segunda-feira, 31 de maio de 2010

Antero de Quental - Do inglês de Edgar Poe (frag.)

Um suspiro... uma prece...
Leva-os o vento pela noite escura!
       Sonho!... um sonho que esquece!
Mas não se esquece o sonho da Ventura!
Que fantasma nos brada - avante! avante!
       Esquecer! esquecer! - ?
       O coração não quer!
Não quer... não pode... luta vacilante! 
Onde teve seu ninho e seu amor,
Aí há-de ficar, sombrio, incerto 
Há-de ficar, pairar no céu deserto,
      Ave eterna de dor!

      - Nunca mais! nunca mais!
Que diz a onda à praia? há um destino
Triste, partido, em seu gemer divino,
E um mistério infeliz naqueles ais!
      - Nunca mais! nunca mais!
E o coração que diz às mortas flores
      Do seu jardim d'amores?
      Como a onda - jamais!
Se eu pudesse sonhar? Ah! posso ainda
       Sonhar... se for contigo!
Sempre! sempre a meu lado, imagem linda...
A noite é longa... vem falar comigo!
       Estende os teus cabelos...
O céu da tua Itália, não, não brilha
Como brilham meus sonhos, vagos, belos,
Se me falas à noite em sonhos, filha!

Levaram-te! levou-te a onda dos mares!
      A asa da águia! o vento!
Geme cativa - chora sem alento,
Pomba d'amor, saudosa dos teus lares!
Teu ninho agora é triste, glacial...
      Um leito conjugal!
Antes a terra escura, pobre escrava,
Aonde - sob a abóbada sombria -
Tua alma os vôos livres estendia...
       E o coração amava!

W.B.Yeats - Quando a velhice chegar

Quando a velhice chegar, grisalha e sonolenta,
A cabeça movendo-se,  ao pé da lareira, pegue este livro
Leia-o sem pressa, e sonhe com o doce olhar de outrora
E sonhe com suas sombras profundas.

Quantos lhe amaram o tempo de viço e alegrias
Quantos lhe amaram a beleza com sinceridade, ou não.
Um homem, porém, sua alma peregrina  amou, sim,
E amou ainda as tristezas de sua face mutável.

Inclinando-se, junto às grades em brasas
Sussurra algo triste: o amor se foi e
Atravessou as montanhas bem distantes
E ela, entre miríades de estrelas, dele ocultou a face.


domingo, 30 de maio de 2010

Santa Joana D'arc

Heroína francesa (Domrémy, 6-I-1412 - Rouen, 3O-V-1431). Era uma simples aldeã, filha de camponeses, que se dizia inspirada por Deus para realizar a grande empresa de expulsar os ingleses que ocupavam a maior parte do território de sua pátria. Aos catorze anos passou a ouvir vozes celestiais, acreditando que o arcanjo São Miguel, além de santa Catarina e santa Margarida, com ela confabulavam. Suas numerosas visões indicavam-lhe a missão que veio a realizar. Quando as lutas entre franceses e ingleses se aproximaram do Barrois, a exaltação da camponesa tornou-se mais intensa, e não pôde retardar por mais tempo o cumprimento das ordens sobrenaturais.


Partiu de sua aldeia e obteve de Robert de Baudricourt, capitão da guarnição de Vaucouleurs, uma escolta para guiá-la até Chinon, onde se achava Carlos VII, rei de França, então escarnecido como 'rei de Bourges', pelo seu reduzido domínio territorial. O país estava quase todo nas mãos dos ingleses. Os borguinhões, seus aliados, com a cumplicidade de Isabel da Baviera, entregaram a nação ao domínio britânico, pelo tratado de Troyes. Inspirada por extraordinário patriotismo, procurou Joana o rei Carlos Vll e comunicou-lhe a insólita missão que recebera de Deus. Nesse encontro de março de 1428, assombrou a todos a segurança com que se dirigiu ao rei, que lhe entregou o comando de um pequeno exército, para socorrer Orléans, então sitiada pelos ingleses. A caminho, diante da atitude heróica da humilde camponesa, as tropas se avolumaram.

Chegando a Orléans, Joana intimou o inimigo a render-se. O entusiasmo dos combatentes franceses, estimulado pela estranha figura da aldeã-soldado, fez com que os ingleses levantassem o sítio da cidade. Em lembrança desse feito glorioso Joana d'Arc foi cognominada a 'Virgem de Orléans' (Pucelle d'Orléans). O êxito aumentou o prestígio da camponesa, inclusive entre o exército inimigo, e despertou a crença em seu poder sobrenatural. Realmente a coragem dessa heroína realizou o desejado milagre: ergueu o espírito abatido da França. Um sopro cívico perpassou pela nação. Nova missão, porém, ambicionava Joana d'Arc: levar o rei Carlos VII para ser sagrado na catedral de Reims, como era tradição na realeza francesa. A sagração ocorreu a S-V- 1429. Na tentativa que se seguiu, de retomada de Paris, a heroína foi ferida. O sangue derramado aumentou o patriotismo de seus conterrâneos. Caberia, contudo, a Joana d'Arc a palma do martírio. No ataque que empreendeu a Complègne, em maio de 1430, foi aprisionada pelos borguinhões.

Nem estes nem os ingleses quiseram executá-la sumariamente, como poderiam ter feito. Seu plano era privá-la da auréola de santa, obtendo sua condenação num tribunal espiritual. No jogo de interesses políticos que envolveu sua figura de heroína, Joana d'Arc não encontrou nenhum apoio por parte do rei. Em 14 de junho o bispo Pierre Cauchon surgiu no acampamento de Jean de Luxemburgo, onde se encontrava a prisioneira. Ambicioso e desejando obter o bispado de Rouen, então vago, Cauchon faria tudo para agradar aos donos do poder. Joana foi vendida aos ingleses. No processo que se seguiu, e em que Cauchon foi um dos Juízes, Joana foi condenada à prisão perpétua, 'ao pão da dor e à água da agonia', fórmula empregada para entregá-la à justiça leiga. Sentenciada a ser queimada viva como relapsa, foi supliciada publicamente na praça do Mercado Velho, em Rouen. O sacrifico da heroína despertou novas energias no povo francês. Carlos VII, expulsando finalmente os ingleses de Calais, foi chamado o Vitorioso. A figura de Joana foi celebrada em centenas de obras de arte e muitas obras literárias. A Igreja canonizou-a por ato do papa Bento V, em 1920.

sábado, 29 de maio de 2010

Fernando Pessoa - Tudo que amei

Tudo que amei, se é que o amei, ignoro,
E é como a infância de outro. Já não sei
Se o choro, se suponho só que o choro,
Se o choro por supor que o chorarei.

Das lágrimas sei eu.. Essas são quentes
Nos olhos cheios de um olhar perdido...
Mas nisso tudo são-me indiferentes
As causas vagas deste mal sentido.

E choro, choro, na sinceridade
De quem chora sentindo-se chorar.
Mas se choro a mentir ou a verdade,
Continuarei, chorando, a ignorar.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Aforismo - Anônimo

"Tudo que é bom dura o tempo necessário para ser inesquecível"

Within Temptation - Somewhere(tradução)

Perdido na escuridão
Esperando por um sinal
Ao invés disso só há silêncio
Você não pode ouvir meus gritos?
Nunca pare esperando
Preciso saber onde você está
Mas uma coisa é certa
Você está sempre no meu coração

Eu te encontrarei em algum lugar
Eu continuarei tentando
Até o dia da minha morte
Eu só preciso saber
O que quer que tenha acontecido
A verdade libertará minha alma

Perdido na escuridão
Tente encontrar seu caminho de casa
Eu quero te abraçar
E nunca deixar você ir
Quase espero que você esteja no paraíso
Assim ninguém pode ferir sua alma
Vivendo em agonia
Porque eu não sei
Onde você está

Eu te encontrarei em algum lugar
Eu continuarei tentando
Até o dia da minha morte
Eu só preciso saber
O que quer que tenha acontecido
A verdade libertará minha alma

Onde quer que você esteja, não vou parar de procurar
Seja o que for necessário, eu preciso saber.

Eu te encontrarei em algum lugar
Eu continuarei tentando
Até o dia da minha morte
Eu só preciso saber
O que quer que tenha acontecido
A verdade libertará minha alma
 

Aforismo - Anônimo

"Lembrança é mais que nostalgia, é uma forma de viver um momento eternamente"


Agua de Annique - Beautiful One(tradução)

Bonito
Seu cabelo brilha no sol
Eu queria nunca ter partido

O vento entrelaça nossos cabelos
Nossas palavras são levadas pelo ar
Eu queria nunca ter partido

Seu rosto brilha nos meus olhos
Nosso último olhar antes de nosso adeus
Eu queria nunca ter partido

Bonito
Você brilha como o sol
Eu queria nunca ter partido
Antes de ter dito
Você é único
Você é único

Seu sol vai ir e vir
Mas sua beleza vai manter seu calor
Eu queria que seus raios brilhassem sobre mim
Continuassem me preenchendo com sua beleza
Eu queria nunca ter partido
Eu queria nunca ter partido

Aforismo - Osmar Barbosa

"Saudade mata, é verdade,
Mas desta morte me esquivo.
Como morrer de saudade
Se de saudade é que vivo?"

terça-feira, 25 de maio de 2010

Douglas Adams em “O Guia do Mochileiro das Galáxias“:

“A toalha é um dos objetos mais úteis para um mochileiro interestelar. Em parte devido a seu valor prático: você pode usar a toalha como agasalho quando atravessar as frias luas de Beta de Jagla; pode deitar-se sobre ela nas reluzentes praias de areia marmórea de Santragino V, respirando os inebriantes vapores marítimos; você pode dormir debaixo dela sob as estrelas que brilham avermelhadas no mundo desértico de Kakrafoon;
Pode usá-la como vela para descer numa minijangada as águas lentas do rio Moth;
Pode umedecê-la e utilizá-la para lutar em combate corpo a corpo; enrolá-la em torno da cabeça para proteger-se de emanações tóxicas ou para evitar o olhar da Terrível Besta Voraz de Traal (um animal estonteantemente burro, que acha que, se você não pode vê-lo, ele também não pode ver você – estúpido feito uma anta, mas muito, muito voraz);
Você pode agitar a toalha em situações de emergência para pedir socorro;
E naturalmente pode usá-la para enxugar-se com ela se ainda estiver razoavelmente limpa.
Porém o mais importante é o imenso valor psicológico da toalha. Por algum motivo, quando um estrito (isto é, um não-mochileiro) descobre que um mochileiro tem uma toalha, ele automaticamente conclui que ele tem também escova de dentes, esponja, sabonete, lata de biscoitos, garrafinha de aguardente, bússola, mapa, barbante, repelente, capa de chuva, traje espacial, etc., etc
Além disso, o estrito terá prazer em emprestar ao mochileiro qualquer um desses objetos, ou muitos outros, que o mochileiro por acaso tenha “acidentalmente perdido”. O que o estrito vai pensar é que, se um sujeito é capaz de rodar por toda a Galáxia, acampar, pedir carona, lutar contra terríveis obstáculos, dar a volta por cima e ainda assim saber onde está sua toalha, esse sujeito claramente merece respeito.”

domingo, 23 de maio de 2010

Oscar Wilde - Aforismo

A vida é muito importante para ser levada a sério.

Fernando Pessoa - Sábio é Quem Monotoniza a Existência (in "Livro do Desassossego")

Sábio é quem monotoniza a existência, pois então cada pequeno incidente tem um privilégio de maravilha. O caçador de leões não tem aventura para além do terceiro leão. Para o meu cozinhiero monótono uma cena de bofetadas na rua tem sempre qualquer coisa de apocalipse modesto. Quem nunca saiu de Lisboa viaja no infinito no carro até Benfica, e, se um dia vai a Sintra, sente que viajou até Marte. O viajante que percorreu toda a terra não encontra de cinco mil milhas em diante novidade, a velhice do eterno novo, mas o conceito abstracto de novidade ficou no mar com a segunda delas.

Saramago - Aforismo

Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela,
nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo.

Nietzsche - O Caminho da Felicidade (in "A Gaia Ciência")

Um sábio perguntava a um louco qual era o caminho da felicidade. O louco respondeu-lhe imediatamente, como alguém a quem se pergunta o caminho da cidade vizinha:
 - Admira-te a ti mesmo e vive na rua. «
 - Alto lá, exclamou o sábio, - pedes demais, basta já que nos admiremos!
 E o louco respondeu logo:
 - Mas como admirar sem cessar se não nos desprezarmos constantemente?

sábado, 22 de maio de 2010

Junior - Aforismo

O segredo da felicidade é o seguinte: deixar que os nossos interesses sejam tão amplos quanto possível, e deixar que as nossas reações em relação às coisas e às pessoas sejam tão amistosas quanto possam ser.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Alice através do espelho (frag.)

"Quando eu uso uma palavra" - disse Humpty Dumpty num tom de escarninho - ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique … nem mais nem menos.

"A questão - ponderou Alice – é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes."

"A questão - replicou Humpty Dumpty – é saber quem é que manda. É só isso."

Alice através do espelho (frag.)

"Vamos! Vamos! gritou a Rainha. Mais rápido! Mais rápido!

E correram tão depressa que por fim pareciam deslizar pelo ar, mal roçando o chão com os pés, até que de repente, bem quando Alice estava ficando completamente exausta, pararam, e ela se viu sentada no chão, esbaforida e tonta.

Alice olhou ao seu redor muito surpresa.

"Ora, eu diria que ficamos sob esta árvore o tempo todo!"

"Tudo está exatamente como era!"

"Claro que está, disse a Rainha, esperava outra coisa?"

Alice através do espelho (frag.)

“Ninguém está na estrada”, disse Alice.
“Ah se eu tivesse olhos assim”, o rei observou num tom irritado.
“Ser capaz de ver Ninguém! E, além disso, a uma tal distância!
Ora, o máximo que consigo com essa luz é ver pessoas de verdade!"

domingo, 16 de maio de 2010

Fernando Pessoa - Deslembro incertamente

Deslembro incertamente. Meu passado
Não sei quem o vive. Se eu mesmo fui,
Está confusamente deslembrado
E logo em mim enclausurado flui.
Não sei quem fui nem sou. Ignoro tudo.
Só há de meu o que me vê agora –
O campo verde, natural e mudo
Que um vento que não vejo vago aflora.
Sou tão parado em mim que nem o sinto.
Vejo, e onde o vale se ergue passa a encosta
Vai meu olhar seguindo o meu instinto
Como quem olha a mesa que está posta.

sábado, 15 de maio de 2010

Clarice Lispector - Aforismo

"De nada sei. Que se há de fazer com a verdade que todo mundo é um pouco triste e um pouco só".

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Nietzsche - A Sabedoria do Sofrimento(in "Gaia Ciência)

O sofrimento não tem menos sabedoria do que o prazer: tal como este, faz parte em elevado grau das forças que conservam a espécie. Porque se fosse de outra maneira há muito que esta teria desaparecido; o facto de ela fazer mal não é um argumento contra ela, é muito simplesmente a sua essência. Ouço nela a ordem do capitão: «Amainem as velas». O intrépido navegador homem deve treinar-se a dispor as suas de mil maneiras; de outro modo, não tardaria a desaparecer, o oceano havia de o engolir depressa. É preciso que saibamos viver também reduzindo a nossa energia; logo que o sofrimento dá o seu sinal, é chegado o momento; prepara-se um grande perigo, uma tempestade, e faremos bem em oferecer a menor «superfície» possível.
Há homens, contudo, que, quando se aproxima o grande sofrimento, ouvem a ordem contrária e nunca têm ar mais altivo, mais belicoso, mais feliz do que quando a borrasca chega, que digo eu! E a própria tempestade que lhes dá os seus mais altos momentos! São os homens heróicos, os grandes «pescadores da dor», esses raros, esses excepcionais de que é necessário fazer a mesma apologia que se faz para a própria dor! Não lha podemos recusar! São conservadores da espécie, estimulantes de primeira qualidade, quando mais não seja porque resistem ao bem-estar e não escondem o seu desprezo por essa espécie de felicidade.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Lord Byron - Aforismo

Só a mágoa deveria ser a instrutora dos sábios;
Tristeza é saber.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Oasis - I'm outta time(tradução)

Essa é uma canção
que me lembra de quando éramos jovens
Me lembra de tudo o que fizemos
Você precisa continuar seguindo em frente

Lá fora, no mar
É o único lugar em que eu consigo
parar pra pensar
Você sabe, está ficando difícil de voar

Se for pra eu fracassar,
Você estaria lá pra me aplaudir?
Ou você se esconderia atrás deles?
Porque se eu tiver que partir,
no meu coraçao você continuará
E é lá que você pertence
Se for pra eu fracassar,
Você estaria lá pra me aplaudir?
Ou você se esconderia atrás deles?
Porque se eu tiver que partir,
no meu coraçao você continuará
E é lá que você pertence

Estou ficando sem tempo
Acho que estou ficando sem tempo

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Caio Fernando Abreu – Frágil

Você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.

domingo, 9 de maio de 2010

Sirenia - Meridian(tradução)

A luz do dia enfeita sua força da vida que definha
com um longo rio perdido
que remenda toda sua angústia em sua fluência
Eu posso cumprir meu próprio funeral
no vosso espelho da alma santuária
para moldar cada noite num encanto

Tua aproximação lenta ao solo, ao mar e aos ventos em volta
para me assombrar nas colinas profundas quando a noite se fechar
Tua aproximação lenta da infernal correnteza e do rio
para assombrar meus sagrados campos e sonhos fora do caminho

Eu estou ficando louco
na sombra de vosso céu
Sem lua, nem sol
Apogeu prevalece em meu esquecimento

Venha comigo para caçar o sol dentro
Apogeu
Esta hora por toda parte nós dançamos
Nós somos os escolhidos

Tua aproximação lenta como as invisíveis visões não sonhadas
Para revelar nas profundezas da vida maligna
Tua aproximação lenta da minha mente maníaca além do horizonte
para extrair a míngua do sol sobre o apogeu
Tu és escuridão eterna
Tu és heresia eterna
Tu és dia e noite
Tu és chama dentro

Eu farei da minha miséria vossa melancolia

quinta-feira, 6 de maio de 2010

All I need

E quanto mais tempo passo com você,
mais eu preciso...
estar ao seu lado, sempre, para não enlouquecer
e não fugir ou desistir de tudo...

porque estou sempre caindo, caindo e caindo
num abismo onde a vida não tem mais sentido
e a única coisa que encontro é a Sombra
e o desejo de Morte que me toma conta...
por favor, nao me deixe sozinha nesse Escuro
deixe-me viver da Luz que há em você...

J.A.Cabral
05/10

Seis de maio

Não há espaço, não há tempo
ou saída qualquer, sei que virá
e me levará para longe,
sempre, sempre nesse vagar
num desespero, um lugar
onde as Sombrar me consomem
mais que fogo.

J.A.Cabral
05/10

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Manoel de Barros - O Livro das Ignorãnças (frag.)

No Tratado das Grandezas do Ínfimo estava
escrito:
Poesia é quando a tarde está competente para
Dálias.
É quando
Ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa
É quando um trevo assume a noite
E um sapo engole as auroras

sábado, 1 de maio de 2010

Carlos Drummond de Andrade - Aforismo

""Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo,
mas com tamanha intensidade, que se petrifica,
e nenhuma força jamais o resgata."