada
(veja o sol se foi novamente)
As lagrimas desceram pelo rosto dela
Ela chorava sem parar por uma menina
Que morreu há tantos anos atrás

De vez em quando eu sonho
Onde todas as outras as pessoas dançam
De vez em quando eu sonho
Charlotte de vez em quando
De vez em quando eu sonho
Os sons todos permanecem os mesmos
De vez em quando estou sonhando
Há tantos nomes diferentes
Às vezes eu sonho
Às vezes eu sonho...

Charlotte de vez em quando chorando por si mesma
Charlotte de vez em quando sonha com um muro ao redor de si mesma
Mas é sempre com amor
Com tanto amor que parece
Tudo mais
De Charlotte de vez em quando
Tão distante
Vidro selado e bonito
Charlotte de vez em quando

Amorphis - Tuonela (tradução)

A tristeza é meu pão
E as lágrimas eu bebo como vinho
O esquecimento é a minha alegria
Enterrados sob os dentes do tempo

Pois fria seja a pedra
Quando as geleiras devorarem as terras
Consolação não é uma dádiva
Da mão de gelo do inverno

Refrão:
Sob uma crosta de neve
Eu vou repousar minha armadura quebrada
O que aço e ferro não levarem
Eu oferecerei em nome do inverno

Não adianta um rapaz triste
Não serve um simples patife
Nenhum noivo para noivas de cabelos franzinos
Este homem velho e manco

Se ao menos eu pudesse respirar
Para ver o sol de maio
Mas as noites ainda são mais longas que os dias
Enquanto eu definho

Chegastes o homem coroado
Trazendo os sons da batida dos tambores da guerra
Disse: nenhum braço de espada é forte o bastante
Sem meus dois bons pés

(Refrão)
Mas eu não contemplo
Nos olhos da donzela eu vou me casar
Eu vou colher a safra de Tuonela
A saúde de minha noiva na morte

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

vinte e três de janeiro

Ausência: doce amargura entrelaçada
de passado e lembraças tão queridas
trazendo a alma, já estagnada
em mim morrendo a cada dia.

Conto os segundos desde o início
dessa vida onde o medo só me esmaga
desse sonho onde não posso levar nada
mas sei que isso tudo é desperdício.

E nessa memória encantada de ontrora
recordo aqueles que de mim estão distantes
revivendo tristemente velhos instantes
onde podia sorrir, sem a dor de agora.


J.A.Cabral 01/10

Cecília Meireles - Canção Póstuma

Fiz uma canção para dar-te;
porém tu já estavas morrendo.
A Morte é um poderoso vento.
E é um suspiro tão tímido, a Arte...

É um suspiro tímido e breve
como o da respiração diária.
Choro de pomba. E a Morte é uma águia
cujo grito ninguém descreve.

Vim cantar-te a canção do mundo,
mas estás de ouvidos fechados
para os meus lábios inexatos,
— atento a um canto mais profundo.

E estou como alguém que chegasse
ao centro do mar, comparando
aquele universo de pranto
com a lágrima da sua face.

E agora fecho grandes portas
sobre a canção que chegou tarde.
E sofro sem saber de que Arte
se ocupam as pessoas mortas.

Por isso é tão desesperada
a pequena, humana cantiga.
Talvez dure mais do que a vida.
Mas à Morte não diz mais nada.

Onmyouza - Kouga Ninpou Chou (tradução)

A lua minguante brilha obscuramente no céu na noite que está preenchida pelas nuvens reunidas
Dois jovens pássaros são crucificados juntos, por uma armadilha cruel
Ah! Se ao menos o amor que encobre o presente pudesse permanecer vividamente em meu coração

Refrão:
Gentil como a água, impetuosa como uma flor
Enterre a lâmina trêmula de sua espada nesta cicatriz
Mesmo se o destino trouxer lágrimas para o fundo dos meus olhos
Elas irão me lembrar de você

Em um abismo escuro, espero pelo fim, como um órfão soluçando
Me apoio nesse meu amor que me pisoteia e o protejo com minhas mãos
Não consigo continuar lutando, vamos andar lado a lado neste caminho manchado de sangue
Repete refrão

Gentil como a água, impetuosa como uma flor
Enterre a lâmina trêmula de sua espada nesta cicatriz
Mesmo se o destino trouxer lágrimas para o fundo dos meus olhos
Não posso parar o fluxo de sangue que corre em mim

Fluindo como mel, caindo ao solo sem sentido
Levando embora minha abatida fantasia
Mesmo se o destino nos trouxer uma escuridão azul
Irei vagar por dentro dela, junto a você, neste mundo.

Fernando Pessoa - Vaga, no Azul Amplo Solta

Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.

O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.

E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.

Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.

Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.

Stream Of Passion - Nostalgia

Con la vista sobre el mar
Busca entre las olas una señal
Algo que le ayude a olvidar la verdad
Toda una vida de lágrimas
Cede a la locura y luego calla
Por amor a un dia que jamás volverá

Cuando la rosa muera
Calmará sus ansias en letras vanas
Por amor a un dia que jamás volverá

Por amor a un dia que jamás volverá

Fernando Pessoa - O ritmo antigo que há em pés descalços

O ritmo antigo que há em pés descalços,
Esse ritmo das ninfas repetido,
Quando sob o arvoredo
Batem o som da dança,
Vós na alva praia relembrai, fazendo,
Que 'scura a 'spuma deixa; vós, infantes,
Que inda não tendes cura
De ter cura, responde
Ruidosa a roda, enquanto arqueia Apolo
Como um ramo alto, a curva azul que doura,
E a perene maré
Flui, enchente ou vazante. 


Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Cruz e Souza - O MAR

Que nostalgia vem das tuas vagas,
Ó velho mar, ó lutador Oceano!
Tu de saudades íntimas alagas
O mais profundo coração humano.

Sim! Do teu choro enorme e soberano,
Do teu gemer nas desoladas plagas
Sai o quer que é, rude sultão ufano,
Que abre nos peitos verdadeiras chagas.

Ó mar! ó mar! embora esse eletrismo,
Tu tens em ti o gérmen do lirismo,
És um poeta lírico demais.

E eu para rir com humor das tuas
Nevroses colossais, bastam-me as luas
Quando fazem luzir os seus metais...

Nightwish - Ocean Soul (tradução)

Uma noite a mais
Para aguentar este pesadelo
O que mais eu tenho que dizer?
Uma lágrima pra mim nunca teve valor algum
Meu espírito solitário está cheio de medo

Horas longas de solidão
Entre o mar e eu

Emoção perdedora
Procurando devoções
Eu poderia vestir-me de branco e procurar o mar
Eu sempre quis estar com a única onda do mar
(a minha)Alma oceânica

Caminhando na linha da maré
Eu ouço seu nome
É os anjos aguardando
Algo tão bonito que fere

Eu só desejei me tornar algo bonito
Por minha música, por minha devoção silenciosa.

Amorphis - Divinity (tradução)

O último dia traz a graça
Para aqueles que carregam nomes proibidos
Pise dentro da flor de tamanho quíntuplo
Como o pai, como o filho, numa união

Refrão:
Algum dia o fogo acabará com a chuva
Temores estão congelados, lágrimas sussurram
Coisas que ninguém escuta
Chore agora, chore agora por mim novamente
O orgulho e a dor de amanhã
Por que se ajoelhastes diante de meu nome?

Esmagando minha crença
E dando forma ao meu alívio
Para quem você direcionou suas preces
Não consigo ouvi-las de modo algum

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Dezoito de Janeiro

Melancolia:
a filha imperfeita da dúvida e da covardia;
mergulha meu dia em amargura, trasfigura
meu hino à beleza em cântico de dor.

Oh Melancolia maldita!
Abraça-me nessa ausência insuportável
fazendo-me abandonar a vida
e amar sempre mais a morte
ao me lançar em seu abismo sedutor.

J.A.Cabral 01/10


Fernando Pessoa - Na noite que me desconhece

Na noite que me desconhece
O luar vago, transparece
Da lua ainda por haver.
Sonho. Não sei o que me esquece,
Nem sei o que prefiro ser.

Hora intermédia entre o que passa,
Que névoa incógnita esvoaça
Entre o que sinto e o que sou?
A brisa alheamento abraça.
Durmo. Não sei quem é que estou.
Dói-me tudo por não ser nada.
Da grande noite embainhada
Ninguém tira a conclusão.
Coração, queres? Tudo enfada
Antes só sintas, coração

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tuatha De Danann - The Wheel(tradução)

Vindo com o assobio do vento há uma folha dançando no ar
Flutuando, girando, brilhando, rindo ela vem mudando as cores e chorando na minha frente

Repentinamente ela se converte em um ser feroz
Que se senta no chão - tão tranquilamnete
Olhando pra mim... se levanta ... então a criatura começa a me dizer isto:

"As vezes quando você acha que tudo se foi
Sem luzes, razão amor ou esperança
Tudo perde o seu sentido
Você se sente pra baixo, quer deixar tudo isso...

A vida é como uma velha roda
Você tem que aprender isso logo
A roda das transformações...
Tudo vai e tem sua própria razão..."
As vezes dentro, mas as vezes fora - nunca fique parado
Novos horizontes, Essa é a roda misteriosa
Ciclos, girando, tempo, nascimento morte chances de tentar denovo
Esse é o segredo - Tudo está mudando

Bem-vindo ao jogo, meu amigo - isso se chama vida

Você tem muitos caminhos pra escolher mas tente escolher o caminho certo.
Qual é o certo?

As vezes dentro, mas as vezes fora - nunca fique parado...
Novos horizontes, Essa é a roda misteriosa
Ciclos, girando, tempo, nascimento morte chances de tentar denovo
Esse é o segredo - Tudo está mudando

A noite - é o adormecer do sol.
Morte da nossa luz real.
No dia seguinte ele se levanta novamente - A roda completa todo o seu processo
"O que está vivo tem que morrer - o que morre deve ser colhido
O que é colhido deve ser semeado - o que foi semeado deve renascer"
Segredos da Roda...

As vezes dentro, mas as vezes fora - nunca fique parado
Novos horizontes, Essa é a roda misteriosa
Ciclos, girando, tempo, nascimento morte chances de tentar denovo
Esse é o segredo - Tudo está mudando


Sophia Andresen - O Jardim e a casa

Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade.

Agua de Annique - Just Fine(tradução)

Ei, quando a água cai, apenas pule
E veja onde você termina
Ei, quando o mundo gira, apenas pule
E veja onde você pertence

Um dia, um dia
Eu acordo
Um dia, um dia
Eu encontro
Um dia, um dia
Ou outro
Eu estarei
Bem

Ei, quando o sol surge, apenas acorde
E veja o que está no seu dia
Ei, quando a lua parece descansar
Fique pronto para sua vida

Um dia, um dia
Eu acordo
Um dia, um dia
Eu encontro
Um dia, um dia
Ou outro
Eu estarei
Bem

Diga que estará e estarei bem
Diga que estará e estou ok
Diga que estárá e estarei bem

Um dia, um dia
Eu acordo
Um dia, um dia
Eu encontro
Um dia, um dia
Ou outro
Eu estarei
Bem

domingo, 17 de janeiro de 2010

(frase) Eddie Vedder in "End Of The Road"

"Não serei o último
Não serei o primeiro
A encontrar um caminho pra onde o céu encontra a terra
Está tudo bem e tudo errado
Pra mim, começa no fim da estrada
Nós vamos e voltamos"


Cruz e Souza - PLENILÚNIO

Vês este céu tão límpido e constelado
E este luar que em fúlgida cascata,
Cai, rola, cai, nuns borbotões de prata...
Vês este céu de mármore azulado...

Vês este campo intérmino, encharcado
Da luz que a lua aos páramos desata...
Vês este véu que branco se dilata
Pelo verdor do campo iluminado...

Vês estes rios, tão fosforescentes,
Cheios duns tons, duns prismas reluzentes,
Vês estes rios cheios de ardentias...

Vês esta mole e transparente gaze...
Pois é, como isso me parecem quase
Iguais, assim, às nossas alegrias!

Ferreira Gullar - A vida bate (fragmento)

Não se trata do poema e sim do homem
e sua vida
- a mentida, a ferida, a consentida
vida já ganha e já perdida e ganha
outra vez.
Não se trata do poema e sim da fome
de vida,
o sôfrego pulsar entre constelações
e embrulhos, entre engulhos.
Alguns viajam, vão
a Nova York, a Santiago
do Chile. Outros ficam
mesmo na Rua da Alfândega, detrás
de balcões e de guichês.
Todos te buscam, facho
de vida, escuro e claro,
que é mais que a água na grama
que o banho no mar, que o beijo
na boca, mais
que a paixão na cama.
Todos te buscam e só alguns te acham. Alguns
te acham e te perdem.
Outros te acham e não te reconhecem
e há os que se perdem por te achar,
ó desatino
ó verdade, ó fome
de vida!
O amor é difícil
mas pode luzir em qualquer ponto da cidade.
E estamos na cidade
sob as nuvens e entre as águas azuis.
A cidade. Vista do alto
ela é fabril e imaginária, se entrega inteira
como se estivesse pronta.
Vista do alto,
com seus bairros e ruas e avenidas, a cidade
é o refúgio do homem, pertence a todos e a ninguém.
Mas vista
de perto,
revela o seu túrbido presente, sua
carnadura de pânico: as
pessoas que vão e vêm
que entram e saem, que passam
sem rir, sem falar, entre apitos e gases. Ah, o escuro
sangue urbano
movido a juros.
São pessoas que passam sem falar
e estão cheias de vozes
e ruínas . És Antônio?
És Francisco? És Mariana?
Onde escondeste o verde
clarão dos dias? Onde
escondeste a vida
que em teu olhar se apaga mal se acende?
E passamos
carregados de flores sufocadas.
Mas, dentro, no coração,
eu sei,
a vida bate. Subterraneamente,
a vida bate.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

treze de janeiro

Conte as estrelas, apague o sol
viva o anotecer até as chamas
caminho entre vocês, caminhe comigo
Cante aquela canção, aquele poema
e então a vida será novamente
Cor, alegria e luz.

J.A.Cabral 01/10

Guru Josh Project - Infinito (tradução)

Aqui está a chave

Filosofia
Um louco como eu
Precisa do infinito

Relaxe
Não tenha pressa
E tome o seu tempo
Para confiar em mim
E você vai encontrar
Infinito, infinito

E tome o seu tempo
Para confiar em mim
E você vai encontrar
Infinito, infinito

O tempo passa
Naturalmente
Porque você receberá
Infinito

Aqui está a chave
Filosofia
Um louco como eu
Precisa do infinito

Relaxe
Não tenha pressa

E tome o seu tempo
Para confiar em mim
E você vai encontrar
Infinito, infinito, infinito,
Infinito, infinito, infinito, infinito

E tome o seu tempo
Para confiar em mim
E você vai encontrar
O tempo passa
Naturalmente
Porque você receberá
Infinito

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Agatha Christie: Biografia

Escritora e dramaturga inglesa (15/9/1890-12/1/1976). Um dos maiores fenômenos da literatura mundial, com aproximadamente 2 bilhões de exemplares vendidos. Filha de pai norte-americano e mãe inglesa, seu nome de solteira é Agatha Mary Clarissa Miller. O sobrenome Christie vem do primeiro marido, um aviador inglês. Em 1917, desafiada pela irmã Madge a criar uma trama policial, escreve o primeiro livro, O Misterioso Caso de Styles, publicado em 1920. Suas 87 obras seguintes – romances, memórias e peças teatrais – são, na maioria, de suspense e rendem-lhe o título de "rainha do crime". Escreve ainda seis romances sob o pseudônimo de Mary Westmacott. Seu personagem mais constante é o detetive Hercule Poirot, um belga, que aparece em 33 livros. Outra personagem conhecida é a curiosa Miss Marple (o caso do Hotel Bertram), inspirada na avó de Agatha. Sua peça mais popular é A Ratoeira (1951), encenada mais de 13 mil vezes na Inglaterra. Alguns de seus livros se tornam filmes, como Assassinato no Expresso Oriente (1974) e Morte no Nilo (1978).

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Shakespeare - aforismo

"Cada homem tem na vida uma maré que, ao sabor da corrente, aproveitada, pode levá-lo à fortuna; descuidada, toda viagem da sua vida terá por fim, só baixios e misérias. Em tal maré, vamos à tona de água.Temos de aproveitar uma corrente favorável ou perderemos a aventura"

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Paulo Leminski - ,

um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante

carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisas que os valha

ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra

Gregório de Matos - Admirável expressão que faz o poeta de seu atencioso silêncio

Largo em sentir, em respirar sucinto
Peno, e calo tão fino, e tão atento,
Que fazendo disfarce do tormento
Mostro, que o não padeço, e sei, que o sinto.

O mal, que fora encubro, ou que desminto,
Dentro no coração é, que sustento,
Com que para penar é sentimento,
Para não se entender é labirinto.

Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;
Da tempestade é o estrondo efeito:
Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.

Mas oh do meu segredo alto conceito!
Pois não me chegam a vir à boca os tiros
Dos combatesm, que vão dentro no peito.

Nietzsche aforismo

"Todo coração em caos traz uma estrela cintilante.”


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

The Delgados - The Light Before We Land(tradução)

Em casos como esse eu gostaria de uma mão

Não me acorde sem um plano mestre
Com preto e branco ao invés de cor
Você não entende?
Quando coisas que uma vez foram bonitas
São brandas

E quando eu sinto como não pudesse sentir como antes
Me deixe ficar por um tempo
Refrescar isso por um tempo
Se nós podemos aguentar, podemos consertar o que está errado
Compre um tempinho
Para minha cabeça
Santuário para nós

Na verdade não tem melhor lugar para ir
Do que caindo na escuridão ainda por vir

Sem uma premonição
Você poderia me dizer onde estamos?
Eu odiaria perder essa luz
Antes de desembarcarmos

E quando eu sinto como não pudesse sentir como antes
Me deixe ficar por um tempo
Refrescar isso por um tempo
Se nós podemos aguentar, podemos consertar o que está errado
Compre um tempinho
Para minha cabeça
Santuário para nós

Antes de deixarmos a euforia
Nos convencermos que somos livres
Lembre-se de como nós costumávamos nos sentir
Antes da vida ser real

E quando eu sinto como não pudesse sentir como antes
Me deixe ficar por um tempo
Refrescar isso por um tempo
Se nós podemos aguentar, podemos consertar o que está errado
Compre um tempinho
Para minha cabeça
Santuário para nós

Goethe - Werther (fragmento)

O que é o homem, esse semideus tão gabado?Não lhe faltam as forças precisamente no momento em que lhe são mais necessárias? E quando ele toma voo na ventura, ou que se abisma na tristeza, não será ainda limitado, e sempre reconduzido ao sentimento de si próprio, ao triste sentimento de sua pequenez quando contava perder-se no infinito?

(pág.138)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Cruz e Souza - SURDINAS

Às raparigas tristes

Vais partir, vais partir que eu bem te vejo
Na branca face os gélidos suores,
Vais procurar as musicas melhores
Do sol, da glória e do celeste beijo.

Dentro de ti harpas do desejo
Não vibram mais -- embora que tu chores --
Nem pelas tuas aflições maiores
Se escuta um vago e enfraquecido arpejo...

Bem! vais partir, vais demandar esferas
Amplas de luz, feitas de primaveras,
Paisagens novas e amplidão florida...

Mas ao chegar-te a lágrima infinita,
Lembra-te ainda, ó pálida bonita
De que houve alguém que te adorou na vida.

In Aeternum

Na incerteza da vida caminho,
sempre sem destino, buscando um lugar
onde as dores sejam flores
e meu mundo seja Sol e Mar.

O tempo incontável desses dias vivídos
perdidos, trocados ou dados
em troca de doces momentos, esquecidos
por mim, e por ti já abandonados.

Agora já é tarde, e a lembrança
se faz presente em meio a dor,
Seguindo vou, anseio por rever-te.

Tu que fostes para o Jardim mais belo.
Eu aqui fiquei, e não sei se choro
ou sorrio por saber que tu és Eterno.

J.A.Cabral 01/10


Dante Milano - AO TEMPO

Tempo, vais para trás ou para diante?
O passado carrega a minha vida
Para trás e eu de mim fiquei distante,

Ou existir é uma contínua ida
E eu me persigo nunca me alcançando?
A hora da despedida é a da partida

A um tempo aproximando e distanciando...
Sem saber de onde vens e aonde irás,
Andando andando andando andando andando

Tempo, vais para diante ou para trás?

Feliz 2010 ^^



Lindos e Fofos Cartões
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