Ao poeta foi reservado o incerto,
Desde a aurora do porvir ao seu crepúsculo.
E na fugacidade indizível do deserto,
Encontra a Borboleta já morta em seu casulo.
No sonho recria males,e semeia poesia no vento
Tudo para alcançar a Verdade, tocá-la de perto
Não desiste, e não conseguir é seu maior tormento
E segue então, olhos tão vagos, porém, despertos.
Volta, enfim, a face aos tempos encantados
Bem longe da vida - cruel turbilhão estéril,
Do sabor salino do amor - já desamado.
E, sem mais sonhar, retorna a terra do Mistério.
J.A.Cabral 11/08
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