sábado, 31 de março de 2012

Mafalda

quarta-feira, 28 de março de 2012

Virgínia Woolf - Mrs. Dalloway (fragmento)

Encarar a vida pela frente, sempre. 
Encarar a vida pela frente, e vê-la como ela é. 
Por fim, entendê-la e amá-la pelo que ela é. 
E depois deixá-la seguir. 
Sempre os anos entre nós, sempre os anos. 
Sempre o amor. 
Sempre a razão. 
Sempre o tempo. 
Sempre as horas.



















quarta-feira, 21 de março de 2012

Virgínia Woolf - As ondas (frag)

"Mas eu, parando, olhei a árvore, e, como via no outono as ramagens amarelas e rubras, um sedimento se formou; eu me formei; uma gota tombo; eu tombei - isto é, eu emergira de alguma experiência plena."








Fernando Pessoa - Aforismo

terça-feira, 20 de março de 2012

Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas

Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Charles Chaplin - Pensamos de Mais e Sentimos de Menos ( do Discurso final de «O Grande Ditador»)

Queremos todos ajudar-nos uns aos outros. Os seres humanos são assim. Queremos viver a felicidade dos outros e não a sua infelicidade. Não queremos odiar nem desprezar ninguém. Neste mundo há lugar para toda a gente. E a boa terra é rica e pode prover às necessidades de todos. 
O caminho da vida pode ser livre e belo, mas desviámo-nos do caminho. A cupidez envenenou a alma humana, ergueu no mundo barreiras de ódio, fez-nos marchar a passo de ganso para a desgraça e a carnificina. Descobrimos a velocidade, mas prendemo-nos demasiado a ela. A máquina que produz a abundância empobreceu-nos. A nossa ciência tornou-nos cínicos; a nossa inteligência, cruéis e impiedosos. Pensamos de mais e sentimos de menos. Precisamos mais de humanidade que de máquinas. Se temos necessidade de inteligência, temos ainda mais necessidade de bondade e doçura. Sem estas qualidades, a vida será violenta e tudo estará perdido.

O avião e a rádio aproximaram-nos. A própria natureza destes inventos é um apelo à fraternidade universal, à união de todos. Neste momento, a minha voz alcança milhões de pessoas através do mundo, milhões de homens sem esperança, de mulheres, de crianças, vítimas dum sistema que leva os homens a torturar e a prender pessoas inocentes. Àqueles que podem ouvir-me, digo: Não desesperem. A desgraça que nos oprime não provém senão da cupidez, do azedume dos homens que têm receio de ver a humanidade progredir. O ódio dos homens há-de passar, e os ditadores morrem, e o poder que tiraram ao povo, o povo retomá-lo-à. Enquanto os homens morrerem, a liberdade não perecerá.  

quarta-feira, 14 de março de 2012

T.S.Eliot - A Aprendizagem da Apreciação da Poesia

Pode-se dizer que toda a poesia parte das emoções experimentadas pelos seres humanos nas relações consigo próprios, uns com os outros, com entes divinos e com o mundo à sua volta; por isso, ocupa-se também do pensamento e da acção que a emoção provoca, e de que a emoção resulta. Todavia, por mais primitiva que seja a fase de expressão e de apreciação, a função da poesia nunca pode ser unicamente despertar estas mesmas emoções no auditório do poeta. 
Na poesia mais primitiva, ou na fruição mais rudimentar da poesia, a atenção do ouvinte dirige-se para o assunto; o efeito da arte poética sente-se sem o ouvinte estar totalmente cônscio desta arte. Com o desenvolvimento da consciência da linguagem há outra fase em que o ouvinte, que pode nessa altura ter-se transformado no leitor, está consciente de um duplo interesse numa história por si própria e no modo como é contada: isto é, torna-se consciente do estilo. Então podemos sentir deleite na discriminação entre os modos como diferentes poetas tratarão o mesmo assunto; uma apreciação que não é simplesmente de melhor ou pior, mas de diferenças entre estilos que são igualmente admirados. Numa terceira fase de desenvolvimento, o assunto pode recuar para último plano: em vez de ser o propósito do poema, torna-se simplesmente um meio necessário para a realização do poema. Nessa fase, o leitor ou o ouvinte pode tornar-se quase tão indiferente ao assunto como o ouvinte primitivo era indiferente ao estilo. Uma completa inconsciência ou indiferença ao estilo no início ou ao assunto no fim levar-nos-ia, contudo, totalmente para fora dos limites da poesia: porque uma completa inconsciência de qualquer coisa excepto do assunto quereria dizer que, para esse ouvinte, a poesia ainda não aparecera; uma completa inconsciência de qualquer coisa excepto do estilo, quereria dizer que a poesia desaparecera.  

segunda-feira, 5 de março de 2012

Machado de Assis - Dom Casmurro (frag)

"O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo."

Mafalda

quinta-feira, 1 de março de 2012

Uma chave jogada ao chão...
quem sabe que porta ela abriria.
Um homem estirado ao chão...
quem sabe que portas abriria
se lhe houvesse opção.


J.A.Cabral 03.12
















fonte da foto: http://mylittlecaleidoscope.blogspot.com/2011/10/poemas-chave.html