sábado, 30 de abril de 2011

André Comte-Sponville - Bom dia, angústia!

Por que alguma coisa em vez de nada ?
Por que isto em vez de outra coisa ? 
Eu em vez de outro ?
Viver em vez de morrer ?
Assim e não de outra maneira ?

Mas ninguém para salvar e é a própria salvação.
É preferir dizer o mal que é do que o bem que não é.

A Moral não pertence a ninguém.
Mas a esquerda não a pode dispensar enquanto a direita
como tal, não precisa dela.

O que o dinheiro nos ensina não é que somos egoístas,
mas a que ponto somos.
O valor de um ser humano, sua dignidade é o que nele não está a venda, o que não tem preço. Se tudo se vende é porque nada vale.

Como o coração humano é oco e cheio de lixo.

O dinheiro não é um bem dentre outros, é o equivalente a todos. Não é um bem real, é o acesso indefinido a todos os bens possíveis. Não é, ou não somente, uma posse presente é a posse antecipada do futuro.
O dinheiro que temos é a promessa de tudo que teremos.
Já o usufruímos no imaginário pelo que a riqueza é também um prazer.
Ser rico é usufruir no presente de todo futuro disponível.

No entanto, mas vale amar o dinheiro pelo descanso que ele permite do que por aquele que ele faz perder.

Um gosto de morte, um gosto de solidão, um gosto de verdade, um gosto de vaidade, um gosto de decepção, um gosto de cansaço, um gosto de lassidão e tudo se mescla com os prazeres, envolve-os, acompanha-os, mascara-os ou ressalta-os conforme os momentos.

O corpo é um bom juiz e o único.

Não se morre uma vez, afinal de contas, morre-se todos os dias, cada instante de cada dia. A criança que eu era está morta no adulto que me tornei, aquele que eu era ontem está morto hoje ou sobrevivem em mim apenas na medida em que lhes sobrevivo, cada qual transporta seu cadáver consigo e jamais retornarão os amores antigos.

Nenhum SE é real. 

O amor decepciona, a política decepciona, a arte decepciona, a filosofia decepciona. Pelo menos decepcionam primeiro e por muito tempo até o dia em que os amamos pelo que são, pelo que realmente são, pelo que são apesar de tudo e já não pelo que se tinha esperado deles. 
Não se trata de acreditar.
Trata-se de conhecer e amar.

TODA ESPERANÇA É DECEPCIONADA SEMPRE !!!!!!
Só existe felicidade inesperada.

Amar é aceitar, suportar quando preciso
Alegrar-se quando se pode
Sabedoria trágica é a única que não mente.

Felicidade e infelicidade
Vida e morte
Prazer e sofrimento

Aquele que só amasse a felicidade não amaria a vida e com isso se proibiria de ser feliz. A vida não é um supermercado cujo os clientes seríamos nós. O universo nada tem para nos vender e nada diferente para oferecer senão ele próprio, nada diferente senão tudo.

Como a vida tem gosto de felicidade assim a felicidade tem gosto de desespero.
A vida é o contrário de uma utopia.
A vida é o conjunto das funções que resistem a morte.

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