Difícil. Pra mim, essa palavra resume o disco clássico do Joy
Division. Difícil descrever o tom quase mítico e religioso que envolve a
aura dessa banda. Sentimentos muito claros e ao mesmo tempo escuros
estão presentes nessa obra-prima.
O disco de estreia do quarteto de Manchester está repleto de texturas
e nuances que só são percebidas em posteriores audições, nunca de cara.
O prazer nunca vem fácil.
O pós-punk sempre teve sua força nas repetições, nos tons monocórdios nos gritos desesperados…
O produtor Martin Hannett somou a poesia de Ian Curtis camadas de
ruídos e efeitos sonoros “estranhos”, o que ajudou a criar toda uma
atmosfera sinistra e claustrofóbica em alguns momentos, ou melhor, em
todos os momentos. O vocal abafado e a bateria simples e constante só
reafirmam a toda hora a frieza digital, como em “Insight” e seus efeitos
de videogame. Estranho.
A guitarra sublime em “New Dawn Fades”, com a já intrigante linha de
baixo de um novato Peter Hook, nos leva, talvez, para um futuro
promissor e esperançoso. Talvez.
Na sequência temos “She Lost Control” e tudo vem a baixo, de novo e de novo… ela perde controle. E nós também.
Num eterno jogo de sombras, somos bombardeados por “Shadowplay” e
gostamos desse retrato em preto e branco, e dançamos, de uma forma
esquisita, como Ian Curtis… como a mulher da música passada, como das
próximas… das poucas próximas. O Joy Division não entrega nada de mão
beijada, fácil. Não, obrigado.
fonte: http://efemeridesdoefemello.com/2014/06/15/joy-division-lanca-unknown-pleasures/
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