sábado, 30 de outubro de 2010

Assassinos da meia-noite

Assassinatos à meia-noite
Assassinos de meia-vida
São como a morte, sem a foice
São toda dor e agonia.

Quando sua matança começa
Para longe fuja - esconda-se!
Pois não há o que os impeça
De torturar e matar nesta noite.

Não espere deles clemência
Nem afirme sua inocência
Não terão piedade, só maldade
São a encarnação da crueldade.

E quando a matança termina
Só o que resta são corpos pelo chão
Pois diabólicas são as almas perdidas
Assassinas, que vagam pela escuridão.

J.A.Cabral 11/08










sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Draculea

Beba do doce cálice de meu sangue
vampiro maldito, trovador de infâmias!
Tu não pertences mais a humanidade,
crueldade é o que fazes de melhor,
e teu único prazer é espalhar horror.
Traga a mim a dor da morte imunda
os teus desejos maculando minha carne pura...
Volte tuas trevas para este triste espelho
quebrado - já não reflete coisa alguma,
volte seus olhos para meu desespero,
para o terror de todos os demônios,
dentro do meu coração descarnado.
Oh vampiro maldito, não me poupe a morte
sirva-se de mim, serva de estranha sorte,
que se entrega a ti, nesse insano amor.

J.A.Cabral 10/10









Gritos em Silêncio

grito sufocado na garganta. 
vontade de degolar a dor maldita. 
sangra, sangra e sangra. 
mas não, não vou morrer...


Fato que não ousaria 
revelar-te tal coisa, 
tal sentimento, tal vergonha. 
A brancura de teus sonhos 
permanecerá intacta 
e meus desejos insanos...


quem me dera coragem de contar-te!!
Ah quem me dera!! 
mas a vida me fez muda, 
logo que o coração calou-se 
diante da imensidão de tal amor...


e só de sombras 
de impossibilidades 
me sustento.
em trevas densas, 
desfazem minha vida 
em tão tristes tormentos


pensamentos aqueles,
da covarde que amou 
e não ousou se quer tocar-te
ou estender a mão,
num gesto ingênuo
para poder amar teus olhos
na eternidade.


J.A.Cabral 10/10








quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Opeth - Burden(Tradução)

Eu,certa vez
Carreguei um fardo dentro de mim
Alguns vão perguntar ,adeus?
Há uma linha quebrada, mas sublinhada
Há um oceano de tristeza em ti

Tristeza em mim

Vi movimento em seus olhos
Disse que eu já não sabia o caminho
Como um fantasma
Sua passagem se ocupa com seu medo
Em frente na sua espera por redenção

Esperando desvanecer
Desvanecer novamente

Se a morte me tomar agora
Conte meus erros e deixe-me
Com o sussurro em minha orelha
Tomando mais do que recebendo
E o oceano de tristeza é você

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Demon Hunter - My Heartstrings Come Undone (tradução)

Está enterrado dentro do passado, eu espero que isso não continue
(é algo que eu já cacei, eu já cacei)
Eu tento entregar tudo, mas isso nunca vai sumir
(é algo que eu não quero enfrentar, eu não quero enfrentar)
Eu sei que você sente que é tudo o mesmo, mas eu prometo que eu mudarei
(é algo que eu já cacei, eu já cacei)
Você sabe que eu estou tentando acreditar que você nunca irá embora
(é algo que eu não quero enfrentar, eu não quero enfrentar)

Não há nada mais! o medo se foi!

Quando os músculos de meu coração se desfizerem
Eu esperarei por você, orarei por você
Antes que eu faça minha última corrida
Eu ficarei com você, eu morrerei com você

Eu sei que eu não sou perfeito, a dor apenas começou
(é algo que eu já cacei, eu já cacei)
Você me leva a um caminho melhor, é tudo que eu pedi
(é algo que eu não quero enfrentar, eu não quero enfrentar)

Não há nada mais! o medo se foi
Não há nada mais! o medo se foi

Quando os músculos de meu coração se desfizerem
Eu esperarei por você, orarei por você
Antes que eu faça minha última corrida
Eu ficarei com você, eu morrerei com você

Se você sumir para fora sem mim, você sabe tudo sobre mim
se você sumir para fora sem mim, você sabe tudo...

Quando os músculos de meu coração se desfizerem
Eu esperarei por você, orarei por você
Antes que eu faça minha última corrida
Eu ficarei com você, eu morrerei com você
Quando os músculos de meu coração se desfizerem
Eu esperarei por você, orarei por você
Antes que eu faça minha última corrida
Eu ficarei com você, eu morrerei com você
 

sábado, 16 de outubro de 2010

Especial Oscar Wilde

Oscar Wilde - Biografia

Oscar Fingall O'Flahertie Wills Wilde nasceu em Dublin, Irlanda, em 16 de outubro de 1854. De pais sofisticados e ricos, estudou em Oxford onde, sob a influência de Matthew Arnold, John Ruskin e Walter Pater, liderou um movimento que combatia os filisteus da cultura e propunha um hedonismo extremado. Brilhou na sociedade londrina com seu talento verbal. Os trocadilhos e pilhérias que o tornaram famoso, não obstante, criticavam muitas vezes o próprio modo vitoriano de vida, marcado pelo apego às convenções.
Nos diversos gêneros que abordou, Wilde criou obras inesquecíveis, como The Happy Prince and Other Tales (1888; O príncipe feliz e outras histórias) e The Picture of Dorian Gray (1891; O retrato de Dorian Gray), este seu único romance e um de seus livros mais lidos. A poesia contida em Poems (1881; Poemas) apresenta alguns poemas isolados de força sugestiva e patética. Entretanto, não foi muito estimada pela crítica do século XX, que sempre lhe reprovou o sentimentalismo excessivo.
É opinião unânime que Wilde se expressou com maior desenvoltura como autor teatral, renovando a dramaturgia vitoriana com sua verve e seus paradoxos, cintilantes de agudeza e de concisão verbal. Um pouco à maneira das comédias do período da restauração, suas peças principais foram armas brandidas contra as convenções da "boa sociedade", expondo-lhe sem piedade a hipocrisia. Entre essas peças estão Lady Windermere's Fan (1893; O leque de Lady Windermere), A Woman of No Importance (1893; Uma mulher sem importância) e An Ideal Husband (1895; Um marido ideal). Bem mais conhecida e ainda muito encenada é The Importance of Being Earnest (1895; A importância de ser sério), considerada sua obra-prima no gênero e cujo título original encerra um jogo de palavras entre earnest (sério) e Ernest (Ernesto).
Como ensaísta, Wilde publicou Intentions (1895; Intenções). Em francês, escreveu o drama poético Salomé (1893), transformado por Richard Strauss em ópera (1905). De seus dias de prisão brotaram The Ballad of the Reading Gaol (1898; A balada do cárcere de Reading) e o depoimento em prosa De profundis (1905), longa carta de recriminações a Lord Alfred Douglas, seu ex-amante e causa de toda sua desgraça. Oscar Wilde, libertado em 1897, deixou para sempre a Inglaterra e, em extrema pobreza, morreu em Paris em 30 de novembro de 1900.

©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.










Oscar Wilde - O retrato de Dorian Gray (Prefácio )

















O ARTISTA é o criador de coisas belas.
Revelar a arte e ocultar o artista é a finalidade da arte.

O crítico é aquele que pode traduzir, de um modo diferente ou por um novo processo, a sua impressão das coisas belas.
A mais elevada, como a mais baixa, das formas de crítica é uma espécie de autobiografia.
Os que encontram significação feias em coisas belas, são corruptos sem ser encantadores. Isto é um defeito.
Os que encontram belas significação em coisas belas são cultos. Para estes há esperança.
Existem os eleitos para os quais as coisas belas significam unicamente Beleza.
Um livro não é, de modo algum, moral ou imoral. Os livros são bem ou mal escritos. Eis tudo.
A aversão do séc. XIX ao Realismo é a cólica de Calibã por ver seu rosto num espelho.
A aversão do século XIX ao Romantismo é a cólera de Calibã por não ver o seu rosto num espelho.
A vida moral do homem faz parte do tema para o artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito. O artista nada deseja provar. Até as coisas verdadeiras podem ser provadas.
Nenhum artista tem simpatias éticas. A simpatia ética num artista constituiu um maneirismo de estilo imperdoável.
O artista jamais é mórbido. O artista tudo pode exprimir. Pensamento e linguagem são para o artista instrumento de uma arte.
Vício e virtude são para o artista materiais para uma arte. Do ponto de vista da forma, o modelo de todas as artes é a do músico. Do ponto de vista do sentimento, é a profissão do ator.
Toda arte é ao mesmo tempo, superfície e símbolo.
Os que buscam sob a superfície, fazem-no por seu próprio risco.
Os que procuram decifrar o símbolo, correm também seu próprio risco.
Na realidade, a arte reflete o espectador e não a vida.
A divergência de opiniões sobre uma obra de arte indica que a obra é nova, complexa e vital.
Quando os críticos divergem, o artista está de acordo consigo mesmo.
Podemos perdoar a um homem por haver feito uma coisa útil, contanto que não a admire. A única desculpa de haver feito uma coisa inútil é admirá-la intensamente.
Toda a arte é completamente inútil.

Oscar Wilde - O retrato de Dorian Gray (frag.)

"Há poucos de nós quem, ás vezes, não acordamos antes da aurora, tanto depois de uma destas noites sem sonhos que fazem alguém quase se enamorar da morte ou uma destas noites de horror e alegria desfigurada, quando pelas câmaras do cérebro vagam fantasmas masi terríveis do que a própria realidade e aptos com aquela vívida vida que espreita em tudo o que é grotesco e que empresta à arte gótica sua resistente vitalidade, esta arte sendo, pode-se imaginar, especialmente a arte daquelas mentes que foram pertubardas com a doença da imaginação. Aos poucos, dedos brancos surgem pelas cortinas e parecem tremer. Fantásticas sombras negras espalham-se pelos cantos do quarto e se aninham lá. Do lado de fora, há o eriçar dos pássaros entre as folhasou o som dos homens indo para o trabalho, ou o suspiro e o soluço do vento descendo a colina e vagueando pela casa silenciosa, embora temendo despertar os que dormem. Véu após véu de fina renda escurecida se ergue e, gradualmente, as formas e as cores das coisas lhes são devolvidas, e observamos a aurora refazer o mundo em seu padrão antigo. Os cansados espelhos retornam à sua vida de imitação. Os castiçais sem chama ficam onde os deixamos e ao lado deles se deita o livro lido pela metade que estivemos estudando ou a flor com seu cabo que usamos no baile, ou a carta que tememos ler, ou que lemos com muita frequência. Nada nos parece alterado. Além das sombras irreais da noite, retorna a vida que conhecíamos. temos de retomá-la de onde paramos e lá nos domina um terrível sentimento de necessidade pela continuidade de energia na mesma volta cansativa de hábitos estereotipados ou uma louca ânsia, pode ser, que nossas pálpebras se abram em alguma manhã para um mundo que fora renovado para o nosso prazer, na escuridão, um mundo no qual as coisas teriam formas e cores novas, e ser alterado ou ter outros segredos, um mundo no qual o passado teria um lugar pequeno, se algum, ou sobrevive, de qualquer forma, em uma forma inconsciente de dívida ou lamento, a lembrança mesmo da alegria tendo seu amargor e as memórias de prazer, sua dor.

Oscar Wilde - Soneto à Liberdade

Não que eu ame teus filhos cujo olhar obtuso
Somente vê a própria e repugnante dor,
Cuja mente não sabe, ou quer saber, de nada
É que, com seu rugir, tuas Democracias,

Teus reinos de Terror e grandes Anarquias
Refletem meus afãs extremos como o mar,
Dando-me Liberdade! -à cólera uma irmã.
Minha alma circunspecta gosta de teus gritos

Confusos só por causa disso: do contrário,
Reis com sangrento açoite ou seus canhões traiçoeiros
Roubavam às nações seus sagrados direitos,

Deixando-me impassível e ainda, ainda assim,
Esses Cristos que morrem sobre as barricadas,
Deus sabe que os apóio ao menos parcialmente.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Keats - Ode a melancolia

Não, não te aproximes das águas do Letes, 
nem queiras recolher o vinho venenoso 
do acónito, cujas raízes estão entrelaçadas;
evita que tua fronte pálida se deixe beijar
pela beladona, as vermelhas bagas de Prosérpina;
não teças o teu rosário com as sementes dos ciprestes,
nem deixes que o escaravelho ou a borboleta nocturna
sejam a tua fúnebre Psique, ou que torne o mocho,
de penugem tão macia, o confidente da tua dor misteriosa
— porque, unida às outras sombras, uma sombra virá
cheia de torpor
e há-de extiguir, dentro da tua alma, uma angústia vigilante
Mas se, inesperado, o acesso da melancolia descer
do céu, como se fosse as lágrimas duma nuvem
que reanima as flores, cujas hastes tristemente pendiam,
e as verdes colinas oculta sob um véu primaveril,
então, deixa que se tranquilize a tua dor sobre uma rosa
matinal.
sobre o arco-íris que surge junto às vagas e à areia salgada
ou sobre o esplendor esférico das peónias;
ou se, cheia de delícia, aquela que tua amas se exalta<
pega na sua mão delicada, deixa que ela delire
e bebe nos seus incomparáveis olhos, longamente.
Com ela vive a beleza — que deve morrer,
e a alegria cuja mão se leva aos lábios
para dizer adeus; e, próximo, fica o doloroso prazer
que se transforma em veneno quando as abelhas dos lábios o
aspiram.
Sim, no interior do próprio templo da alegria
está o altar soberano da melancolia, coberta de véus,
apenas visível para aquele que consegue provar
as uvas da alegria, com um impetuoso e puro desejo;
mas o seu espírito depous há-de sentir amargamente
o poder que ela tem ao ficar entre seus troféus
nebulosos…

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tristania - Amnesia (tradução)

Eram palavras muito vagas
Desarmadas e desesperadas
Mas depois de todos seus clamores
Eram inflamáveis

Então você escorrega para o fogo
Estou vendo isso acontecer

Ajuda sincera
Desgraçada e desolada
Tão alterada e frágil
É tudo evidente

As palavras passam através
do imperdoável
Os olhos não podem esconder a dor
E ela ainda anseia
Se soltar

Definhando-se e definhando
É a última coisa que lembro
Encharque as brasas com seu combustível
Seu pavor é seu defensor

Fingindo seu amanhã
A vida é boa para o fingidor
Nossas preciosas lembranças
São quebradas e desmembradas

Vamos usar as mentiras que compartilhamos
Futuro perdido, verdade ou desafio

Então você escorregou para o fogo
Eu estava vendo isso acontecer

sábado, 9 de outubro de 2010

A curiosidade (Mitologia Nórdica)

" - A curiosidade é o que diferencia o homem superior do mediocre - dizia Odin a Loki, tentando instruí-lo.- Na verdade, há apenas duas clases de homens: os despertos e os adormecidos; os primeiros são aqueles que já acordaram do sono bruto da indiferença, no qual os outros ainda estão miseravelmente imersos. Um sono imbecilizante, que os faz crer que a vida se resume à meia dúzia de funções orgânicas, exceto a mais nobre: a de usar os seus próprios cérebros para criar algo de belo, que os torne felizes como um deus. E isto - arrematou Odin - somente alguém dotado de curiosidade pode fazer, ou seja, alguém desperto."

in: As melhores histórias da mitologia nórdica - A.S.Franchini/Carmen Seganfredo

Como Wotan ficou cego de um olho (Mitologia Nórdica)

" Wotan, divindade maior dos asgardianos, um dia sentiu a necessidade de se fazer sábio, pois como poderia ser o mais poderoso dos deuses sem dominar os segredos do sentimento e do pensamento? Então, Wotan, munindo-se de coragem, deixa Asgard, morada dos deuses,  e baixa até Jotuheim, a terra dos gigantes, onde pretende encontrar a cabeça do gigante Mimir ( ou "aquele que pensa"), que monta guarda à fonte da sabedoria. Wotan sabe que o gigante há de lhe cobrar um preço - sem dúvida demasiado alto! - por apenas um gole da água da fonte sagrada; mas não seria um deus se retrocedesse.Por isso, segue até estar diante da imensa cabeça, que fixa nele seus fulgurantes olhos: "Ó poderoso Wotan, que vem fazer aqui diante do grande espelho de minhas águas?", diz ele, com sua voz cava. O deus, sem perder a calma, responde: "Mimir, guardião da fonte que tem toda a sabedoria e bom-senso, eis que venho aqui em busca de um gole de tuas águas!" "Oh, quer se tornar sábio, então?", diz a grande cabeça arregalando os olhos. "Sim, Mimir, aspiro à sabedoria, sem a qual não serei jamais digno de ostentar o título de mais poderoso dos deuses!", retruca Wotan, disposto a tudo por um gole daquela água que rebrilha no leito, parecendo, ao mesmo tempo, mansa na superfície e revolta nas profundezas. Mimir, durante um longo tempo, reflete sobre a conveniência de lhe dar esta permissão, ao cabo do qual diz ao deus: "Está bem, ousada divindade!Beberá de minhas águas, mas apenas e tão somente um gole!;contudo, mesmo este gole haverá de lhe custar bem caro!" Wotan,que já esperava o repto, inclina-se respeitosamente:"Aceito o preço que você arbitrar, grande Mimir!" O gigante então lhe diz:"Quero, Wotan, um olho seu, nada menos que isto!" Wotan recua um pouco, mas sabe que, se Mimir pronunciou estas palavras, elas são, desde já, irrevogáveis. "Está bem", diz o deus, resignado a perder uma de suas vistas, "aceito o preço que me impõe!"Wotan tem assim um de seus olhos arrancado; um grande urro enche o universo.Logo depois, porém, vem o ambicionado prêmio: uma taça cheia  da cristalina água, que Wotan sorve com infinito deleite!"

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Augusto dos Anjos - MÁGOAS

Quando nasci, num mês de tantas flores,
Todas murcharam, tristes, langorosas,
Tristes fanaram redolentes rosas,
Morreram todas, todas sem olores.

Mais tarde da existência nos verdores
Da infância nunca tive as venturosas
Alegrias que passam bonançosas,
Oh! Minha infância nunca tive flores!

Volvendo ã quadra azul da mocidade,
Minh'alma levo aflita à Eternidade,
Quando a morte matar meus dissabores.

Cansado de chorar pelas estradas,
Exausto de pisar mágoas pisadas,
Hoje eu carrego a cruz de minhas dores!


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Especial Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe - Biografia

Edgar Allan Poe nasceu em Boston, no dia 19 de Janeiro de 1809. Seu avô David Poe participou da Guerra da Independência, e seu pai (também chamado David Poe) apaixonou-se pela atriz inglesa Elisabeth Arnold, casando-se com ela. Edgar Allan Poe teve dois irmãos e seus pais faleceram pouco tempo depois do nascimento de Rosalie, a filha mais nova do casal. Assim, Poe foi adotado pelo rico casal John Allan e Frances Keeling Allan.
Poe estudou em Londres na Stoke-Newington; algum tempo depois continuou seus estudos de volta a Richmond, na Universidade Charlotteville. Allan Poe, apesar de muito inteligente era também muito genioso. Era um jovem aventureiro, romântico, orgulhoso e idealista.
Poe continua seus estudos em Virgínia, mas acaba largando os estudos, em razão de suas dívidas, já que era um boêmio que vivia no luxo, se entregando à bebida, ao jogo e às mulheres. Mais tarde, ingressou no Exército dos Estados Unidos, onde permanece por dois anos.
Em 1829 sua mãe falece. Logo após, Poe alista-se na Academia Militar de West Point. Mas com o lançamento de uma compilação de poesias em 1831, desliga-se da Academia e corta relações com seu pai adotivo, devido ao casamento com outra mulher, o que teria deixado Poe muito contrariado.
Aos 22 anos, vivendo na miséria, publica Poemas. Já em Baltimore procura pelo irmão Willian e assiste a morte dele. Allan Poe passa a viver com uma tia muito pobre e viúva. Durante dois anos vive em miséria profunda. Mas vence dois concursos de poesias e o editor Thomaz White entrega-lhe a direção do "Southern Literary Messenger".
Em 1833 lança Uma aventura sem paralelo de um certo Hans Pfaal. Dirige a revista por dois anos. Allan Poe gozava de uma certa reputação com leitores assíduos. Depois de sua vida estabilizada, aos 27 anos casa-se com sua prima de 13 anos, Virgínia Clemn. No ano de 1838 trabalha na Button’s Gentleman Magazine na companhia de sua esposa. O casal vivera na Filadélfia, Nova York e Fordham. Em 1847, sofre com a morte de sua esposa vitimada pela tuberculose.
Em 1845, Allan Poe lança O CorvoEureka e Romance Cosmogônico lhe atribuem a fama necessária para provocar a censura da imprensa e da sociedade. Desiludido, volta para Richmore e depois vai para Nova York e entrega-se à bebida. Antes de seguir para a Filadélfia, resolve encontrar-se com velhos amigos. Na manhã seguinte, Poe é encontrado por um amigo em estado de profundo desespero, largado numa taberna sórdida, de onde o transportaram imediatamente para um hospital. Estava inconsciente e moribundo. Ali permaneceu, delirando e chamando repetidamente por um misterioso "Reynolds", até morrer, na manhã do domingo seguinte, aos 40 anos e deixando uma vasta obra em sua vida de sacrifícios e desordem. Era 7 de outubro de 1849, e os Estados Unidos perdiam um de seus maiores escritores. Até hoje não se sabe ao certo o que tenha acontecido naquela noite. Teria o autor, sido vítima da loucura que em tantos contos narrou? Muitos afirmam que tenha sido vítima de uma quadrilha que o envenenou, mas o mais certo é que tenha tido uma overdose de ópio.
Poe escreveu novelas, contos e poemas, exercendo larga influência em autores fundamentais como Baudelaire, Maupassant e Dostoievski. Mas admite-se que seu maior talento era em escrever contos. Escreveu contos de horror ou "gótico" e contos analíticos, policiais. Os contos de horror apresentam invariavelmente personagens doentias, obsessivas, fascinadas pela morte, vocacionadas para o crime, dominadas por maldições hereditárias, seres que oscilam entre a lucidez e a loucura, vivendo numa espécie de transe, como espectros assustadores de um terrível pesadelo. Entre os contos, destacam-se O gato pretoLigéiaCoração denunciador,A queda da casa de UsherO poço e o pênduloBerenice e O barril de amontillado. Os contos analíticos, de raciocínio ou policiais, entre os quais figuram os antológicos Assassinato de Maria RogetOs crimes da Rua Morgue e A carta roubada, ao contrário dos contos de horror, primam pela lógica rigorosa e pela dedução intelectual que permitem o desvendamento de crimes misteriosos.
Em seus contos, Poe se concentrava no terror psicológico, vindo do interior de seus personagens ao contrário dos demais autores que se concentravam no terror externo, no terror visual se valendo apenas de aspectos ambientais.
Geralmente, os personagens sofriam de um terror avassalador, fruto de suas próprias fobias e pesadelos, que quase sempre eram um retrato do próprio autor, que sempre teve sua vida regida por um cruel e terrível destino. Nenhum de seus contos é narrado em terceira pessoa, desse modo, vê-se como realmente é sempre "ele" que vê, que sente, que ouve e que vive o mais profundo e escandente terror. São relatos em que o delírio do personagem se mistura de tal maneira à realidade que não se consegue mais diferenciar se o perigo é concreto ou se trata apenas de ilusões produzidas por uma mente atormentada.
Em quase todos os contos, sempre há um mergulho, em certas profundezas da alma humana, em certos estados mórbidos da mente, em recônditos desvãos do subconsciente. Por esses aspectos a psicanálise lança-se ao estudo da obra de Poe, já que a mesma possui uma grande leva de exemplos que ilustram suas demonstrações. Independentemente desse aspecto, sua obra é lembrada pelo talento narrativo impressionante e impressivo, pela força criadora monumental e pela realização artística invejável, fazendo com que Edgar Allan Poe seja considerado um dos maiores autores de contos de terror.


Edgar Allan Poe - O Corvo (trad. Machado de Assis)

Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho,
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais."

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.

E o rumor triste, vago, brando
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido,
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto, e: "Com efeito,
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."

Minh'alma então sentiu-se forte;
Não mais vacilo e desta sorte
Falo: "Imploro de vós, — ou senhor ou senhora,
Me desculpeis tanta demora.
Mas como eu, precisando de descanso,
Já cochilava, e tão de manso e manso
Batestes, não fui logo, prestemente,
Certificar-me que aí estais."
Disse; a porta escancaro, acho a noite somente,
Somente a noite, e nada mais.

Com longo olhar escruto a sombra,
Que me amedronta, que me assombra,
E sonho o que nenhum mortal há já sonhado,
Mas o silêncio amplo e calado,
Calado fica; a quietação quieta;
Só tu, palavra única e dileta,
Lenora, tu, como um suspiro escasso,
Da minha triste boca sais;
E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço;
Foi isso apenas, nada mais.

Entro coa alma incendiada.
Logo depois outra pancada
Soa um pouco mais forte; eu, voltando-me a ela:
"Seguramente, há na janela
Alguma cousa que sussurra. Abramos,
Eia, fora o temor, eia, vejamos
A explicação do caso misterioso
Dessas duas pancadas tais.
Devolvamos a paz ao coração medroso,
Obra do vento e nada mais."

Abro a janela, e de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto,
Movendo no ar as suas negras alas,
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, — o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: "O tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

Vendo que o pássaro entendia
A pergunta que lhe eu fazia,
Fico atônito, embora a resposta que dera
Dificilmente lha entendera.
Na verdade, jamais homem há visto
Cousa na terra semelhante a isto:
Uma ave negra, friamente posta
Num busto, acima dos portais,
Ouvir uma pergunta e dizer em resposta
Que este é seu nome: "Nunca mais".

No entanto, o corvo solitário
Não teve outro vocabulário,
Como se essa palavra escassa que ali disse
Toda a sua alma resumisse.
Nenhuma outra proferiu, nenhuma,
Não chegou a mexer uma só pluma,
Até que eu murmurei: "Perdi outrora
Tantos amigos tão leais!
Perderei também este em regressando a aurora."
E o corvo disse: "Nunca mais!"

Estremeço. A resposta ouvida
É tão exata! é tão cabida!
"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência
Que ele trouxe da convivência
De algum mestre infeliz e acabrunhado
Que o implacável destino há castigado
Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,
Que dos seus cantos usuais
Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,
Esse estribilho: "Nunca mais".

Segunda vez, nesse momento,
Sorriu-me o triste pensamento;
Vou sentar-me defronte ao corvo magro e rudo;
E mergulhando no veludo
Da poltrona que eu mesmo ali trouxera
Achar procuro a lúgubre quimera,
A alma, o sentido, o pávido segredo
Daquelas sílabas fatais,
Entender o que quis dizer a ave do medo
Grasnando a frase: "Nunca mais".

Assim posto, devaneando,
Meditando, conjeturando,
Não lhe falava mais; mas, se lhe não falava,
Sentia o olhar que me abrasava.
Conjeturando fui, tranqüilo a gosto,
Com a cabeça no macio encosto
Onde os raios da lâmpada caíam,
Onde as tranças angelicais
De outra cabeça outrora ali se desparziam,
E agora não se esparzem mais.

Supus então que o ar, mais denso,
Todo se enchia de um incenso,
Obra de serafins que, pelo chão roçando
Do quarto, estavam meneando
Um ligeiro turíbulo invisível;
E eu exclamei então: "Um Deus sensível
Manda repouso à dor que te devora
Destas saudades imortais.
Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora."
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende!
Por esse céu que além se estende,
Pelo Deus que ambos adoramos, fala,
Dize a esta alma se é dado inda escutá-la
No éden celeste a virgem que ela chora
Nestes retiros sepulcrais,
Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!”
E o corvo disse: "Nunca mais."

“Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessa, ai, cessa! clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fique no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua.
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o corvo disse: "Nunca mais".

E o corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e, fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!






Edgar Allan Poe - ANNABEL LEE (trad. Fernando Pessoa)

Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar. 

Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor --
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar. 

E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar. 

E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar. 

Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar. 

Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar. 



Edgar Allan Poe - A cidade do mar

Olhai! a Morte edificou seu trono
numa estranha cidade solitária
por entre as sombras do longínquo oeste.
Lá, os bons, os maus, os piores e os melhores,
foram todos buscar repouso eterno.
Seus monumentos, catedrais e torres
(torres que o tempo rói e não vacilam!)
em nada se parecem com os humanos.
E em volta, pelos ventos olvidadas,
olhando o firmamento, silenciosas
e calmas, dormem águas melancólicas.

Ah! luz nenhuma cai do céu sagrado
sobre a cidade, em sua imensa noite.
Mas um clarão que vem do oceano lívido
invade dos torreões, silentemente,
e sobe, iluminando capitéis,
pórticos régios, cúpulas e cimos,
templos e babilônicas muralhas;
sobe aos arcos templos magníficos, sem conta,
onde os frios se enroscam e entretecem
de vinhedos, violetas, sempre-vivas.

Olhando o firmamento, silenciosas,
calmas, dormem as águias melancólicas.
Torreões e sombras tanto se confundem
que é tudo como solto nos espaços.
E a Morte, do alto de soberba torre,
contempla, gigantesca, o panorama.
Lá, os sepulcros e os templos se escancaram
mesmo ao nível das águas luminosas;
mas não pode a riqueza portenhosa
dos ídolos com olhos de diamante,
nem das jóias que riem sobre os mortos,
tirar as vagas de seu leito imóvel;
pois, ai! nem leve movimento ondula
esse imenso deserto cristalino!
Nem ondas falam de possíveis ventos
sobre mares distantes, mais felizes;
ondas não contam que existiram ventos
em mar de menos espantosa calma.

Mas, vede! Um frêmito percorre os ares.
Uma onda... Fez-se ali um movimento!
e dir-se-ia que as torres vacilaram
e afundaram de leve na água turva,
abrindo com seus cumes, debilmente,
um vazio nos céus enevoados.
As ondas têm, agora, luz mais rubra,
as horas fluem, lânguidas e fracas.
E quando, entre gemidos sobre-humanos,
a cidade submersa for fixar-se no fundo,
o Inferno, erguido de mil tronos,
curvar-se-á, reverente.

sábado, 2 de outubro de 2010

Capital Inicial - Marte Em Capricórnio

A casa treme com os seus estragos
No começo de um dia normal
Marte entrou em capricórnio

O que era um sopro, virou um vendaval
Agora é a hora de aquecer o seu motor
Vênus acordou de mau humor

Não quero dinheiro
Não quero amor
Eu esperei o dia inteiro
Aperte o cinto, feche os olhos
E pise no acelerador
E pise no acelerador

Se você não gostou do começo
Então vai odiar o final
Os planetas estão desalinhados
Tome cuidado, isso não é um bom sinal

Para zeus, somos só mais um capricho
Depois de nos usar, vamos todos para o lixo

Não quero dinheiro
Não quero amor
Eu esperei o dia inteiro
Aperte o cinto, feche os olhos
E pise no acelerador
E pise no acelerador

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Mário Quintana - Um poema

Um poema
como um gole d'água bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na floresta noturna.

Um poema
sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema.
Triste
Solitário
Único

Ferido de mortal beleza.

Manoel de Barros - "O Guardador de Águas" (frag.)

Não tenho bens de acontecimentos.
O que não sei fazer desconto nas palavras.
Entesouro frases. Por exemplo:
- Imagens são palavras que nos faltaram.
- Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem.
- Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser.
Ai frases de pensar!

Pensar é uma pedreira. Estou sendo.
Me acho em petição de lata (frase encontrada no lixo)
Concluindo: há pessoas que se compõem de atos, ruídos, retratos.
Outras de palavras.
Poetas e tontos se compõem com palavras.


Todos os caminhos - nenhum caminho
Muitos caminhos - nenhum caminho
Nenhum caminho - a maldição dos poetas.