Um suspiro... uma prece...
Leva-os o vento pela noite escura!
Sonho!... um sonho que esquece!
Mas não se esquece o sonho da Ventura!
Que fantasma nos brada - avante! avante!
Esquecer! esquecer! - ?
O coração não quer!
Não quer... não pode... luta vacilante!
Onde teve seu ninho e seu amor,
Aí há-de ficar, sombrio, incerto
Há-de ficar, pairar no céu deserto,
Ave eterna de dor!
- Nunca mais! nunca mais!
Que diz a onda à praia? há um destino
Triste, partido, em seu gemer divino,
E um mistério infeliz naqueles ais!
- Nunca mais! nunca mais!
E o coração que diz às mortas flores
Do seu jardim d'amores?
Como a onda - jamais!
Se eu pudesse sonhar? Ah! posso ainda
Sonhar... se for contigo!
Sempre! sempre a meu lado, imagem linda...
A noite é longa... vem falar comigo!
Estende os teus cabelos...
O céu da tua Itália, não, não brilha
Como brilham meus sonhos, vagos, belos,
Se me falas à noite em sonhos, filha!
Levaram-te! levou-te a onda dos mares!
A asa da águia! o vento!
Geme cativa - chora sem alento,
Pomba d'amor, saudosa dos teus lares!
Teu ninho agora é triste, glacial...
Um leito conjugal!
Antes a terra escura, pobre escrava,
Aonde - sob a abóbada sombria -
Tua alma os vôos livres estendia...
E o coração amava!
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