quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Shakespeare - Soneto XV

Quando observo que tudo quanto cresce
Desfruta a perfeição de um só momento,
Que neste palco imenso se obedece
A secreta influição do firmamento;

Quando percebo que ao homem, como a planta,
Esmaga o mesmo céu que lhe deu glória,
Que se ergue em seiva e, no ápice, aquebranta
E um dia enfim se apaga da memória:

Esse conceito da inconstante sina
Mais jovem faz-te ao meu olhar agora,
Quando o tempo se alia com a Ruína

Para tornar em noite a tua aurora
E crua guerra contra o Tempo enfrento,
Pois tudo que te toma eu te acrescento.

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