domingo, 27 de setembro de 2009

A Criação: Mitologia Nórdica

De acordo com a mitologia nórdica no ínicio de tudo existia apenas Musphelhein (reino do fogo) e Niflhein (reino das névoas) e entre os dois existia um grando vazio chamado Ginungagap, um dia a névoa e o fogo se encontraram em Ginungagap e formaram um enorme cubo de gelo, que ia derrentendo aos poucos devido ao fogo de Musphelhein, das gotas do gelo durgiu o primeiro ser um gigante chamado Ymir, Ymir hibernou durante muitas eras, do seu suor nasceu os gigantes e demonios, depois de um tempo surgiu do gelo uma giganta em forma de vaca chamada Audumbla de suas tetas surgiram quatro rios imensos feitos de leite, Ymir começou a se alimentar deste leite.


Audumbla um dia lambeu o gelo e como o gelo era mágico, da lambida de Audumbla nasceu o primeiro deus chamado Buro, Buro deu origem a Borr que foi o primeiro dos Aesir, Borr por sua vez foi pai de Odin, Ve e Vili, esses três deuses resolveram matar Ymir e do corpo do monstro criaram o mundo, os ossos viraram as montanhas e o cérebro as nuvens.

Os primeiros seres humanos foram feitos de madeira e ganharam vida graças a Odin e receberam o nome de Ask e Embla, mas Odin achou que faltava algo nos humanos, seu irmão Ve resolveu contribuir e deu o dom da fala e da palavra, Vili também quis contribuir e deu o dom das emoções e do pensamento.

A lua e o sol surgiram como filhos do gigante Mundilfari com a giganta Glen, eles eram irmãos gemeos, o sol era a deusa Sigel e a lua era o deus Mani.

Não se sabe de onde veio a imensa árvore de Yggdrasil é arvore que sustenta os nove mundos um deles que se encontra no solo da árvore é Midgard a terra dos homens.



A Criação: Mitologia Egipícia

De acordo com a mitologia Egípcia não existia nada só as águas do Caos chamada Nun, um dia saiu dessas águas uma colina de lodo chamada Ben-Ben que tinha o topo dela o deus Atum, um dia Atum começou a sentir mal e vomitou a deusa Tefnut e o deus Chu, estes dois deram origem a Nut e Geb que deram origem a Osíris, Set, Ísis e Néftis.

Apesar de dizerem que só existia Nun provavelmente haviam outros 7 deuses, que representavam o local antes do surgimento da terra, existia Nun e Naunet que eram o caos, existia Amon e Amaunet que eram o oculto, existia Kek e Kauket que eram as trevas e Heh e Hehet que eram o infinito.

Ptah resolveu criar a terra ele criou a terra a partir da língua e do coração, o coração representava a inteligência e a língua a criação, Ptah é um deus construtor, mas também era um deus do Caos, pois ele era o deus e Nun e a deusa Naunet juntos, assim ele seria pai de Atum, Ptah criou o ka (alma) de cada ser humano e os corpos provavelmente foram feitos pelo deus Khnum.

A Criação: Mitologia Grega

De acordo com a mitologia grega antes de surgir os deuses e todo o resto só existia um grande vazio, deste vazio surgiu o Caos, mais tarde surgiu Nix (a noite) e Érebo (as trevas), eles vivem assim por um tempo onde só existia escuridão e silêncio, mas surgiu Gaia (a terra), Nix engravida de Érebo e da origem a Éter (o céu superior) e a Hemera (o dia), Gaia gera de si mesma Urano (o céu) com quem tem vários filhos, mas Urano tem um ódio terrível de seus filhos e os devolve para dentro da barriga de Gaia, Gaia se irrita e pede para seu filho mais novo Cronos que ele castra-se Urano e depois liberta-se seus irmãos, Cronos aceitou e recebeu uma foice feita do peito de Gaia, Cronos esperou seu pai dormir e o castrou, mas quando foi libertar seus irmãos hecatônquiros e cíclopes percebeu que eles eram muito fortes e os deixou dentro de Gaia, Cronos se casou com Réia e teve filhos, mas como ele tinha medo de uma profecia ele começou a devorar seus filhos, mas Réia escondeu o mais novo Zeus e trocou ele por uma pedra, Zeus depois de mais velho liberta os hecatônquiros e os cíclopes com a ajuda de Gaia, ele sobe o Olimpo e derrota seu pai, depois de muito tempo Zeus da origem a seu filho Hefesto, Hefesto constrói o primeiro mortal que ele deu o nome de Pandora.

Thanatos

Thanatos ou morte, é filho da titã Nix com Érebo e irmão gemeo do deus do sono Hipnos, alguns dizem que Thanatos nasceu no dia 21 de agosto que é seu dia favorito para tirar vidas.


Thanatos era além de um deus era um monstro que havia o coração feito de ferro e as entranhas de bronze, normalmente ele é representado por um anjo morto, mas algumas vezes ele aparece como um anjo vivo e jovem.

Conta uma história que Thanatos foi matar o rei Sísifo por ordem de Zeus, mas Sísifo conseguiu enganar Thanatos elogiando sua beleza e lhe ofereceu um colar para o deixar mais belo, Thanatos aceitou, mas ele não desconfiava que o colar na verdade era um coleira que o deixou aprisionado, assim ninguém mais poderia morrer o que deixou Hades e Ares muito estressados, Hades libertou Thanatos e o mandou trazer o mais rapido possível Sísifo para seu mundo e foi feito.

Também se diz que Thanatos foi matar o rei Midas, mas não esperava que o herói Hércules estivesse lá, assim Hércules expulsa Thanatos do palácio do rei.

Njord

Njord é um deus tranqüilo e pacífico, pai de Freyr deus da fertilidade, e de Freya deusa do amor, casado com Skadi, é o deus do mar e protege os pescadores e caçadores, esses em sua homenagem criavam templos para sua veneração onde colocavam parte de sua caça ou pesca.


Njord amava as praias, se separou por causa disso, pois sua esposa Skadi é deusa das montanhas e ele do mar, assim eles se viam muito raramente, as vezes eles tentavam se habituar ao local, mas não conseguiam, com isso criaram as estações do ano, eles não tiveram um casamento muito feliz, afinal os dois se casaram contra a vontade.

Njord é um Vanir, na verdade ele é líder dos Vanir, assim como Odin é líder dos Aesir.

Os pais de Njord são Odin e Frigga.

Pan

Pan é o deus dos bosques principalmente, mas também era deus do pânico, devido ao enorme medo que se dá ao andar sozinho na floresta durante a noite, ele era um sátiro (meio homem, meio bode).


Pan é filho de Zeus com Amaltéia, quando Tifon invadiu o monte olimpo, todos os deuses fugiram para o Egito e se transformaram em animais, Pan entrou dentro da água e tornou um bode, mas a parte submersa se transformou num rabo de peixe, fazendo uma criatura diferente, Zeus achou uma estratégia muito boa e por isso botou este momento nas estrelas, fazendo a constelação de capricórnio.

Pan se apaixonou perdidamente por uma ninfa chamada Syrinx, mas ela o rejeitou, afinal ele não era nem homem nem bode, mas mesmo assim ele continuou a persegui-la, Syrinx fugiu dele até chegar nas margens do rio Ladon, vendo que não tinha como fugir ela pediu para as ninfas do lago (naiades) que mudassem sua forma, sendo assim as ninfas a transformaram num bambu, Pan a alcançou, mas ao agarrá-la, viu que não era ela e sim um bambu, ao ouvir o som do bambu ele ficou admirado e cortou o bambu, fazendo uma flauta, que ele chamou de "Syrinx", nós conhecemos a flauta como "flauta de Pan".

Ninfas

As ninfas eram criaturas normalmente muito belas, eram consideradas espíritos da natureza que encantavam a terra e o mar, se relacionavam com sátiros, sendo sempre belas eram desejadas por vários outros seres, não só por sátiros, são a personificação da graça e da fecundadora da natureza.


As ninfas são espíritos, geralmente alados, habitantes dos lagos e riachos, bosques, florestas, prados e montanhas,São frequentemente associadas a deusas e deuses maiores, como a caçadora Ártemis, ao aspecto profético de Apolo, ao deus das árvores e da loucuraDionísio, ao aspecto pastoreador de Hermes.

Existem várias ninfas e classificações para elas, existem principalmente as Epigéias que são as ninfas da terra e as Efidríades que são as ninfas da água e em cada uma existem vários tipos diferentes de ninfas, mas é contada a história de um tipo especial de ninfas muito pouco conhecido são as Melíades que em vez de serem filhas de Zeus são filhas de Urano.

Algumas ninfas são filhas de Zeus agora as Epigéias e as Efidríades, não são necessariamente filhas de Zeus.

Nix

Nix é a noite, é uma titã irmã de Caos, ela é uma das primeiras criaturas a sair do vazio, ela teve vários filhos, todos eram considerados filhos da noite, sendo um deles os gemeos Hypnos e Thanatos.


De acordo com a história a primeira criatura a surgir do vazio foi o Caos e a segunda foi Nix, e que todo o universo e alguns deuses primordiais nasceram do ovo cósmico de Nix, Nix percorre o céu junto com suas filhas Queres numa carruagem puxada por quatro cavalos negros, ela é deusa das feiticeiras, das bruxas, dos mistérios e segredos da noite e é a rainha das estrelas, todos os titãs respeitavam e a temiam por que a consideravam uma das criaturas mais poderosas do universo, outro motivo por ela ser temida pelos deuses é que ela é a unica divindade que tem poder sobre a vida e a morte dos mortais e dos deuses.

Nix tinha uma capa que a deixa invisível a tudo e a todos, Hades também tinha uma capa assim.

Nix é uma divindade muito bondosa e gentil que simboliza a beleza da noite, mas também as vezes é má e cruel e isso é terrível a todos, pois ela conhece o segredo da imortalidade dos deuses e tem a capacidade de deixá-los mortais, um exemplo de quem sofreu essa maldição foi Cronos que teve sua imortalidade retirada de Nix assim Zeus teve mais facilidade para governar o Olimpo.

Nêmesis

Nêmesis é a filha da titã Nix não se sabe quem era o pai, pois as irmãs de Nêmesis foram criadas isoladas pela mãe, Nêmesis não foi criada por Nix, ela foi criada junto com Têmis, pelas moiras, Nêmesis virou a deusa da justiça divina, enquanto Têmis virou a deusa da justiça dos homens, por terem sido criadas juntas acabaram tendo um laço familiar muito forte, tanto que no templo de Nêmesis se pode ver a deusa ao lado de outra deusa que seria Têmis.


Nêmesis é muito bonita, tão bela que sua beleza é comparada com a de Afrodite, Nêmesis lembra um anjo, pois tem asas de passáro em suas costas.

Nêmesis costuma manter justiça entre os deuses e alguns mortais, como Narciso e Creso rei da Lídia, conta a história que o rei da Lídia estava cego de felicidade por ter tanta riqueza e poder, Nêmesis o faz criar uma expedição contra Ciro II o rei da Pérsia, isso trouxe ruína e desgraça para Creso.

Ártemis

Ártemis é filha de Zeus com a ninfa Leto, ela é irmã gemea de Apolo o deus do sol, Ártemis é a deusa da caça e da lua, é a mais pura entre as deusas, Ártemis fez um voto de virgindade do qual ela nunca quebrou.


Leto sofreu muito, pois quando seus gemeos estavam prestes a nascer Hera a proibiu de ter os filhos em terra firme, mas Leto acabou encontrando uma ilha flutuante onde teve seus filhos Ártemis nasceu primeiro assim ajudando a mãe no parto do irmão.

Ártemis recebeu um arco e flechas de prata e uma lira também de prata de seu pai Zeus, seu irmão Apolo recebeu os mesmos presentes só que estes eram feitos de ouro, Ártemis recebeu o título de rainha dos bosques, tendo como corte as ninfas que habitavam os bosques.

Ártemis tem várias histórias bem bacanas, mas a que eu mais gosto é a de Acteon, Acteon é o melhor caçador de todos treinado pelo poderoso centauro Quiron, ele caçava por diversão, mas fazia parte de sua diversão ver os animais morrer, ele exterminou vários animais raros, um dia Acteon andava pelo bosque e se deparou com a deusa Ártemis tomando banho num lago, ela ao percebe-lo ficou tão irritada que jogou a água em que se banhava e jogou nele, transformando Acteon num cervo branco, este foi caçado sem piedade pelos seus companheiros de caça e seus cães, acabou sendo capturado e morto.

Perséfone

Na mitologia grega, Perséfone ou Coré corresponde à deusa romana Proserpina ou Cora. Era filha de Zeus e da deusa Deméter, da agricultura, tendo nascido antes do casamento de seu pai com Hera. Para os gregos, Perséfone era a Rainha distante do Mundo Avernal, que vigiava as almas dos falecidos. Mas, para os romanos, ela era conhecida também como a virgem, donzela, Core, associada com os símbolos de fertilidade: romã, o grão, o milho, e ainda, com o narciso, a flor que a atraiu.


Seu seqüestro realizado por Hades e sua descida ao mundo avernal, é a história mais conhecida de toda a mitologia grega. Embora Perséfone não fosse um dos doze deuses olímpicos, foi a figura central nos Mistérios de Elêusis, que por dois mil antes do cristianismo foi a principal religião dos gregos. Nos Mistérios de Elêusis os gregos experienciaram a renovação da vida depois da morte através da volta anual de Perséfone do Inferno.

Quando os sinais de sua grande beleza e feminilidade começaram a brilhar, em sua adolescência, chamou a atenção do deus Hades que a pediu em casamento. Zeus, sem sequer consultar Deméter, aquiesceu ao pedido de seu irmão. Hades, impaciente, emergiu da terra e raptou-a levando-a para seus domínios (o mundo subterrâneo), desposando-a e fazendo dela sua rainha.


Sua mãe, ficando inconsolável, acabou por se descuidar de suas tarefas: as terras tornaram-se estéreis e houve escassez de alimentos, e Perséfone recusou-se a ingerir qualquer alimento e começou a definhar. Deméter, junto com Hermes, foram buscá-la ao mundo dos mortos (ou segundo outras fontes, Zeus ordenou que Hades devolvesse a sua filha). Hades não se contentou em perder a amada. Mas não poderia desobedecer a ordem de Zeus. Chamou Perséfone à sua presença. Olhou com paixão para a esposa. Diz a ela que deverá acompanhar Hermes até o mundo dos vivos, sendo devolvida à mãe. Triste, beija a face da amada. Em um último ardil, oferece-lhe uma saborosa romã como lembrança do seu amor. Perséfone come a fruta, sem saber da regra que estabelecia: quem comesse qualquer fruto no Tártaro a ele teria que retornar. Perséfone despediu-se do marido, regressando ao mundo dos vivos. Como entretanto Perséfone tinha comido algo (uma semente de romã) concluiu-se que não tinha rejeitado inteiramente Hades. Assim, estabeleceu-se um acordo, ela passaria metade do ano junto a seus pais, quando seria Coré, a eterna adolescente, e o restante com Hades, quando se tornaria a sombria Perséfone. Deméter recebeu a filha com alegria. Os campos voltaram a florir. Ao abraçar a filha, a deusa lembrou-se de perguntar se ela havia comido alguma fruta no Tártaro, ao que a jovem respondeu afirmativamente, comera o bago de uma romã. A deusa desolou-se, sabia que a filha teria que voltar ao Tártaro todos os anos. Diante do ardil, ficou estabelecido por Zeus que Perséfone passaria uma parte do ano ao lado do marido, reinando no Érebo, outra parte ao lado da mãe, na terra e no Olimpo. Assim, durante o tempo que Perséfone despede-se da mãe e retoma o caminho do Érebo, a deusa recolhe-se à tristeza da sua saudade. Em conseqüência dessa tristeza, as árvores perdem as folhas e as flores, os campos ficam sem as plantas, o inverno invade a terra com o seu vento frio e cortante, deixando-a desolada e coberta pelo gelo. Quando Perséfone retorna aos braços da mãe, alegrando-lhe o coração, as folhas voltam verdes às arvores, as flores invadem os campos, trazendo a primavera novamente ao mundo. Este mito justifica o ciclo anual das colheitas.

Perséfone é normalmente descrita como uma mulher de cabelos claros, possuidora de uma beleza estonteante, pela qual muitos homens se apaixonaram, entre eles, Pírito e Adônis. Foi por causa deste último que Perséfone se tornou rival de Afrodite, pois ambas disputavam o amor do jovem, mas também outro motivo era porque Afrodite tinha inveja da beleza de Perséfone. Embora Adônis fosse seu amante, o amor que Perséfone sentia por Hades era bem maior. Os dois tinham uma relação calma e amorosa. As brigas eram raras, com exceção de quando Hades se sentiu atraído por uma ninfa chamada Menthe, e Perséfone, tomada de ciúmes, transformou a ninfa numa planta, destinada a vegetar nas entradas das cavernas, ou, em outra versão, na porta de entrada do reino dos mortos.
Entre muitos rituais atribuídos à entidade, cita-se que ninguém poderia morrer sem que a rainha do mundo dos mortos lhe cortasse o fio de cabelo que o ligava à vida. O culto de Perséfone foi muito desenvolvido na Sicília, ela presidia aos funerais. Os amigos ou parentes do morto cortavam os cabelos e os jogavam numa fogueira em honra à deusa infernal. A ela, eram imolados cães, e os gregos acreditavam que Perséfone fazia reencontrar objetos perdidos.
Conta-se, ainda, que Zeus, o pai da Perséfone, teve amor com a própria filha, sob a forma de uma serpente.

Apesar de Perséfone ter vários irmãos por parte de seu pai Zeus, tais como Ares, Hermes, Dionísio, Atena, Hebe, Apolo, entre outros, por parte de sua mãe Deméter, tinha um irmão, Pluto, um deus secundário que presidia às riquezas. É um deus pouco conhecido, e muito confundido como Plutão, o deus romano que corresponde a Hades. Tinha também como irmã, filha de sua mãe, uma deusa chamada Despina, que foi abandonada pela mãe de ambas ao nascer. Por isso ela tinha inveja da deusa do mundo dos mortos, até porque Demeter se excedia em atenções para a rainha. Em resposta, a filha rejeitada destruia tudo que Perséfone e sua mãe amavam, o que resultaria no inverno.
Preciosas informações retiradas de antigos textos gregos, citam que Perséfone teve um filho e uma filha com Zeus: Sabázio e Melinoe era de uma habilidade notável, e foi quem coseu Baco na coxa de seu pai. Com Heracles, teve Zagreus.
A rainha é representada ao lado de seu esposo, num trono de ébano, segurando um facho com fumos negros. A papoula foi-lhe dedicada por ter servido de lenitivo à sua mãe na ocasião de seu rapto. O narciso também lhe é dedicado, pois estava colhendo esta flor quando foi surpreendida e raptada por Hades. Perséfone, com Hades, é mãe de Macária, deusa de boa morte.



fonte: http://my.opera.com/Lux%C3BAria/archive/monthly/?month=200908


Deméter

Deméter é filha de Cronos com Réia, irmã de Zeus, Hades, Poseidon, Hera e Héstia, mãe de Perséfone.

Deméter é deusa da agricultura, da colheita e das estações do ano (outono, inverno, primavera e verão), como deusa da agricultura Deméter fez várias viagens com Dionísio ensinando os homens a cuidarem da terra e das plantações, ela favorecia o trigo, que era a planta que simbolizava a civilização.

Deméter ficou apavorada quando sua filha Perséfone foi raptada por Hades, Deméter saiu do Olimpo a procura da filha, enquanto ela procurava a terra ia ficando cada vez mais esteril, vendo como terra estava ficando Zeus pediu a Hades que devolve-se Perséfone, Hades aceitou, mas antes deu a Perséfone uma romã e ela comeu, assim sendo ela teria que voltar a Hades por ter comido um alimento de la, Deméter ficou muito feliz em ver a filha mais uma vez e assim a terra voltou a ficar boa, mas toda vez que Perséfone voltava para Hades a terra ficava ruim de novo.

Quando Deméter ficou sabendo do rapto da filha ela olhou para terra e a culpou por ter aberto um buraco para os dois entrarem em Hades, então ela falou assim : – Ingrato solo, que tornei fértil e cobri de ervas e grãos nutritivos, não mais gozará de meus favores!
 
http://allofthemitology.blogspot.com/2008/05/demter-deusa-das-estaes-do-ano.html

PSYCHÉ

Psyché foi uma bela mortal por quem Eros, deus do amor e filho de Afrodite, deusa da beleza, se apaixonou. Tão bela que despertou a fúria de Afrodite, pois os homens deixavam de freqüentar seus templos para adorar uma simples mortal. A deusa mandou seu filho atingir Psiqué com suas flechas, fazendo-a se apaixonar pelo ser mais monstruoso existente. Mas, ao contrário do esperado, Eros acaba se apaixonando pela moça - acredita-se que tenha sido espetado acidentalmente por uma de suas próprias setas. Com o próprio deus do Amor apaixonado por Psyché, suas setas não foram lançadas para ninguém. Após muito pranto, mas sem ousar contrariar a vontade de Apolo, a jovem Psiqué foi levada ao alto de um rochedo e deixada à própria sorte, até adormecer e ser conduzida pelo vento Zéfiro a um palácio magnifico, que daquele dia em diante seria seu. Lá chegando a linda princesa não encontrou ninguém, mas tudo era suntuoso e, quando sentiu fome, um lauto banquete estava servido. À noite, uma voz suave a chamava e, levada por ela, conheceu as delícias do Amor, nas mãos dos próprio deus do amor (Eros). Os dias se passavam, e ela não se entediava, tantos prazeres tinha: acreditava estar casada com um monstro, pois Eros não lhe aparecia e, quando estavam juntos, usava sempre um capuz. Ele não podia revelar sua identidade pois, assim, sua mãe (Afrodite) descobriria que não cumprira suas ordens - e apesar disto Psiqué amava o esposo, que a fizera prometer-lhe jamais retirar seu capuz. Psiqué, julgando que os conselhos das irmãs (invejosas, diziam-lhe que Eros era na verdade um monstro e por isso não mostrava o rosto) eram ditados por amizade, pôs em execução o plano que elas lhe sugeriram: após perceber que seu marido entregara-se ao sono, levantou-se tomando uma lâmpada e uma faca, e dirigiu a luz ao rosto de seu esposo, com intenção de matá-lo. Porém, espantada e admirada com a beleza de seu marido, a jovem desastradamente deixa pingar uma gota de azeite quente sobre o ombro dele. Eros acorda e, percebendo que fora traído, enlouquece e foge. Psiqué fica sozinha, desesperada com seu erro, no imenso palácio. Precisa reconquistar o Amor perdido.

Psiqué vaga pelo mundo, desesperada, até que resolve consultar-se num templo de Afrodite. A deusa, já cientificada de que fora enganada, e mantendo Eros sob seus cuidados, decide impor à pobre alma uma série de tarefas, esperando que delas nunca se desincubisse, ou que tanto se desgastasse que perdesse a beleza. Os Quatro Trabalhos de Psiquê eram: OS GRÃOS; A LÃ DE OURO; ÁGUA DA NASCENTE; BELEZA DE PERSÉFONE. Psiqué completa os trablhos, e equanto isso Eros vai a Zeus e pede que o case com Psiqué. Zeus concede esse pedido e posteriormente Psiqué é tornada imortal.

Assim unem-se amor e alma. "Psique", do grego psychein ("soprar"), é uma palavra ambígua que significava originalmente "alento" e posteriormente, "sopro". Dado que o alento é uma das características da vida, a expressão "psique" era utilizada como um sinônimo de vida e por fim, como sinônimo de alma, considerada o princípio da vida. A psique seria então a "alma das sombras" por oposição à "alma do corpo".


fonte: http://www.cliopsyche.uerj.br/porque/psycheexp.html

sábado, 26 de setembro de 2009

LORD BYRON - VERSOS INSCRITOS NUMA TAÇA FEITA DE UM CRÂNIO

Não, não te assustes: não fugiu o meu espírito
Vê em mim um crânio, o único que existe
Do qual, muito ao contrário de uma fronte viva,
Tudo aquilo que flui jamais é triste.

Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri;
Que renuncie e terra aos ossos meus
Enche! Não podes injuriarme; tem o verme
Lábios mais repugnantes do que os teus.

Onde outrora brilhou, talvez, minha razão,
Para ajudar os outros brilhe agora e;
Substituto haverá mais nobre que o vinho
Se o nosso cérebro já se perdeu?

Bebe enquanto puderes; quando tu e os teus
Já tiverdes partido, uma outra gente
Possa te redimir da terra que abraçar-te,
E festeje com o morto e a própria rima tente.

E por que não? Se as fontes geram tal tristeza
Através da existência-curto dia-,
Redimidas dos vermes e da argila
Ao menos possam ter alguma serventia.

Primal Fear & Epica - Everytime It Rains(tradução)

Nuvens de insegurança me escurecem
Me asseguram
A névoa do desespero
As gotas caem sobre minha pele
A tempestade irá me esmagar e me romper
E irá me lever do estado que estou em

(Chorus) Sempre que a chuva vem chamando
Não posso deixar que caia em mim
Na escuridão - na loucura
De um mundo vazio de medo e dor
Sempre que chove

As ondas de isolamento
Batem em volta de mim - em volta de mim
A solidão do silêncio
Ecoa no meu cerébro
Com uma terra em vista eu estou derrotado
E me perguntam por que lutei em vão

Sempre que a chuva vem chamando
Não posso deixar que caia em mim
Na escuridão - na loucura
De um mundo vazio de medo e dor
Sempre que chove



The Foreshadowing - The Fall (Tradução)

Só em meu mundo,

Aceito esse papel
E manhãs e tardes a rastejar.
Só em meu mundo,
Estou tão rejeitado
Para assistir a esta luz que me torna cego.

E as pessoas me deixam nervoso quando dizem que nada importa.
Cada dia é melancólico e cheio de tristeza e me sinto melhor.
E o silêncio, o silêncio torna o chão sem vida.

Sensação de agonia.
"Livre do meu mundo." É o que eu posso desejar.
O que há de mais do que eu possa ver?
Eu tinha o suficiente, tudo em todos é melhor
quando vem se a partir.

A queda é um frio golpe dentro de mim
Que paralisa minha mente
A visão é turva e branca
e tudo à minha volta está escuro

Sensação de agonia.
"Livre do meu mundo." É o que eu posso desejar.
O que há de mais do que eu possa ver?
Eu tinha o suficiente, tudo em todos é melhor
quando se vem a partir.

Só no meu mundo,
Aceito esse papel
E manhãs e tardes rastejando.
Só no meu mundo,
Eu sou tão rejeitado
Para assistir a esta luz que me torna cego.

E as pessoas me deixam nervoso quando dizem nada importa.
Cada dia é melancólico e cheio de tristeza e me sinto melhor
E o silêncio, e o silêncio,
o silêncio que te torna rude.

Florbela Espanca - Noite de saudade

A noite vem poisando devagar
Sobre a Terra,que inunda de amargura...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!

Por que és assim tão'scura,assim tão triste?!
É que,talvez,o Noite,em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti,ó Noite!...Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou,nem o que tenho!!

Fernando Pessoa - Quanta Tristeza e Amargura

Quanta tristeza e amargura afoga

Em confusão a 'streita vida!
Quanto Infortúnio mesquinho
Nos oprime supremo!
Feliz ou o bruto que nos verdes campos
Pasce, para si mesmo anônimo, e entra
Na morte como em casa;
Ou o sábio que, perdido
Na ciência, a fútil vida austera eleva
Além da nossa, como o fumo que ergue
Braços que se desfazem
A um céu inexistente.

Paulo Coelho - O vitríolo ou a amargura

No meu livro Veronika decide morrer, que se passa em um hospital psiquiátrico, o diretor desenvolve uma tese a respeito de um veneno indetectável que contamina o organismo com o passar dos anos: o vitríolo. Assim como a libido - o líquido sexual que o Dr. Freud reconhecera, mas nenhum laboratório fora jamais capaz de isolar, o vitríolo é destilado pelos organismos de seres humanos que se encontram em situação de medo.
A maioria das pessoas afetadas identifica seu sabor, que não é doce nem salgado, mas amargo - daí as depressões serem profundamente associadas com a palavra Amargura. Todos os seres têm Amargura em seu organismo - em maior ou menor grau - da mesma maneira que quase todos temos o bacilo da tuberculose. Mas estas duas doenças só atacam quando o paciente acha-se debilitado; no caso da Amargura, o terreno para o surgimento da doença aparece quando se cria o medo da chamada "realidade".

Certas pessoas, no afã de querer construir um mundo onde nenhuma ameaça externa pudesse penetrar, aumentam exageradamente suas defesas contra o exterior -gente estranha, novos lugares, experiências diferentes - e deixam o interior desguarnecido. É a partir daí que a Amargura começa a causar danos irreversíveis. O grande alvo da Amargura (ou Vitríolo, como preferia o médico do meu livro) é a vontade. As pessoas atacadas deste mal vão perdendo o desejo de tudo, e em poucos anos já não conseguem sair de seu mundo - pois gastaram enormes reservas de energia construindo altas muralhas para que a realidade fosse aquilo que desejavam que fosse.

Ao evitar o ataque externo, também limitam o crescimento interno. Continuam indo ao trabalho, vendo televisão, reclamando do trânsito e tendo filhos, mas tudo isso acontece automaticamente, sem que entendam direito porque estão se comportando assim - afinal de contas, tudo está sob controle. O grande problema do envenenamento por Amargura reside no fato de que as paixões -ódio, amor, desespero, entusiasmo, curiosidade -também não se manifestam mais. Depois de algum tempo, já não restava ao amargo qualquer desejo.

Não tinham vontade nem de viver, nem de morrer, este era o problema. Por isso, para os amargos, os heróis e os loucos são sempre fascinantes: eles não têm medo de viver ou morrer. Tanto os heróis como os loucos são indiferentes diante do perigo, e seguem adiante apesar de todos dizerem para não fazerem aquilo.

O louco se suicida, o herói se oferece ao martírio em nome de uma causa - mas ambos morrem, e os amargos passavam muitas noites e dias comentando o absurdo e a glória dos dois tipos. É o único momento em que o amargo tem força para galgar sua muralha de defesa e olhar um pouquinho para fora; mas logo as mãos e os pés cansam, e ele volta para a vida diária.

O amargo crônico só nota a sua doença uma vez por semana: nas tardes de domingo. Ali, como não tem o trabalho ou a rotina para aliviar os sintomas, percebem que alguma coisa está muito errada.

 
 
fonte: http://www.parana-online.com.br/colunistas/142/60958/postagem=O+VITRIOLO+OU+A+AMARGURA

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Murilo Mendes - Somos todos poetas

Assisto em mim a um desdobrar de planos.
as mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.
Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.

Manuel Bandeira, in “A cinza das horas”

Sou bem-nascido. Menino,
Fui, como os demais, feliz.
Depois, veio o mau destino
E fez de mim o que quis.

Veio o mau gênio da vida,
Rompeu em meu coração,
Levou tudo de vencida,
Rugiu como um furacão,

Turbou, partiu, abateu,
Queimou sem razão nem dó
—Ah, que dor! Magoado e só,
— Só! — meu coração ardeu.

Ardeu em gritos dementes
Na sua paixão sombria...
E dessas horas ardentes
Ficou esta cinza fria.

— Esta pouca cinza fria.

sábado, 12 de setembro de 2009

Epica - Higher High (tradução)

Vagalumes estão voando mais alto
Eles desenharam suas asas no céu
Algo que eu não consigo interpretar agora
Pois a minha visão está confusa

Todos nós somos controlados pelos nossos medos escondidos
Alto, mais alto
Nós estamos presos e não podemos sair outra vez
Existe mais do que o que nós negamos
e existe mais além de uma troca de olhares

Sorte, contos de fada
Todos nós fomos avisados
A nossa textura, nunca construída, nunca iniciada
Eu posso afirmar que nem sempre existe
um final feliz para toda história

Todos nós somos controlados pelos nossos medos escondidos
Alto, mais alto
Nós estamos presos e não podemos sair outra vez
Existe mais do que o que nós negamos
e existe mais além de uma troca de olhares

Todos nós estamos respirando o mesmo ar
que nós dividimos
Todos nós precisamos apenas viver
Todos nós somos iguais
Não importa se somos negros ou brancos

Todos nós somos controlados pelos nossos medos escondidos
Alto, mais alto
Nós estamos presos e não podemos sair outra vez
Existe mais do que o que nós negamos
e existe mais além de uma troca de olhares

Krypteria - Quae laetitia (tradução)

Deixe- me te mostrar meu mundo
Veja através dos olhos dessa garota
Quebre essas correntes, lave as manchas
Até que nada além de uma mente livre sobreviva

Então talvez você verá
O que a beleza da vida realmente significa
Pegue minha mão pelo tempo em que passaremos
Nessa viajem através de um novo mundo de maravilha

Quae laetitia!Quae magnanimitas eximia!
Quae laetitia!Quae magnitudo et psalmodia!
Celebrate,iubilate
Celebrate vitam et livertatem
Celebrate iubilate ecce vita!

Não há lugar ao redor
Onde a beleza da vida não possa ser encontrada
Ouça o vento sussurrar contos e hinos
De um novo amanhecer prestes a começar

Quae laetitia!Quae magnanimitas eximia!
Quae laetitia!Quae magnitudo et psalmodia!
Celebrate,iubilate
Celebrate vitam et livertatem
Celebrate iubilate ecce vita!

Deixe seu passado para trás
Desista das dúvidas em sua mente
Mude seus caminhos, aqui está a chande que você almejou
Por um novo começo com os mais claros dos becos

Quae laetitia!Quae magnanimitas eximia!
Quae laetitia!Quae magnitudo et psalmodia!
Celebrate,iubilate
Celebrate vitam et livertatem
Celebrate iubilate ecce vita!
Quae laetitia!Quae magnanimitas eximia!
Quae laetitia!Quae magnitudo et psalmodia!
Celebrate,iubilate
Celebrate vitam et livertatem
Celebrate iubilate ecce vita!


Fernando Pessoa - A morte chega cedo

A morte chega cedo,
Pois breve é toda vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida.

O amor foi começado,
O ideal não acabou,
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou.

E tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte
Que Deus deixou aberto

Persephone - Immersion (tradução)

Não quero fechar os olhos
Para ser afastado daqui.
Apesar das memórias na minha mente.
A dor está sempre perto.
Não preciso de muitas razões
Para estar ferido o suficiente para chorar.
A mudança das estações,
Mais um ano passa.
Não há um lugar em cima desta terra.
Leve-me com você, pegue minha mão.
me leve para um lugar melhor,
Preciso saber como anjos abraçam.

Tenho a intenção de acreditar em todo mundo.
Não morrer, enquanto eles prosseguem.
Afogar em sofrimentos, a vida passa,
Tal como a primeira neve cai do céu.

Eu sonho com aquilo que chega.
Receio meus desejos.
Talvez eles são muito fortes,
Que a vida já caduca.
Mais grossa que sangue,
A dor enfraquece meus sonhos.
Ela não ganha e perde.
É mais forte do que parece.
Desejosas tacadas sobre as velas
É a única chance que eu deixei.
Me deixe estar dentro de ti,
quente, amado e em repouso.

Tenho a intenção de acreditar em todo mundo.
Não morrer, enquanto eles prosseguem.
Afogar em sofrimentos, a vida passa,
Tal como a primeira neve cai do céu.

Não há um lugar emcima desta terra.
Leve-me com você, pegue minha mão.
me leve para um lugar melhor,
Preciso saber como anjos abraçam.

Tenho a intenção de acreditar em todo mundo.
Não morrer, enquanto eles prosseguem.
Afogar em sofrimentos, a vida passa,
Tal como a primeira neve cai do céu.

Mito de Perséfone

Plutão e Perséfone davam seu passeio habitual pelo Hades, quando Hermes chegou com um recado de Zeus:
- Plutão, deus do Hades! Zeus lhe envia uma mensagem, por meu intermédio.Pede ele, o Senhor do Olimpo, que deixe Perséfone voltar à companhia de sua mãe Deméter que, em seu intenso sofrimento, condenou a terra a uma aridez mortal.
Plutão soltou uma gargalhada.
- Imaginem só! Terá Zeus enlouquecido? O que o faz pensar que cederia a um pedido desta natureza?
- Apenas transmito o recado, Plutão. Não cabe a mim julgar os pensamentos de Zeus.
Plutão pensou, franziu a testa e cerrou os olhos negros. Depois falou:
- Pois diga a Zeus que jamais consentirei a partida de Perséfone.
Hermes já ia alçando voo quando foi detido pelo toque suave dos dedos de Perséfone em seu braço.
- Um momento, Hermes! Deixe-me falar com meu esposo - e, virando-se para Plutão: - Peço-lhe, Plutão, que me permita voltar à minha mãe. Ela sofre e seu sofrimento condenará o mundo a uma destruição inevitável. Além do mais Zeus lhe fez um pedido e não acho sábio de sua parte provocar a ira do supremos Senhor do Olimpo.
Plutão pensou um pouco. Antes de dizer alguma coisa, ofereceu a Perséfone uma semente de romã.Só depois que ela levou a semente aos lábios, ele disse:
- Muito bem. Vejo que é sábia e prudente, minha esposa. Permitirei, portanto, que permaneça oito meses com sua mãe. Contudo, os outros quatro meses deverá passar em minha companhia.
Perséfone então deixou o Hades em companhia de Hérmes e foi procurar Deméter. Encontrou-a escondida no templo, toda envolta em dor. Ao ver a filha, um sorriso iluminou seu rosto pálido. Abraçaram-se em silêncio e as lágrimas que verteram se entrenharam na terra, fertilizando-a. E o mundo tornou a florecer. A alegria voltou às planícies e ao coração dos homens.
Do Olimpo, Géia contemplava, feliz, o renascimento das plantas. Tudo era festa.
Deméter despediu-se dos homens para retornar à companhia dos deuses com sua filha. Antes, porém, chamou o rei Céleo e seu filho Triptólemo e ensinou a eles os ritos sagrados, que davam à terra a vitalidade suficiente para produzir. Eram os rituais de feritilidade, eram os mistérios de Elêusis.
Triptólemo seguiu pelo mundo no carro que Deméter lhe deu, puxado por dragões que corriam na terra e nos ares. Difundiu a arte da agricultura e ensinou aos homens como atrelar os bois à charrua, para melhor revolverem a terra. Fundou inumeras cidades, ensinou o povo a preparar o pão, sempre protegido por Deméter. Na cidade de Cítia, o rei Linco teve inveja de seus talentos com a terra e tentou matá-lo e tomar para si as artes do cultivo. Mas Deméter, sempre atenta, transformou-o num lince.
E o cultivo do trigo se espalhou pelo mundo.

Oito meses se passaram e Perséfone, jovem e feliz, já nem se lembrava do dia de seu retorno ao Hades. Mas, no momento certo, ao contato das vibrações da lua negra, a semente de romã que seu marido lhe dera para ingerir comelou a emitir a sinistra mensagem: "Chegou a hora de voltar ao Hades".
De algum ponto do seu interior, a mensagem subiu à sua consciencia e uma estranha agitação tomou conta de Perséfone. O sorriso se apagou de seu rosto e seus olhos se pregaram num ponto qualquer do infinito. Deméter, aflita, não compreendia bem a súbita mudança da filha.
- Mãe - disse enfim a moça -, chegou a hora de retornar ao meu mundo interno, ao convívio de meu esposo. Não posso mais ficar. Mas volto dentro de quatro meses. Não fique triste, minha mãe, e aguarde meu retorno.
Perséfone partiu e Deméter se recolheu novamente a seu templo. E, por quatro meses, a terra voltou a secar, o verde sumiu e as folhas ressecadas eram levadas pelo vento num imenso turbilhão, aguardando o retorno de Perséfone, quando tudo voltaria a florir novamente.


A barca de Caronte atracou, trazendo sua divina passageira. Plutão estendeu a mão e ajudou Perséfone a descer. Abraçou-a com calor.
- Venha minha amada, o Hades a espera.
Perséfone sorriu e olhou em volta. Ali estava seu reinado, seu mundo escondido da luz superfície, onde não lhe importava se a terra floria ou secava, se a mãe chorava ou sorria. Para ela, só existia a realidade da vida em seu interior.


VILLAS-BÔAS, Márcia. Olimpo A saga dos deuses. pags. 100-102.São Paulo: Ed. Siciliano, 1995

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Perséfone – A Sacerdotisa

Perséfone é a imagem do elo com o misterioso e insondável mundo interior. É como se por trás e por baixo do mundo diário, sob a luz do dia, e que consideramos real, existisse um outro mundo profundo e denso, cheio de riquezas ocultas e mistérios a serem desvendados. Sendo que neste mundo, não podemos penetrar sem o consentimento de seus governantes invisíveis.
Este universo contém nossos potenciais a serem desenvolvidos, bem como as facetas sombrias e mais primitivas da nossa personalidade. Lá também está guardado o segredo do destino dos indivíduos.
Perséfone representa aquela parte de nós que conhece os segredos do mundo interior. Entretanto, isto só será desvelado com o despertar da consciência, aparecendo através de sonhos ou por meios de estranhas coincidências da vida que nos levam a questionar a respeito de nossa existência e dos padrões de atitudes que operam dentro de nós.
Perséfone é uma figura sedutora e fascinante, porém, jamais fala de seus segredos. Da mesma maneira, o mundo noturno do inconsciente penetra nos sonhos, nas fantasias e nas intuições e sempre que tentamos dominá-lo e coloca-lo ao lado de nosso intelecto, em nosso próprio benefício, esse mundo se emudece e escapa de nosso alcance. O mundo sombrio de Perséfone oferece apenas lampejos da movimentação em ação dentro do indivíduo que requer paciência e tempo para serem trazidos à luz da consciência.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Estréia de Dorian Gray - 09/09/09















































 O trabalho literário mais famoso de Oscar Wilde, “The Picture of Dorian Gray”, recebeu a sua primeira adaptação cinematográfica em 1945 por intermédio de Albert Lewin e da Metro-Goldwyn-Mayer. O filme recebeu críticas maioritariamente positivas e até conquistou o Óscar de Melhor Fotografia a Preto e Branco.A sua segunda adaptação é agora apresentada por Oliver Parker, um cineasta que conseguiu oferecer ao icónico romance gótico mais uma razoável produção cinematográfica. A história de “Dorian Gray” é ambientada na Inglaterra Vitoriana (Século XIX) e é protagonizada por Dorian Gray (Ben Barnes), um adolescente que é possuidor de uma beleza quase sobrenatural que consegue seduzir todos os indivíduos que o rodeiam. Lord Henry Wotton (Colin Firth) é um poderoso homem que também fica imediatamente subjugado ao seu encanto e que o arrasta para os misteriosos prazeres do submundo londrino, onde a moralidade se submete à eterna busca dos prazeres carnais. Henry solicita a Basil Hallward (Ben Chaplin), um amigo íntimo e um conhecida artista inglês, que perpetue a magnifica perfeição daquele esbelto adolescente numa gloriosa pintura e quando Dorian Gray se depara com a magnificência do seu próprio retrato decide pedir um desejo que irá alterar para sempre o curso da sua vida. O jovem decide trocar a sua própria alma pela beleza eterna, assim sendo, é o seu retrato que passa a sofrer as devastadoras consequências da acção do tempo, no entanto, a sua beleza estará para sempre amaldiçoada por uma constante infelicidade e uma permanente insatisfação.
O grande enfoque narrativo de “Dorian Gray” é a complexa abordagem psicológica que é efectuada ao seu protagonista, uma análise constante e evolutiva às significativas alterações na sua personalidade e às devastadoras consequências que a corrupção moral e a influência social acabam por ter no seu comportamento. A sua regressão comportamental é causada por inúmeras ocorrências que eventualmente o transformaram numa criatura sobrenatural que é obcecada pela sua beleza eterna, um obsessão superficial que envenena progressivamente a sua mentalidade. O romance também está amplamente presente em “Dorian Gray” através das principais relações amorosas que o protagonista estabelece, relações essas que demonstram as suas fragilidades psicológicas e as suas limitações emocionais. “Dorian Gray” não é tão obscuro ou tão sobrenatural como o seu antecessor, “The Picture of Dorian Gray” (1945), no entanto, consegue compensar essa ausência com uma abordagem mais intimista e subjectiva do interveniente principal, uma análise extremamente cativante que nos oferece uma visão muito peculiar sobre a fragilidade humana. O argumento desta produção não é completamente fidedigno ao produto literário que lhe serviu de inspiração, um pormenor que acaba por não afectar gravemente este produto cinematográfico que transmite ao espectador as mesmas mensagens e as mesmas moralidades que a história original pretende transmitir, assim sendo, somos confrontados com uma interessante narrativa que pretende demonstrar ao espectador as consequências que as obsessões e as influencias exteriores podem ter na nossa existência.
A história sobrenatural que foi imaginada por Oscar Wilde em 1890 é, no mínimo, fascinante. “Dorian Gray” é uma agradável adaptação desse excelente romance gótico e deverá conseguir agradar facilmente a qualquer espectador que esteja minimamente familiarizado com este icónico conto literário.

sábado, 5 de setembro de 2009

Sartre - O SER E O NADA

"Realmente, só pelo fato de ser consciente das causas que inspiram minhas ações, estas causas já são objetos transcendentes para minha consciência; elas estão fora. Em vão tentaria apreendê-las. Escapo delas pela minha própria existência. Estou condenado a existir para sempre além da minha essência, além das causas e motivos dos meus atos. Estou condenado a ser livre. Isso quer dizer que nenhum limite para minha liberdade pode ser estabelecido exceto a própria liberdade, ou, se voce preferir; que nós não somos livres para deixar de ser livres."

Therion - Clavicula Nox (tradução)

Horizontes negros se aproximam de mim
E a mágica será minha chave
Eu vou viajar através do portão
Para ser o descobridor do meu destino

Nox, a noite e a chave
Eu vou abrir seu velho mistério
Chave da noite, abra!

Em abismos profundos eu mergulho
E por trás da luz eu vou
Minha longa jornada nunca termina
Mas eu receberei aquilo que eu mandei

Nox, a noite e a chave
Eu vou abrir seu velho mistério
Chave da noite, abra!

Theatre Of Tragedy - Beauty of Deconstruction (Tradução)

Ecos que de alguma forma
podem nos rodear
Podem ressoar através da quietude
Tal como pensamentos que deslocam esse balanço

Idéias de idéias convolvem como fases intrincadas
Suas revelações exibidas em duas mil explosões
A mente está sumindo agora
Silenciosamente passando pelas janelas
E alguem está despedaçado em formatos prateados

Reforma em perfeita simetria
E nos trás a discórdia
Encontre um lugar para estar agora
Para ter uma vista da beleza da desconstrução
Em um excesso de ruídos que ninguém ouve
Onde o silêncio nos rodeia

Idílica translação
Da quietude para os ruídos
Em cada rua da cidade feita de aço e betão
Passando edifícios adjacentes que se decompõem
Sempre sincero
Recordo-me daqueles tempos

Todas as características despedaçadas
Ligeiramente a chave que desliga
Dispersa e esquecida
Os padrões vividamente deformados

Brilha uma luz em visões fantasiosas
Encontrou um lugar onde as estruturas vem ao chão!

Goethe - ANELO

Só aos sábios o reveles,
Pois o vulgo zomba logo:
Quero louvar o vivente
Que aspira à morte no fogo.

Na noite - em que te geraram,
Em que geraste - sentiste,
Se calma a luz que alumiava,
Um desconforto bem triste.

Não sofres ficar nas trevas
Onde a sombra se condensa.
E te fascina o desejo
De comunhão mais intensa.

Não te detêm as distâncias,
Ó mariposa! e nas tardes,
Ávida de luz e chama,
Voas para a luz em que ardes.

"Morre e transmuda-te": enquanto
Não cumpres esse destino,
És sobre a terra sombria
Qual sombrio peregrino.

Antero de Quental - O Que Diz A Morte

Deixai-os vir a mim, os que lidaram;
Deixai-os vir a mim, os que padecem;
E os que cheios de mágoa e tédio encaram
As próprias obras vãs, de que escarnecem...

Em mim, os sofrimentos que não saram,
Paixão, dúvida e mal, se desvanecem.
As torrentes da dor, que nunca param,
Como num mar, em mim desaparecem.

Assim a Morte diz. Verbo velado,
Silencioso intérprete sagrado
Das cousas invisíveis, muda e fria,

É, na sua mudez, mais retumbante
Que o clamoroso mar; mais rutilante,
Na sua noite, do que a luz do dia.

Nietzsche - Foge, meu amigo

Foge, meu amigo, para tua solidão:
vejo-te atacado por moscas
venenosas. Foge, vai para um lugar
onde sopre um ar forte e sadio!
Foge para tua solidão! Viveste
demasiado perto dos pequenos e
dos desprezíveis. Foge diante da
sua invisível vingança! Não são mais
do que vingança dirigida contra ti.
Não levantes o braço contra eles!
Eles são inumeráveis e o teu
destino não é seres um
enxota-moscas.



Assim Falava Zaratustra /excerto

Arthur Schopenhauer

" ...Uma das maiores tolices é preparar-se detalhadamente para a vida, porque seus caminhos são meticulosamente calculados e seus objetivos, raramente alcançados. A causa destas frustrações é que, por mais que se viva, o tempo sempre será curto para os planos traçados, cuja realizaçãoi demandaria muito mais do que é dado aos mortais sobre a Terra. Os fracassos e obstáculos impostos ao ser humano são tantos e tão variados que, dificilmente, permitem que ele se realize plenamente e atinja suas metas..."

Pablo Neruda - POEMA XVIII

Os dias não se descartam nem se somam, são abelhas
que arderam de doçura ou enfureceram
o aguilhão: o certame continua,
vão e vêm as viagens do mel à dor.
Não, não se desfia a rede dos anos: não hà rede.
não caem gota a gota de um rio: não há rio.
O sonho não divide a vida em duas metades,
nem a ação, nem o silêncio, nem a virtude:
a vida foi como uma pedra, um só movimento,
uma única fogueira que reverberou na folhagem,
uma flecha, uma só, lenta ou ativa, um metal
que subiu e desceu queimando em teus ossos.

Tystnaden - Letters From Silent Heaven (tradução)

Quando a penumbra está muda,alguns contam a verdade
Nós não podemos ouvir eles
A neblina atenuada oculta o que vem dos labios deles
Lágrimas e chuva das cinzas
Eles são os primeiros quem perdem todas as guerras
Eles são os primeiros quem perdem todas as guerras
Eles estão mandando para nós cartas do mundo deles
Eles estão mandando para nós cartas do mundo deles, eles são os habitates do reino silencioso

Tão lamentando comigo e aproximando-se, abaixo da chuva juntos nós ouviremos seus choros silenciosos

Eles tentam para luz todo tempo incerto
Eles estão tentando contar a verdade
Contudo eles estão na prisão e vitimas do reino deles
Contudo eles estão na prisão e vitimas do reino deles para salvar nós pelas suas mentiras

Sentir suas lágrimas e choros, para sempre eles preocuparão, eles salvarão nós pelas suas mentiras

Pode qualquer um ver este paraíso silencioso?
POr favor dirija minha mente para um lugar a salvo
Esculpa todos nossos sonhos em silenciosas pinturas
Céu liberte suas almas das barras do silencio

Eles são os primeiros quem perdem todas as guerras
Eles são os primeiros quem perdem todas as guerras
Eles estão mandando para nós cartas do mundo deles
Eles estão mandando para nós cartas do mundo deles, eles são os habitates do reino silencioso

Então, venha comigo e ouça: eles estão chorando sozinhos
Eles são anjos, eles são os primeiros quem escrevem cartas do paraíso silencioso

Pode qualquer um ver este paraiso silenciso?
Por favor dirija minha mente para um lugar a salvo
Esculpa todos nossos sonhos em pinturas silenciosas
Céu liberte suas almas das barras do silencio.

Fernando Pessoa - Esta Velha Angústia

Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum,

Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...
Isto.

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém,
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim...


Pobre velha casa da minha infância perdida!
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto!
Que é do teu menino? Está maluco.
Que é de quem dormia sossegado sob o teu teto provinciano?
Está maluco.
Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou.

Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer!
Por exemplo, por aquele manipanso
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África.
Era feiíssimo, era grotesco.
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê.
Se eu pudesse crer num manipanso qualquer -
Júpiter, Jeová, a Humanidade -
Qualquer serviria,
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?

Estala, coração de vidro pintado!

Remorso Póstumo - Charles Baudelaire

Quando fores dormir, ó bela tenebrosa
Em fundo de uma cripta em mármore lavrada
Quando tiveres só por alcova e morada
O vazio abismal de carneira chuvosa;

Quando a pedra, a oprimir tua fronte medrosa
E teus flancos a arfar de exaustão encantada,
Mudar teu coração numa furna calada
Amarrando-te os pés na rota aventurosa,

A tumba, confidente do sonho infinito
(Pois toda a vida a tumba há de entender o poeta),
Pela noite imortal de que o sono é prescrito,

Te dirá: "De que serve, hetaira incompleta,
Não teres conhecido o que choram os mortos?"
E os vermes te roerão assim como os remorsos.

Augusto dos Anjos - Monólogo de uma Sombra

"Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
Do cosmopolitismo das moneras...
Pólipo de recônditas reentrâncias,
Larva de caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!


A Simbiose das coisas me equilibra.
Em minha ignota mônada, ampla, vibra
A alma dos movimentos rotatórios...
E é de mim que decorrem, simultâneas,
A saúde das forças subterrâneas,
E a morbidez dos seres ilusórios!


Pairando acima dos mundanos tetos,
Não conheço o acidente da Senectus
- Esta universitária sanguessuga
Que produz, sem dispêndio algum de vírus,
O amarelecimento do papírus
E a miséria anatômica da ruga!
Na existência social, possuo uma arma
- O metafisicismo de Abidarma -
E trago, sem bramânicas tesouras,
Como um dorso de azêmola passiva,
A solidariedade subjetiva
De todas as espécies sofredoras.
Com um pouco de saliva quotidiana
Mostro meu nojo à Natureza Humana.
A podridão me serve de Evangelho...
Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques
E o animal inferior que urra nos bosques
É com certeza meu irmão mais velho!
Tal qual quem para o próprio túmulo olha,
Amarguradamente se me antolha,
À luz do americano plenilúnio,
Na alma crepuscular de minha raça
Como uma vocação para a Desgraça
E um tropismo ancestral para o Infortúnio.
Aí vem sujo, a coçar chagas plebéias,
Trazendo no deserto das idéias
O desespero endêmico do inferno,
Com a cara hirta, tatuada de fuligens
Esse mineiro doido das origens,
Que se chama o Filósofo Moderno!
Quis compreender, quebrando estéreis normas,
A vida fenomênica das Formas,
Que, iguais a fogos passageiros, luzem...
E apenas encontrou na idéia gasta,
O horror dessa mecânica nefasta,
A que todas as coisas se reduzem!
E hão de achá-lo, amanhã, bestas agrestes,
Sobre a esteira sarcófaga das pestes
A mostrar, já nos últimos momentos,
Como quem se submete a uma charqueada,
Ao clarão tropical da luza danada,
O espólio dos seus dedos peçonhentos.
Tal a finalidade dos estames!
Mas ele viverá, rotos os liames
Dessa estranguladora lei que aperta
Todos os agregados perecíveis,
Nas esterizações indefiníveis
Da energia intra-atômica liberta!
Será calor, causa ubíqua de gozo,
Raio X, magnetismo misterioso,
Quimiotaxia, ondulação aérea,
Fonte de repulsões e de prazeres,
Sonoridade potencial dos seres,
Estrangulada dentro da matéria!
E o que ele foi: Clavículas, abdômen,
O coração, a boca, em síntese, o Homem,
- Engrenagem de vísceras vulgares - Os dedos carregados de peçonha,
Tudo coube na lógica medonha
Dos apodrecimentos musculares!
A desarrumação dos intestinos
Assombra! Vede-a! Os vermes assassinos
Dentro daquela massa que o húmus come,
Numa glutoneria hedionda, brincam,
Como as cadelas que as dentuças trincam
No espasmo fisiológico da fome.
É uma trágica festa emocionante!
A bacteriologia inventariante
Toma conta do corpo que apodrece...
E até os membros da família engulham,
Vendo as larvas malignas que se embrulham
No cadáver malsão, fazendo um s.
E foi então para isto que esse doudo
Estragou o vibrátil plasma todo,
À herança miserável de micróbios!
Estoutro agora é o sátiro peralta
Que o sensualismo sodomista exalta
, Nutrindo sua infâmia a leite e a trigo...
Como que, em suas células vilíssimas,
Há estratificações requintadíssimas,
De uma animalidade sem castigo.
Brancas bacantes bêbedas o beijam.
Suas artérias hírcicas latejam,
Sentindo o odor das carnações abstêmias,
E à noite, vai gozar, ébrio de vício,
No sombrio bazar do meretrício,
O cuspo afrodisíaco das fêmeas.
No horror de sua anômala nevrose,
Toda a sensualidade da simbiose,
Uivando, à noite, em lúbricos arroubos,
Como no babilônico sansara,
Lembra a fome incoercível que escancara
A mucosa carnívora dos lobos.
Sôfrego, o monstro as vítimas aguarda.
Negra paixão congênita, bastarda,
Do seu zooplasma ofídico resulta...
E explode, igual à luz que o ar acomete,
Com a veemência mavórtica do aríete
E os arremessos de uma catapulta.
Mas muitas vezes, quando a noite avança,
Hirto, observa através a tênue trança
Dos filamentos fluídicos de um halo
A destra descarnada de um duende,
Que, tateando nas tênebras, se estende
Dentro da noite má, para agarrá-lo!
Cresce-lhe a intracefálica tortura,
E de su'alma na caverna escura,
Fazendo ultra-epiléticos esforços,
Acorda, com os candeeiros apagados,
Numa coreografia de danados,
A família alarmada dos remorsos.
É o despertar de um povo subterrâneo!
É a fauna cavernícola do crânio
- Macbeths da patológica vigília,
> Mostrando, em rembrandtescas telas várias,
As incestuosidades sanguinárias
Que ele tem praticado na família.
As alucinações tácteis pululam.
Sente que megatérios o estrangulam...
A asa negra das moscas o horroriza;
E autopsiando a amaríssima existência
Encontra um cancro assíduo na consciência
E três manchas de sangue na camisa!
Míngua-se o combustível da lanterna
E a consciência do sátiro se inferna,
Reconhecendo, bêbedo de sono,
Na própria ânsia dionísica do gozo,
Essa necessidade de horroroso,
Que é talvez propriedade do carbono!
Ah! Dentro de toda a alma existe a prova
De que a dor como um dartro se renova,
Quando o prazer barbaramente a ataca...
Assim também, observa a ciência crua,
Dentro da elipse ignívoma da lua
A realidade de uma esfera opaca.
Somente a Arte, esculpindo a humana mágoa,
Abranda as rochas rígidas, torna água
Todo o fogo telúrico profundo
E reduz, sem que, entanto, a desintegre,
À condição de uma planície alegre,
A aspereza orográfica do mundo!
Provo desta maneira ao mundo odiento
Pelas grandes razões do sentimento,
Sem os métodos da abstrusa ciência fria
E os trovões gritadores da dialética,
Que a mais alta expressão da dor estética
Consiste essencialmente na alegria.
Continua o martírio das criaturas:
- O homicídio nas vielas mais escuras,,
- O ferido que a hostil gleba atra esccarva,
- O último solilóquio dos suicidas - <
E eu sinto a dor de todas essas vidas
Em minha vida anônima de larval!"
Disse isto a Sombra. E, ouvindo estes vocábulos,
Da luz da lua aos pálidos venábulos,
Na ânsia de um nervosíssimo entusiasmo,
Julgava ouvir monótonas corujas,
Executando, entre caveiras sujas,
A orquestra arrepiadora do sarcasmo!
Era a elegia panteísta do Universo,
Na podridão do sangue humano imerso,
Prostituído talvez, em suas bases...
Era a canção da Natureza exausta,
Chorando e rindo na ironia infausta
Da incoerência infernal daquelas frases.
E o turbilhão de tais fonemas acres
Trovejando grandíloquos massacres,
Há de ferir-me as auditivas portas,
Até que minha efêmera cabeça
Reverta à quietação da treva espessa
E à palidez das fotosferas mortas!"

sem título

O véu da noite que toca minha pele
revela os segredos que nunca quis saber...
Você pode encontrar uma verdade dentro de mim
ou nas minhas mentiras,
Mas eu não serei aquela que lhe revelará.
O seu destino já não é mais tão perfeito,
E o pesadelo de agora já não assusta mais como outrora...
Você pode ser meu melhor amigo,
ou simplesmente me deixar de lado...
Mas a vida é um sorteio de poucas oportunidades.
Tenho as perguntas secretas
E o véu da noite desceu sobre mim
para, enfim, respondê-las.

J.A.Cabral (2008)


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Placebo - Twenty Years (tradução)

Há vinte anos atrás
E vinte maneiras de saber
quem usará o chapéu.

Há vinte anos atrás
A melhor de todas, eu espero.
Apreciar a viagem, o espetáculo da medicina.

E eles mesmos rompem para nós o falso desenhista.
Nós necessitamos nos concentrar mais nesse encontro ao sentido.

Há vinte anos atrás,
O fiel e o fraco.
O melhor dos começos, o coração partido, a pedra.
Há vinte anos atrás,
O ponche bebido e o soco.
O pior dos começos, a parte do perdão, o telefone.

E eles mesmos rompem para nós o falso desenhista.
Nós necessitamos nos concentrar mais nesse encontro ao sentido.
E eles mesmos rompem para nós o falso desenhista.
Mas é você que eu suporto porque a verdade é sua e não minha.

Há vinte anos atrás.
Uma idade preciosa, eu sei.
Mas tudo passará, o fim será rápido, você sabe.

Há vinte anos atrás,
E muitos amigos eu espero.
Embora alguns possam segurar a rosa, ter alguma esperança.

E esse é o fim e aquele é o começo deles.
Esse é o todo e aquela é à parte deles.
Esse é o importante e aquele é o coração deles.
Esse é o longo e aquele é o curta metragem deles.
Esse é o melhor e aquele é o ensaio deles.
Essa é a dúvida, a dúvida,
A confiança nela.
Essa é a vista e aquele é o som deles.
Esse é o dom e aquele é o truque deles.

Você é a verdade, não eu.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Platão - MITO DE EROS (O Banquete)

É uma longa história, disse ela, mas mesmo assim vou lhe contar. Quando Afrodite nasceu, os deuses fizeram uma grande festa e entre os convivas estava Poros, o deus da Riqueza, filho do Engenho (Metis). No final do banquete, veio a Penúria (Penia) mendigar, como sempre faz quando há alegria, e ficou perto da porta. Então, embriagado de néctar -- pois vinho não existia ainda --, Poros, o deus da Riqueza, entrou no jardim de Zeus e ali, vencido pelo torpor, adormeceu. Então Penúria, tão sem recurso de seu, arquitetou o plano de ter um filho de Poros e, deitando-se ao seu lado, concebeu Amor. Assim sucedeu que desde o início Amor serviu e assistiu Afrodite, por ter sido gerado no dia em que ela nasceu e ser, além disso, por natureza, um amante do belo, e bela é Afrodite.
Ora, como filho de Poros e da Penúria, Amor está numa situação peculiar. Primeiro, é sempre pobre e está longe da suavidade e beleza que muitos lhe supõem: ao contrário, é duro e seco, descalço e sem teto; sempre se deita no chão nu, sem lençol, e descansa nos degraus das portas ou à margem dos caminhos, ao ar livre; fiel à natureza da mãe, vive na penúria. Mas herdou do pai os esquemas de conquista de tudo o que é belo e bom; porque é bravo, impetuoso, muito sensível, caçador emérito, sempre tramando algum estratagema; desejoso e capaz de sabedoria, a vida toda perseguindo a verdade; um mestre do malabarismo, do feitiço e do discurso envolvente. Nem imortal nem mortal de nascimento, no mesmíssimo dia está cheio de vida quando a sorte lhe sorri, para logo ficar moribundo e em seguida renascer de novo por força da natureza paterna: mas os recursos que obtém sempre se perdem; de modo que Amor nunca é pobre ou rico e, além disso, está sempre a meio caminho da sabedoria e da ignorância. A questão é que nenhum deus persegue a sabedoria ou deseja tornar-se sábio, pois já o é; e ninguém mais que seja sábio persegue a sabedoria. Nem o ignorante persegue a sabedoria ou deseja ser sábio; nisso, aliás, a ignorância é confrangedora: estar satisfeita consigo mesma sem ser uma pessoa esclarecida nem inteligente. O homem que não se sente deficiente não deseja aquilo de que não sente deficiência.
Quem, então, Diotima, perguntei, são os seguidores da sabedoria, se não são nem os sábios nem os ignorantes?
Ora, a esta altura uma criança mesmo poderia dizer, replicou ela, que são as pessoas de tipo intermediário, entre as quais se inclui Amor. Porque a sabedoria diz respeito às coisas mais belas e Amor é o amor do belo; de modo que a necessidade de Amor tem que ser amiga da sabedoria e, como tal, deve situar-se entre o sábio e o ignorante. Pelo que, também, deve agradecer sua origem: pois se teve um pai sábio e rico, sua mãe é tola e pobre. Tal, meu bom Sócrates, é a natureza desse espírito. Que você tenha formado outro conceito de Amor não é surpreendente. Você supôs, a julgar por suas próprias palavras, que Amor fosse o amado e não o amante. O que o levou, imagino, a afirmar que o Amor é tão belo. O amável, com efeito, é realmente belo, suave, perfeito e abençoado; mas o amante é diferente, como mostra o relato que fiz.
Ao que observei: Então muito bem, senhora, tem razão. Mas se Amor é assim como descreve, que utilidade tem para o ser humano?
Essa é a questão seguinte, Sócrates, retrucou, que tentarei esclarecer. Se Amor é de natureza e origem tais como relatei, é também inspirado pelas coisas belas, como diz. Agora, suponha que alguém nos perguntasse: Sócrates e Diotima, em que sentido Amor é o amor do belo? Mas deixe-me colocar a questão de forma mais clara: o que é o amor do amante do belo? [...]
Nesses assuntos de amor até você, Sócrates, poderia eventualmente ser iniciado, mas não sei se entenderia os ritos e revelações dos quais eles não passam de intróito para os verdadeiramente instruídos. No entanto, vou lhe falar deles, disse ela, e não pouparei os meus melhores esforços. Apenas faça o possível da sua parte para acompanhar. Aquele que bem procede nesse campo deve não somente começar por freqüentar belos corpos na juventude. Em primeiro lugar, de fato, se for bem orientado, deve amar um corpo em particular e engendrar uma bela conversa: mas em seguida vai notar como a beleza desse ou daquele corpo é semelhante à de qualquer outro e que, se pretende buscar a idéia da beleza, é rematada tolice não encarar como uma só coisa a beleza que pertence a todos. Tendo percebido essa verdade, deve tornar-se amante de todos os belos corpos e arrefecer o seu sentimento por um único, desprezando isso como uma bobagem. Seu próximo passo será dar um valor maior à beleza das almas do que à do corpo, de forma que, por menor que seja a graça de qualquer alma promissora, bastará para o seu amor e cuidado e para despertar e pedir um discurso que sirva à formação dos jovens. E por último pode ser levado a contemplar o belo que existe em nossos costumes e leis e observar que tudo isso tem afinidade, assim concluindo que a beleza do corpo é questão menor. Dos costumes pode passar aos ramos do conhecimento e aí também encontrar uma província da beleza. Vendo assim a beleza no geral, poderá escapar da mesquinha e miúda escravidão de um único exemplo em que concentre como um servo todo o seu cuidado, como a beleza de um jovem, de um homem ou de uma prática. Dessa forma voltando-se para o oceano maior da beleza, pode pela contemplação despertar em todo o seu esplendor muitos e belos frutos do discurso e da meditação, numa rica colheita filosófica; até que, com a força e ascensão assim obtidos, vislumbra o conhecimento específico de uma beleza ainda não revelada. E agora peço que preste a maior atenção, disse ela.
Quando um homem foi assim instruído no conhecimento do amor, passando em revista coisas belas uma após outra, numa ascensão gradual e segura, de repente terá a revelação, ao se aproximar do fim de suas investigações do amor, de uma visão maravilhosa, bela por natureza; e esse, Sócrates, é o objetivo final de todo o afã anterior. Antes de mais nada, ela é eterna e nunca nasce ou morre, envelhece ou diminui; depois, não é parcialmente bela e parcialmente feia, nem é assim num momento e assado em outro, nem em certos aspectos bela e em outros feia, nem afetada pela posição de modo a parecer bela para alguns e feia para outros. Nem achará o nosso iniciado essa beleza na aparência de um rosto ou de mãos ou de qualquer outra parte do corpo, nem numa descrição específica ou num determinado conhecimento, nem existente em algum lugar em outra substância, seja um animal, a terra, o céu ou outra coisa qualquer, mas existente sempre de forma singular, independente, por si mesma, enquanto toda a multiplicidade de coisas belas dela participam de tal modo que, embora todas nasçam e morram, ela não aumenta nem diminui e não é afetada por coisa alguma. Assim, quando um homem, pelo método correto do amor dos jovens, ascende desses particulares e começa a divisar aquela beleza, é quase capaz de captar o segredo final. Essa é a abordagem ou indução correta dos assuntos do amor. Começando pelas belezas óbvias, ele deve, pelo bem da mais elevada beleza, ascender sempre, como nos degraus de uma escada, do primeiro para o segundo e daí para todos os corpos belos; da beleza pessoal chega aos belos costumes, dos costumes ao belo aprendizado e do aprendizado, por fim, àquele estudo particular que se ocupa da própria beleza e apenas dela; de forma que finalmente vem a conhecer a essência mesma da beleza. Nessa condição de vida acima de todas as outras, meu caro Sócrates, disse a mulher de Mantinéia, um homem percebe realmente que vale a pena viver ao contemplar a beleza essencial. Esta, uma vez contemplada, superará em brilho o seu ouro e as suas vestes, os seus belos rapazes e garotos cuja aparência agora tanto o perturba e o torna disposto, como muitos outros, à simples visão e companhia dos seus favoritos, a passar mesmo sem comida e bebida, se isso fosse de algum modo possível, apenas para poder olhá-los e desfrutar de sua presença. Mas diga-me o que aconteceria se um de vocês tivesse a sorte de contemplar a beleza essencial inteira, pura e genuína, não contaminada pela carne e a cor da humanidade e todo esse refugo mortal. E se pudessem divisar a própria beleza divina em sua forma única? Acha que é uma vida lamentável para um homem -- ver as coisas dessa maneira, adquirir essa visão pelos meios adequados e tê-la sempre consigo? Apenas considere, disse ela, que isso fará somente com que, ao ver a beleza através daquilo que a torna visível, não alimente ilusões mas exemplos de virtude, porquanto seu contato não é com a ilusão mas com a verdade. Assim, quando adquirir uma verdadeira virtude e desenvolvê-la, estará destinado a conquistar a amizade do Céu. Este, acima de todos, é um homem imortal.
Foi isso, Fedro e demais companheiros, o que Diotima me disse e do que estou convencido; e tento, de minha parte, persuadir os vizinhos de que para alcançar essa visão a melhor ajuda que a natureza humana pode esperar é do Amor. Por isso digo-lhes agora que todo homem deve reverenciar o Amor, como eu de minha parte reverencio com especial devoção todas as questões do amor e exorto todos os outros homens a fazer o mesmo. Agora e sempre glorifico ao máximo o poder e o valor do Amor. Assim eu lhe peço, Fedro, que tenha a bondade de considerar este relato um elogio do Amor ou chame-o como melhor lhe aprouver.