segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Fernando Pessoa - Feliz Dia para Quem É

Feliz dia para quem é
O igual do dia,
E no exterior azul que vê
Simples confia!

Azul do céu faz pena a quem
Não pode ser
Na alma um azul do céu também
Com que viver

Ah, e se o verde com que estão
Os montes quedos
Pudesse haver no coração
E em seus segredos!


Mas vejo quem devia estar
Igual do dia
Insciente e sem querer passar.
Ah, a ironia

De só sentir a terra e o céu
Tão belo ser
Quem de si sente que perdeu
A alma p’ra os ter! 


sábado, 29 de janeiro de 2011

Zélia Duncan - Distração

Se você não se distrai, o amor não chega
A sua música não toca
O acaso vira espera e sufoca
A alegria vira ansiedade
E quebra o encanto doce
De te surpreender de verdade
Se você não se distrai, a estrela não cai
O elevador não chega
E as horas não passam
O dia não nasce, a lua não cresce
A paixão vira peste
O abraço, armadilha
Hoje eu vou brincar de ser criança
E nessa dança, quero encontrar você
Distraído, querido
Perdido em muitos sorrisos
Sem nenhuma razão de ser
Se você não se distrai,
Não descobre uma nova trilha
Não dá um passeio
Não rí de você mesmo
A vida fica mais dura
O tempo passa doendo
E qualquer trovão mete medo
Se você está sempre temendo
A fúria da tempestade
Hoje eu vou brincar de ser criança
E nessa dança, quero encontrar você
Distraído, querido
Perdido em muitos sorrisos
Sem nenhuma razão de ser
Olhando o céu, chutando lata
E assoviando Beatles na praça
Olhando o céu, chutando lata
Hoje eu quero encontrar você

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ícaro Cardoso - Viver é raro. A maioria apenas existe.

Não desanime de caminhar, o fim da estrada aguarda uma fonte de águas límpidas com sombra para seu descanso.
Quando for preciso chore, mas não chore para sempre, porque haverá sempre motivos para sorrir.
Sempre que possível sorria, mas não ria de tudo, porque sarcasmo na hora errada e com a pessoa errada pode machucar mais que uma arma.
Lembre-se de ajudar quem realmente precisa, mas cuidado com quem quer se aproveitar do que você tem, pois o que você tem Deus te deu depois de você muito pedir.
Lembre-se de sonhar, pois você mesmo disse que o homem é do tamanho de seu sonho, então seja grande.
Tenha sempre a inocência de uma criança, procure a experiência do ancião, tenha a vitalidade do jovem e lute pelos seus objetivos, alcance cada um deles, e quando todos estiverem realizados, busque algo novo, pois viver é mudar, e mudar é crescer, e crescer é procurar alcançar o inalcançável.
Não queira ser o maior em nada, só Deus É grande, nunca se esqueça disso.
Se um dia você tiver um pesadelo, lembre-se que a vida é assim mesmo, até mesmo as mais belas rosas possuem espinhos, infelizmente sempre vamos nos machucar, é um fato.
Ame quem te ame e quem te odeia, esqueça dessas pessoas, não vale a pena perder seu tempo com sentimentos ruins.
Viva cada dia, mas não como se fosse o último de sua vida, mas sim como o primeiro de um recomeço de uma fase gloriosa de uma vida repleta de felicidades.
Jogue fora todos os seu medos, livre-se de todos os sentimentos ruins, apaixone-se, lute por quem você deseja, e não se dê por vencido.
Diga a todos que você teme e tem fé em Deus acima de tudo.
Viva, não simplesmente exista.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Aldous Huxley - Citação

"Essa revolução deverá ser realizada, não no mundo exterior, 
mas sim na alma e na carne dos seres humanos"

domingo, 23 de janeiro de 2011

Trovador Arqueiro

Ao Arqueiro

Intrépido trovador de injúrias
Revelárá minha infâmia aos mortais?
Ou contará em tristes versos imorais
minhas inglórias e penúrias?

Trarás tu, as claras, o meu limbo?
Recordarás, aos outros, meu castigo
de viver em dores sem iguais?

Trovador, que trazes?O remorço?
Ou apenas, em tua lira canta a Sorte
A sonhar com amores, e co'a Morte?

Ou serás apenas mensageiro,
de um destino: um fim ligeiro,
Que findará todos meus ais?

Não importa o que tu sejas, ou o que me traz.
Por esta Terra, cantarei contigo,
E de ti, arqueiro, não me separarei jamais
Trovador de injurias, e melhor amigo.






J.A.Cabral 01/11










Camilo Pessanha - Não Sei se Isto é Amor

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos cânticos.
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro a olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente. 

Skid Row - I Remember You(tradução)

Acordei com o som da chuva torrencial,
O vento sussurrava e eu pensei em você
E em todas as lágrimas que chorou, que chamavam meu nome,
E quando você precisou de mim, eu correspondi.

Eu desenho um quadro dos dias passados,
Quando o amor ficou cego e você me fazia ver.
Eu ficaria uma vida inteira em seus olhos,
De forma que eu sabia que você estava lá para mim,
dia após dia, você estava lá para mim.

Lembro-me de ontem, caminhando de mãos dadas,
Cartas de amor na areia, eu lembro de você.
Através das noites sem dormir e a cada
dia interminável,
Eu queria ouvir você dizer, eu lembro de você.

Nós passamos o verão com a camisa abaixada,
Queria que depois fosse sempre deste jeito.
Você disse "eu te amo, baby" sem um som,
Eu disse que daria minha vida por apenas um beijo,
Eu viveria por seu sorriso e morreria por seu beijo.

Lembro-me de ontem, caminhando de mãos dadas,
Cartas de amor na areia, eu lembro de você.
Através das noites sem dormir e cada
dia interminável,
Eu queria ouvir você dizer, eu lembro de você.

Nós tivemos nossos momentos difíceis,
Mas esse é o preço que pagamos.
E através disso tudo nós mantivemos a promessa que fizemos,
Eu juro que você nunca estará sozinha.

Acordei com o som da chuva torrencial
Que levou embora um sonho sobre você.
Porém nada mais poderia te afastar,
Pois você sempre será meu sonho realizado.
Minha querida, eu amo você.

Lembro-me de ontem, caminhando de mãos dadas,
Cartas de amor na areia, eu lembro de você.
Através das noites sem dormir e cada
dia interminável,
Eu queria ouvir você dizer, eu lembro de você.

Lembro-me de ontem, caminhando de mãos dadas,
Cartas de amor na areia, eu lembro de você.
Através das noites sem dormir e cada
dia interminável,
Eu queria ouvir você dizer,
Eu lembro de você, eu lembro de você.
Ohhh uhhh yeah!
 

sábado, 22 de janeiro de 2011

Caio Fernando Abreu - citação

"E, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez'. "

 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Antoine de Saint-Exupéry in "O pequeno principe"

Se alguém ama uma flor, 
da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, 
isso basta para que seja feliz quando a contempla

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sérgio Sampaio - Ninguém vive por mim

Fui tratado como um louco, enganado feito um bobo
Devorado pelos lobos, derrotado sim
Fui posto de lado e fui um marginal enfim
O pior dos temporais aduba o jardim
Como um rato de bueiro, como um gato de calçada
Velho mendigo da rua, cão de butiquim
Disse adeus e fui embora, nada é mais ruim
O pior dos temporais aduba o jardim
E eu, boêmio cantor da lua
Doido que não se situa
Fui procurar viver além de mim
E eu, simples cantor solitário
Entre malandros e otários
Vivo o que sou, ninguém vive por mim
Tudo tem seu preço exato, ninguém vai pagar barato
Tudo tem seu peso certo, tudo tem seu fim
Escapei da armadilha, agora estou aqui
O pior dos temporais aduba o jardim
Fui pro mato sem cachorro, numa de "ou mato ou morro"
Enfrentei um osso duro, duro de roer
Escapei dessa quadrilha, agora estou aqui
O pior dos temporais aduba o jardim

Edgar Allan Poe - Aforismo

Filme "The Raven" (2011)

A história acompanhará os últimos cinco dias de vida de Poe, quando ele é obrigado a se juntar a um detetive (Luke Evans) na busca de sua noiva (Alice Eve) sequestrada por alguém que começa a matar pessoas baseado nas obras do escritor. Poe morreu aos 40 anos em circunstâncias ainda não esclarecidas. Fala-se em cólera, raiva e mesmo suicídio. Existe ainda a teoria de que o escritor passou seus últimos dias acompanhando um serial killer que matava inspirado em seus contos. É nessa versão que o filme se baseia.
A direção do longa está nas mãos de James McTeigue (“V de Vingança “) e o roteiro foi escrito por Hannah Shakespeare (“Obsessão”, “Ghost Whisperer”) e Ben Livingston.
O filme estreia em 2011.




















John Cusack  interpretando o escritor Edgar Allan Poe em “The Raven”, considerado um dos precursores da literatura de ficção científica e fantástica modernas. 

Doce é sentir - Irmão Sol, Irmã Lua (Fratello Sole, Sorella Luna)

Dolce sentire come nel mio cuore
(Doce é sentir como em meu coração)

Ora umilmente sta nascendo amore...
(Agora humildemente está nascendo o amor...)

Dolce capire che non son più solo,
(Doce entender que não sou mais só,)

Ma che son parte di una immensa vita
(Mas que sou parte de uma imensa vida)

Che generosa risplende intorno a me...
(Que generosa, resplende em torno de mim...)

Dono di Lui, del Suo immenso amore!
(Presente Dele, do Seu imenso amor!)

Ci ha dato il cielo e le chiare stelle
(Deu-nos o céu e as estrelas claras)

Fratello sole e sorella luna
(Irmão Sol e Irmã Lua)

La madre terra con frutti prati e fiori
(A Mãe Terra, com frutos, campos e flores)

Il fuoco, il vento, l'aria e l'acqua pura
(O fogo, o vento, o ar e a água pura)

Fonte di vita per le sue creature.
(Fonte de vida para suas criaturas)

Dono di Lui, del Suo immenso amore
(Presente Dele, do Seu imenso amor)

Dono di Lui, del Suo immenso amore
(Presente Dele, do Seu imenso amor)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Ana Jácomo - Citação

Aquela era dessas saudades que toda vez que dizem acendem um mundaréu de estrelas no céu do coração. Era uma certeza de que a vida sempre arruma maneiras para aproximar as almas irmãs, esses anjos vestidos de gente que tornam mais fácil e mais feliz a nossa temporada de aulas e recreios nesse mundo.

Laura Pausini - Por El Camino(tradução)

Crescemos juntos eu e meus olhos como dois amigos
Que buscam com a alma um lugar que hoje já não existe
Entre mil manhãs frescas de bicicletas
Mil entardeceres dentro de algum ônibus
E com fome de sorrisos que presenteiam luz

Eu com meus cadernos de recordações, endereços que perdi
Vi rostos de quem tanto amei irem embora após um dia
Respirei um mar desconhecido
Nas horas silenciosas de um verão de cidade
Olhando minha sombra repleta de melancolia

Eu com minhas noites que me fechei como se fecha um guarda-chuva
Olhando para meu interior para ler a dor e o sal
Caminhei pelas ruas perseguindo o vento
Sentindo um peso de inutilidade
Frágil e violenta eu me disse: você verá, verá, verá

Pelo caminho verá
Que você não estará sozinho
Pelo caminho encontrarás
Um lugar no céu
Ouvirás, pelo caminho, o teu coração bater
Encontrarás mais amor

Sou só uma gota neste mar de gente que há neste mundo
Eu que sonhei com um trem que nunca saiu do lugar
Correndo pelos prados brancos de lua
Para dar mais tempo à minha ingenuidade
E jovem e violenta eu me disse: você verá, verá, verá

Pelo caminho verá
Que você não estará sozinho
Pelo caminho encontrarás
Também um lugar no céu
Ouvirás, pelo caminho, o teu coração bater
Encontrarás mais amor

Sei muito bem que uma canção não poderá mudar as nossas vidas
Mas não sei muito bem porque seguimos com esta busca infinita
Que é o que me move por dentro
A cantar canções
A buscar amores uma e outra vez
Para que o amanhã seja melhor porque amanhã
Você pelo caminho verá

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Faramir em O Senhor dos Anéis: As Duas Torres - Tolkien

A guerra deve acontecer, enquanto estivermos defendendo nossas vidas contra um destruidor que poderia devorar tudo mas não amo a espada brilhante por sua agudeza, nem a flecha por sua rapidez, nem o guerreiro por sua glória. Só amo aquilo que eles defendem a cidade dos Homens de Númenor"
 

domingo, 16 de janeiro de 2011

Vergílio Ferreira - Dizer NÃo ( in 'Conta-Corrente 1')

Diz NÃO à liberdade que te oferecem, se ela é só a liberdade dos que ta querem oferecer. Porque a liberdade que é tua não passa pelo decreto arbitrário dos outros.

Diz NÃO à ordem das ruas, se ela é só a ordem do terror. Porque ela tem de nascer de ti, da paz da tua consciência, e não há ordem mais perfeita do que a ordem dos cemitérios.

Diz NÃO à cultura com que queiram promover-te, se a cultura for apenas um prolongamento da polícia. Porque a cultura não tem que ver com a ordem policial mas com a inteira liberdade de ti, não é um modo de se descer mas de se subir, não é um luxo de «elitismo», mas um modo de seres humano em toda a tua plenitude.


Diz NÃO até ao pão com que pretendem alimentar-te, se tiveres de pagá-lo com a renúncia de ti mesmo. Porque não há uma só forma de to negarem negando-to, mas infligindo-te como preço a tua humilhação.

Diz NÃO à justiça com que queiram redimir-te, se ela é apenas um modo de se redimir o redentor. Porque ela não passa nunca por um código, antes de passar pela certeza do que tu sabes ser justo.

Diz NÃO à verdade que te pregam, se ela é a mentira com que te ilude o pregador. Porque a verdade tem a face do Sol e não há noite nenhuma que prevaleça enfim contra ela.


Diz NÃO à unidade que te impõem, se ela é apenas essa imposição. Porque a unidade é apenas a necessidade irreprimível de nos reconhecermos irmãos.

Diz NÃO a todo o partido que te queiram pregar, se ele é apenas a promoção de uma ordem de rebanho. Porque sermos todos irmãos não é ordenanmo-nos em gado sob o comando de um pastor.

Diz NÃO ao ódio e à violência com que te queiram legitimar uma luta fratricida. Porque a justiça há-de nascer de uma consciência iluminada para a verdade e o amor, e o que se semeia no ódio é ódio até ao fim e só dá frutos de sangue.


Diz NÃO mesmo à igualdade, se ela é apenas um modo de te nivelarem pelo mais baixo e não pelo mais alto que existe também em ti. Porque ser igual na miséria e em toda a espécie de degradação não é ser promovido a homem mas despromovido a animal.


E é do NÃO ao que te limita e degrada que tu hás-de construir o SIM da tua dignidade. 



 

sábado, 15 de janeiro de 2011

The Who - My Generation(tradução)

As pessoas tentam nos colocar pra baixo (falo da minha geração)
Só porque estamos por todos lados (falo da minha geração)
As coisas que eles fazem parecem terrivelmente frias (falo da minha geração)
Espero morrer antes de ficar velho (falo da minha geração)

Refrão:
Minha geração, essa é a minha geração, baby

Por que vocês todos não desaparecem (falo da minha geração)
E não tentam entender o que nós dizemos (falo da minha geração)
Eu não estou tentando causar uma grande sensação (falo da minha geração)
Só estou falando sobre a minha geração (falo da minha geração)

Refrão

Por que vocês todos não desaparecem (falo da minha geração)
E não tentam entender o que nós dizemos (falo da minha geração)
Eu não estou tentando causar uma grande sensação (falo da minha geração)
Só estou falando sobre a minha geração (falo da minha geração)

Refrão

Minha, minha, minha, minha geração

As pessoas tentam nos colocar pra baixo (falo da minha geração)
Só porque estamos por todos lados (falo da minha geração)
As coisas que eles fazem parecem terrivelmente frias (falo da minha geração)
Espero morrer antes de ficar velho (falo da minha geração)

Refrão

Estou falando sobre a minha geração (minha geração)
(8x)
 
 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Clarice Lispector - Minha alma tem o peso da luz

Minha alma tem o peso da luz. 
Tem o peso da música. 
Tem o peso da palavra nunca dita, 
prestes quem sabe a ser dita. 
Tem o peso de uma lembrança. 
Tem o peso de uma saudade. 
Tem o peso de um olhar. 
Pesa como pesa uma ausência. 
E a lágrima que não se chorou. 
Tem o imaterial peso da solidão 
no meio de outros.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Antoine de Saint-Exupéry in "Cidadela"

Atolavam-se na ilusão da felicidade que extraíam dos bens possuídos. Ora a felicidade o que é senão o calor dos atos e o contentamento da criação? Aqueles que deixam de trocar seja o que for deles próprios e recebem de outrem o alimento, nem que fosse o mais bem escolhido e o mais delicado, aqueles que ouvem sutilmente os poemas alheios sem escreverem os poemas próprios, aproveitam-se do oásis sem o vivificarem, consomem cânticos que lhes fornecem, e fazem lembrar os que se apegam às mangedouras no estábulo e, reduzidos ao papel de gado, mostram-se prontos para a escravatura.

Shakespeare - Soneto XV

Quando observo que tudo quanto cresce
Desfruta a perfeição de um só momento,
Que neste palco imenso se obedece
A secreta influição do firmamento;

Quando percebo que ao homem, como a planta,
Esmaga o mesmo céu que lhe deu glória,
Que se ergue em seiva e, no ápice, aquebranta
E um dia enfim se apaga da memória:

Esse conceito da inconstante sina
Mais jovem faz-te ao meu olhar agora,
Quando o tempo se alia com a Ruína

Para tornar em noite a tua aurora
E crua guerra contra o Tempo enfrento,
Pois tudo que te toma eu te acrescento.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Virgínia Woolf - Aforismo

 
Um cérebro que pairava consideravelmente acima do tumulto dos sentidos, 

procurou ordenar a vaga e errante incoerência de suas emoções.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Lacuna Coil - I Won't Tell You(tradução)

Eu não posso dizer que você está caindo
Abra seus olhos se você quiser sobreviver
Eu quero te dizer que seu amor é uma mentira,
Mas eu não te direi, não direi.

Eu não posso sair disso, Eu estou bem assim
Eu não sinto emoção e eu apenas continuo a esconder.
Eu me queimei muito, mas eu ainda brinco com fogo
As vezes a pura verdade é a qual eu não acredito.

Eu não posso dizer que você está caindo
Abra seus olhos se você quiser sobreviver
Eu quero te dizer que seu amor é uma mentira,
Mas eu não te direi, não direi.
Eu não posso me aprofundar muito nisso agora
I não posso admitir que eu sei o que sei
Eu quero te dizer que seu amor é uma mentira,
Mas eu não te direi, não direi.

É dificil ouvir através da estátistica denovo
Nunca é limpo até que a dor invada
Eu nunca te direi que estou vivendo uma mentira
Eu me sinto vivo nesta confusão
Eu me queimei muito, mas eu ainda brinco com fogo
As vezes a pura verdade é a qual eu não acredito.

Eu não posso dizer que você está caindo
Abra seus olhos se você quiser sobreviver
Eu quero te dizer que seu amor é uma mentira,
Mas eu não te direi, não direi.
Eu não posso me aprofundar muito nisso agora
I não posso admitir que eu sei o que sei
Eu quero te dizer que seu amor é uma mentira,
Mas eu não te direi, não direi.

Nunca me diga que estou caindo
Nunca me diga que eu não vou sobreviver
Nunca me diga que este amor é uma mentira
Por que Eu sou a mentira, Eu sou o mentiroso.

Eu não posso dizer que você está caindo
Abra seus olhos se você quiser sobreviver
Eu quero te dizer que seu amor é uma mentira,
Mas eu não te direi, não direi.
Eu não posso me aprofundar muito nisso agora
I não posso admitir que eu sei o que sei
Eu quero te dizer que seu amor é uma mentira,
Mas eu não te direi, não direi.
Eu não te direi
 
 

Caio Fernando Abreu - citação

A gente procura um amor que dure o mais possível. Procura, procura, talvez tu ache. Para mim é horrível eu aceitar o fato de que eu tô em disponibilidade afetiva. Esse espaço entre dois encontros pode esmagar completamente uma pessoa. Por isso eu acho que a gente se engana, às vezes. Aparece uma pessoa qualquer e então tu vai e inventa uma coisa que na realidade não é. E tu vai vivendo aquilo, porque não agüenta o fato de estar sozinho.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Virgínia Woolf - Rumo ao farol (frag.)

pois havia momentos em que não se podia nem pensar nem sentir.
E quando não se consegue nem pensar nem sentir ..
- onde se está?


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Edgar Allan Poe - MORELA

ERA COM SENTIMENTOS de profunda embora singularíssima afeição que eu encarava minha amiga Morela. Levado a conhecê-la por acaso, há muitos anos, minha alma, desde nosso primeiro encontro ardeu em chamas que nunca antes conhecera; não eram, porém as chamas de Eros, e foi amarga e atormentadora para meu espírito a convicção crescente de que eu não podia, de modo algum, ouvidar de sua incomum significação, ou regular- lhe a vaga intensidade. Conhecem-nos, porém, e o destino conduziu-nos juntos ao altar; mas nunca falei de paixão ou pensei em amor. Ela, contudo, evitava companhias e,ligando-se só a mim, fazia-me feliz. Maravilhar-se é uma felicidade; e é uma felicidade sonhar.

A erudição de Morela era profunda. Asseguro que seus talentos não eram de ordem comum, sua força de espírito era gigantesca. Senti-a e, em muitos assuntos, tornei-me seu aluno. Logo, porque verifiquei que, talvez por causa de sua educação, feita em Presburgo, ela me apresentava numerosos desses escritos místicos que usualmente são considerados como o simples sedimento da primitiva literatura germânica. Por motivos que eu não podia imaginar eram essas obras o seu estudo favorito e constante. E o fato que, com o correr do tempo, se tornassem elas também o meu pode ser atribuído à simples mas eficaz influência do costume do exemplo.

Em tudo isso, se não me engano, minha razão tinha pouco a fazer. Minhas convicções, ou me desconheço, de modo algum eram conformes a um ideal, nem se podia descobrir qualquer tintura das coisas místicas que eu lia, a menos que esteja grandemente enganado nos meus atos ou nos meus pensamentos.

Persuadido disso , abandonei-me implicitamente à direção de minha esposa e penetrei, de coração resoluto, no labirinto de seus estudos então... então, quando, mergulhado nas páginas nefastas senti um espírito nefasto acender-se dentro de mim. Morela colocava a mão fria sobre a minha e extraía das cinzas de uma filosofia morta algumas palavras profundas e singulares, cujo estranho sentido as gravava a fogo em minha memória.

« Santa Maria! Volve o teu olhar tão belo, de lá dos altos céus, do teu trono sagrado, para a prece fervente e para o amor singelo que te oferta, da terra, o filho do pecado. Se é manhã, meio-dia, ou sombrio poente, meu hino em teu louvor tens ouvido, Maria! Sê, pois, comigo, ó Mãe de Deus, eternamente, quer no bem ou no mal, na dor ou na alegria! No tempo que passou, veloz, brilhante, quando nunca nuvem qualquer meu céu escureceu, temeste que me fosse a inconstância empolgando e guiaste minha alma a ti para o que é teu. Hoje, que o temporal do destino ao passado e sobre o meu presente espessas sombras lança, fulgure ao menos meu Futuro, iluminado por ti, pelo que é teu, na mais doce esperança! »

E então, hora após hora, eu me estendia a seu lado, imergindo-me na música de sua voz, até que, afinal, essa melodia se maculasse de terror; então caía uma sombra sobre minha alma, eu empalidecia, tremia internamente àqueles sons que não eram da terra. Assim a alegria subitamente se desvanecia no horror e o mais belo se transformava no mais hediondo, como o Hinnon se transformou em Geena.

É necessário fixar o caráter exato dessas inquisições que, irrompendo dos volumes mencionados, formaram, por longo tempo, quase que único objeto de conversação entre mim e Morela . Mas os instruídos no que se pode denominar moralidade teológica facilmente o conceberão e os leigos, de qualquer modo, não o poderiam entender. O extravagante panteísmo de Fichte; a palingenésia modificada de Pitágoras; e, acima de tudo, as doutrinas de Identidade, como as impõe Schelling, eram esses geralmente os assuntos de discussão que mais beleza apresentavam à imaginativa Morela .

Aquela identidade que se chama pessoal, Locke, penso, define-a com realismo, como consistindo na conservação do ser racional. E que por pessoa compreendemos uma essência inteligente dotada de razão, e desde que há uma consciência que sempre acompanha o pensamento, é ela que nos faz, a todos, sermos o que chamamos nós mesmos, distinguindo-nos por isso de outros pensamentos e dando-nos nossa identidade pessoal. Mas o indivíduationis, a noção daquela identidade que, com a morte está ou não perdida para sempre, foi para mim, em todos os tempo questão de intenso interesse, não só por causa da natureza embaraçosa e excitante de suas conseqüências como pela maneira acentuada e agitada com que Morela as mencionava.

Na verdade, porém, chegara o tempo em que o mistério da conduta de minha esposa me oprimia como um encantamento. Eu não podia suportar mais o contato de seus dedos lívidos, nem o grave de sua fala musical, nem o brilho de seus olhos melancólicos. E ela sabia de tudo isso, porém não me repreendia; consciente de minha fraqueza ou de minha loucura, e, a sorrir chamava-a Destino.

Parecia também consciente de uma causa, para mim ignota, do crescente alheamento de minha amizade; me dava sinal ou mostra da natureza disso. Era, contudo, mulher e fenecia dia a dia. Por fim, uma rubra mancha se fixou, firmemente, na sua face e as veias azuis de sua fronte pálida se tornaram proeminentes; por instantes minha natureza se fundia em piedade mas, a seguir, meu olhar encontrava o brilho de seus olhos significativos e minha alma enfermava e entontecia, com a vertigem de quem olhasse para dentro de qualquer horrível e insondável abismo.

Poderei dizer então que ansiava, com desejo intenso e devorador pelo momento da morte de Morela ? Ansiei; mas o frágil espírito agarrou-se à sua mansão de argila por muitos dias, por muitas semanas, por meses penosos, até que meus nervos torturados obtiveram domínio sobre meu cérebro e me tornei furioso com a com demora e com o coração de um inimigo, amaldiçoei os dias, as horas e os amargos momentos que pareciam ampliar-se cada vez mais, à medida que sua delicada vida declinava como as sombras ao do morrer do dia.

Numa tarde de outono, porém, quando os ventos silenciavam nos céus, Morela chamou me a seu leito. Sombria névoa cobria a terra e um resplendor ardia sobre as águas e entre as bastas folhas de outubro na floresta, como se um arco-íris tivesse caído do firmamento.

- Este é o dia dos dias - disse ela, quando me aproximei. O mais belo dos dias para viver ou para morrer. É um belo dia para os filhos da terra e da vida... ah, e mais belo ainda para as do céu e da morte!

Beijei-lhe a fronte, e ela continuou: - Vou morrer e, no entanto, viverei. - Morela !
- Jamais existiram esses dias em que podias amar-me …mas aquela a quem na vida
aborreceste, depois de morta a adorarás.
- Morela !

- Repito que vou morrer. Mas dentro de mim há um penhor desta afeição - ah, quão pequena! - que deveste sentir por mim, Morela . E quando meu espírito partir, a criança viverá - teu filho e meu filho, o filho de Morela. Mas os teus dias serão dias de pesar, que é a mais duradoura das impressões, do mesmo modo que o cipreste é a mais resistente das árvores. Porque as horas da tua felicidade passaram e alegria não se colhe duas vezes numa vida, como as rosas de Paesturo duas vezes num ano. Não jogarás mais, com o tempo o jogo do homem de Teos, mas, não conhecendo o mirto e a vinha, levarás contigo, por toda parte, a tua mortalha como o muçulmano a sua em Meca.
- Morela! - exclamei. Morela ! como sabes disto?

Ela, porém, voltou o rosto sobre o travesseiro. Leve tremor agitou-lhe os membros e assim ela morreu, não mais ouvindo eu a sua voz. Entretanto, como o predissera ela, seu filho, a quem, ao morrer, dera a vida, que só respirou quando a mãe deixou de respirar, seu filho, uma menina, sobreviveu. E, estranhamente, cresceu em estatura e inteligência, vindo a tornar-se a semelhança perfeita daquela que se fora. E eu a amava com um amor mais fervoroso acreditava fosse possível sentir por qualquer criatura terrestre.

Mas dentro em pouco o céu dessa pura afeição se enegreceu e melancolia, o horror, e a angústia nele se acastelaram como nuvens. Disse que a criança crescia, estranhamente, em estatura e inteligência. Estranho na verdade, foi o rápido crescimento de seu tamanho corporal, mas terríveis, oh!, terríveis eram os tumultuosos pensamentos que sobre mim se amontoaram, enquanto observava o desenvolvimento de sua mentalidade. Poderia ser de outra forma, diariamente, descobria eu nas concepções da criança as energias adultas e as faculdades da mulher? quando as lições da experiência brotavam dos lábios da infância? e quando eu via a sabedoria ou as paixões da maturidade cintilarem a cada instante nos olhos grandes e meditativos? Quando, repito, quando tudo se tornou evidente aos meus sentidos aterrados, quando não o pude ocultar à minha alma nem repeli-lo dessas percepções, tremiam ao recebê-lo, há de que admirar-se que suspeitas de natureza terrível e excitante se introduzissem no meu espírito, ou que meus pensamentos se tenham reportado, com horror, às estórias espantosas e às arrepiantes teorias da falecida Morela?

Arranquei à curiosidade do mundo uma criatura a quem o destino me compeliu a adorar e, na rigorosa reclusão de meu lar, velava com agoniante ansiedade tudo quanto concernia à bem-amada.
E enquanto rolavam os anos e eu contemplava, dia a dia, o seu rosto santo, suave e eloqüente, e estudava-lhe as formas maturescentes, dia após dia descobria novos pontos

de semelhança entre a criança e sua mãe, a melancólica e a morta. E a todo instante se tornavam mais negras aquelas sombras de semelhança e mais completas, mais definidas, mais inquietantes e mais terrivelmente espantosas no seu aspecto. Porque não podia deixar de admitir que o sorriso era igual ao de sua mãe; mas essa identidade demasiado feita fazia-me estremecer; não podia deixar de tolerar que seus olhos fossem como os de Morela ; mas eles também penetravam vezes nas profundezas de minha alma com a mesma intensa e desnorteante expressividade dos de Morela . E no contorno de sua fronte elevada, nos cachos de seu cabelo sedoso, nos seus dedos pálidos que nele mergulhavam, no timbre musical e triste de sua fala e sobretudo oh! acima de tudo, nas frases e expressões da morta sobre os lábios da amada e da viva, encontrava eu alimento, um pensamento horrendo e devorador - para um verme que não queria morrer.

Assim se passaram dois lustros de sua vida, e, contudo, permanecia minha filha sem nome sobre a terra. "Minha filha" e “meu amor" eram os apelativos usualmente ditados por minha afeição de pai, e a severa reclusão de sua vida impedia qualquer outra relação.

O nome de Morela acompanhara-a na morte. Da mãe falara à filha; era impossível falar. De fato, durante o breve de sua existência, não recebera esta última impressões do mundo exterior, exceto as que lhe puderam ser proporcionadas pelos estreitos limites de seu retiro. Mas afinal a cerimônia do batismo sentou-se a meu espírito, naquele estado de agitação e enervamento como uma libertação imediata dos terrores do meu destino. E na fonte batismal hesitei na escolha de um nome. E numerosas denominações de sabedoria e de beleza, de tempos antigos e modernos, de minha e de terras estrangeiras, vieram amontoar-se nos meus com outras tantas lindas denominações, de nobreza, de ventura, de bondade. Quem me impeliu então a perturbar a memória da sepultada? Que demônio me incitou a suspirar aquele som e simples lembrança sempre fazia fluir, em torrentes, o sangue das fontes do coração? Que espírito maligno falou dos recessos minha alma quando, entre aquelas sombrias naves e no silêncio da noite, eu sussurrei aos ouvidos do santo homem as sílabas "Morela? Quem, senão o demônio, convulsionou as feições de minha filha e sobre elas espalhou tons de morte, quando, estremecendo ao aquele som quase inaudível, volveu os olhos límpidos da terra para o céu e, caindo prostrada sobre as negras lajes de nosso soléu de família, respondeu: "Estou aqui!"?

Distinta, fria e calmamente precisos, esses tão poucos e tão simples sons penetraram-me nos ouvidos e, depois, como chumbo retido, rolaram, sibilantes, dentro do meu cérebro. Anos e anos podem-se passar, mas a lembrança daquela época, nunca. Desconhecia eu de fato as flores e a vinha, mas o acônito e o cipreste ensombraram-me noite e dia. E não guardei memória de tempo ou de lugar, e as estrelas da minha sorte sumiram do céu e desde então a terra se tornou tenebrosa e suas figuras passaram perto de mim como sombras esvoaçantes, e entre elas só uma vislumbrava: Morela . Os ventos do firmamento somente um nome murmuravam aos meus ouvidos e o marulho das ondas sussurra "Morela!" Ela, porém, morreu e com minhas próprias mãos levei-a ao túmulo. E ri, uma risada longa e amarga, quando não achei traços da primeira Morela no sepulcro em que depositei a segunda.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

J.R.R.Tolkien - As Aventuras de Tom Bombadil (frag.)

Até que finalmente, um único caminho lhe sobrava:
tomou e retornou, de volta ao lar,
com sua colmeia, para enfim lembrar
a sua mensagem e sua missão também
Em sua intrepidez e fascinação pela glória
tudo havia esquecido, enquanto viajando
e excursionava, como um andarilho.
Assim, terá de partir de novo agora:
pôr outra vez em marcha sua gôndola,
sendo assim para sempre um mensageiro,
um passageiro, atrasado sempre,
tão vadio quanto uma pluma no ar,
um marinheiro carregado pelos ventos"

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O Senhor dos Anéis: As duas torres - Canção élfica sobre os Ents e as Entesposas

Ent:
Se a Primavera enfolha a faia e a seiva os galhos banha,
Se a luz se espelha no regato e há vento na montanha,
Se o passo é largo, duro o esforço e frio corta o ar
Volta pra mim! Volta pra mim! Diz que é belo este lugar!

Entesposa:
Se a Primavera ao campo chega e o trigo está na espiga,
Se branca a flor qual neve brilha e no pomar se abriga,
Se em chuva e sol por sobre a terra perfume há no ar,
Eu fico aqui, não volto não, é belo o meu lugar.

Ent:
Se for Verão por sobre a terra e à tarde a luz dourada
Mil sonhos verdes derramar nas folhas enlaçadas;
Se verde e fresco for o bosque e o vento for bem-vindo,
Volta pra mim! Volta pra mim! Diz que aqui tudo é mais lindo!

Entesposa:
Se for Verão e no calor a fruta escurecer,
Se a palha é seca, e a espiga branca na hora de colher;
Se pinga o mel, cresce a maçã ao vento que é bem-vindo,
Eu fico aqui, à luz do sol, pois isso é bem mais lindo!

Ent:
Se for Inverno, o duro Inverno que mata e campo Cinvade,
Se a noite escura o dia sem sol devora sem piedade,
Se o Vento Leste for mortal, então na chuva fria
Vou procurar-te, vou chamar-te, eu volto nesse dia.

Entesposa:
Se for Inverno sem canções, se a treva enfim vier,
Quebrando já o inútil galho, se a luz já não houver,
Vou procurar-te e esperar-te, até seguir um dia
Comigo pela estrada afora sob a chuva fria!

Ambos:
E juntos para o oeste vamos nos encaminhar
E longe, longe encontraremos onde descansar.


domingo, 2 de janeiro de 2011

Clarice Lispector - citação (Felicidade Clandestina)

Às vezes, quando vejo uma pessoa que nunca vi, e tenho algum tempo para observá-la, eu me encarno nela e assim dou um grande passo para conhecê-la. E essa intrusão numa pessoa, qualquer que seja ela, nunca termina pela sua própria acusação: ao nela me encarnar, compreendo-lhe os motivos e perdôo. Preciso é prestar atenção para não encarnar numa vida perigosa e atraente, e que por isso mesmo eu não queira o retorno a mim mesmo.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Caio Fernando Abreu - citação

Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir. 
Que eu continue alerta. 
Que, se necessário, eu possa ter novamente o impulso do voo no momento exato. 
Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém. 
Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor. 
Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre.