É tão jovem, tão inexperiente ainda diante das coisas, que desejaria
pedir-lhe, o melhor que soubesse, uma grande paciência para tudo o que
ainda não estiver decidido no seu coração. Esforça-se por amar as suas
próprias dúvidas, como se cada uma delas fosse um quarto fechado, um
livro escrito em idioma estrangeiro. Não procure, por ora, respostas que
não lhe podem ser dadas, porque não saberia ainda colocá-las em prática
e vivê-las. E trata-se, precisamente, de viver tudo.
No momento, viva apenas as suas interrogações. Talvez que, somente
vivendo-as, acabe um dia por penetrar, sem perceber, nas respostas. É
possível que carregue em si o dom de formar, o dom de criar – forma de
vida particularmente feliz. Persista neste sentido, mas, sobretudo,
entregue-se a tudo o que vier. Quando o que vem é resultado de um apelo
do seu ser, de qualquer necessidade, tome-o para o seu ativo e não lhe
queira mal. É certo que as veredas da carne são difíceis, mas só o
difícil nos interessa. Quase tudo o que é grave é difícil; e tudo é
grave. Se conseguir reconhecê-lo, se chegar por si próprio, pelos seus
dons inatos, pela sua natureza, pela sua experiência desde a infância,
pela sua energia,, a criar um acordo entre si e a carne, acordo que seja
bem seu, livre de convenções e de modas, – então não deve recear
perder—e, ser indigno do seu bem mais valioso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário