domingo, 26 de setembro de 2010

Depeche Mode - Precious(tradução)

Coisas preciosas e frágeis
Precisam de um cuidado especial
Meu Deus, o que fizemos com você?

Nós sempre procuramos compartilhar
A ternura do carinho
Agora veja em que situação o colocamos

As coisas se deterioram
As coisas se quebram
Eu pensei que pudéssemos consertar
Mas as palavras que não foram ditas
Nos deixaram tão frágeis
Havia ficado tão pouco para dar...

Anjos com asas prateadas
Não deveriam conhecer o que é sofrer
Quem dera eu pudesse suportar a dor por você

Se Deus tem um plano mestre
Que só ele entenda
Eu espero que seja pelos seus olhos que ele esteja vendo

As coisas se deterioram
As coisas se quebram
Eu pensei que pudéssemos consertar
Mas as palavras que não foram ditas
Nos deixaram tão frágeis
Havia ficado tão pouco para dar...

Eu torço para que você aprenda a confiar
Tenha fé em nós dois
E mantenha um espaço em seu coração para dois

As coisas se deterioram
As coisas se quebram
Eu pensei que pudéssemos consertar
Mas as palavras que não foram ditas
Nos deixaram tão frágeis
Havia ficado tão pouco para dar...

sábado, 25 de setembro de 2010

Especial Walter Benjamin

"Deus é quem nutre todos os homens, 
e o Estado é quem os reduz à fome."

Biografia - Walter Benjamin

Walter Benjamin (Berlim, 15 de julho de 1892 — Portbou, 27 de setembro de 1940) foi um ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo judeu alemão.
Associado à Escola de Frankfurt e à Teoria Crítica, foi fortemente inspirado tanto por autores marxistas, como Georg Lukács e Bertolt Brecht, como pelo místico judaico Gerschom Scholem. Conhecedor profundo da língua e cultura francesas, traduziu para alemão importantes obras como Quadros Parisienses de Charles Baudelaire e Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust. O seu trabalho, combinando ideias aparentemente antagónicas do idealismo alemão, do materialismo dialético e do misticismo judaico, constitui um contributo original para a teoria estética. Entre as suas obras mais conhecidas, contam-se A Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica (1936), Teses Sobre o Conceito de História (1940) e a monumental e inacabada Paris, Capital do século XIX, enquanto A Tarefa do Tradutor constitui referência incontornável dos estudos literários.

fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Walter_Benjamin

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Jorge Luis Borges - Bem no fundo do sonho estão os sonhos

Bem no fundo do sonho estão os sonhos. A cada
Noite quero perder-me nas águas obscuras
Que lavam o dia, mas sob essas puras
Águas que nos concedem o penúltimo Nada
Pulsa na hora cinza o obsceno portento.
Pode ser um espelho com meu rosto distinto,
Pode ser a crescente prisão de um labirinto
Ou um jardim. O pesadelo sempre atento.
Seu horror não é deste mundo. Causa inominada
Alcança-me desde ontens de mito e de neblina;
A imagem detestada perdura na retina
A infama a vigília como a sombra infamada.
Por que brota de mim, quando o corpo repousa
E a alma fica só, esta insensata rosa?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sophia Andresen - As Rosas

Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas."

Goethe - OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER(frag)

A solidão, neste verdadeiro paraíso, é um bálsamo para o meu coração sempre fremente, que transborda ao calor exuberante da primavera.
Cada árvore, cada sebe forma um tufo de flores, e a gente tem vontade de transformar-se em abelha
para flutuar neste oceano de perfumes e deles fazer o unico alimento.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Baudelaire - Brumas e Chuvas

Ó inverno, ó fim de outono, ó primavera em lama,
Dormidas estações! A minha alma vos ama
Por cobrirdes-me assim cérebro e coração
De sudário brumal, de tumba e de ilusão.

Nesta grande planura em que o Astro se derrama,
Noite em que o cata-vento é uma voz rouca r brama,
A minha alma, melhor que na morna estação,
Suas asas de corvo abrirá na amplidão.

Por certo ao coração, todo coisas esquálidas,
Sobre quem desce há muito o frio das nevadas,
Rainhas da atmosfera, ó estações descoradas,

Nada é mais doce que as vossas trevas tão pálidas,
Se a dois e dois por noite, após um triste ocaso,
Dormimos nossa dor por um leito de acaso.

domingo, 19 de setembro de 2010

Capital Inicial - Como Se Sente

Como se sente
De volta ao começo
As falhas, os erros
Tudo tem preço

Como se sente
Na volta por cima
Pensando ao contrário
A vida ensina

Como se sente
Voltando atrás
Aprenda a lição
Nunca diga nunca mais

Como se sente
A falta que faz
O mundo dá voltas
Nunca diga nunca mais

Sempre presente
O medo de falar
Na frente de todos
O que ninguém quer escutar

Às vezes se sente
No vento que sopra
Nas nuvens no céu
O que vem pela frente

Refrão

Por mais que se tente
Não dá pra sair
Depois de descobrir

Que não há nada a provar

Refrão
Como se sente...

sábado, 18 de setembro de 2010

O Yom Kipur

O Yom Kipur ou Kippur (do hebraico יום כיפור , IPA: [ˈjɔm kiˈpur]) é um dos dias mais importantes do judaísmo. No calendário hebreu começa no crepúsculo que inicia o décimo dia do mês hebreu de Tishrei (que coincide com Setembro ou Outubro), continuando até ao seguinte pôr do sol. Os judeus tradicionalmente observam esse feriado com um período de jejum de 25 horas e reza intensa.

Dia do Perdão

Durante um longo ano comete o homem toda sorte de erros, atropelos, voluntários, involuntários. O processo da teshuvá (arrependimento, retorno ao bem) não poderá realizar-se magicamente em um dia. A tradição judia coloca ao mês de EluI, último do ano, como prefácio para ir preparando o homem para a reflexão profunda, até o grande caminho interior. Cedo, nas manhãs de Elul se ouve o som do shofar: Desperta povo!
Uma semana antes de Rosh Hashaná, também durante a madrugada, se dizem as orações que se chamam "selichot" - perdões). O 1º de Tishrei é o grande dia, a base para um ano novo e um novo ano de vida. Depois seguirão nove dias até o dia do perdão. Dez dias, para aprofundar-se dentro de si, afastar o mal, aproximar o bem. O processo chega a sua culminância no dia 10º de Tishrei : Yom Kipur.
A expiação, Kipur, na raiz hebraica, refere-se ao "que cobre", ou seja, o castigo que envolve o ato perverso. Tudo o que se pode anular, deter ou parar é o castigo; mas não o ato cometido; esse ato está aí e a única maneira de superá-la é através de uma transcendental modificação da conduta pessoal posterior. Os atos são do homem, seguirão sendo dele, e a conseqüência, sua responsabilidade. Deus pode apagar o castigo, não o ato. O jejum - que acompanha todo o dia do perdão - por sua parte não faz milagre. O jejum do dia não sacrifica nada a favor de Deus, sendo que tal idéia seria eminentemente pagã. O que faz é reconcentrar o homem em seu espírito, afastá-lo, por algumas horas, da servidão do homem ao corpo e a suas necessidades.
Observa-se também que as más ações ou transgressões têm duas polaridades: uma do homem em relação ao homem e a outra, do homem em relação a Deus. A primeira é a da vida diária, exterior, social e inter-humana. A outra, do âmbito da alma, é o segredo da consciência. A primeira é coisa de homens, e os homens têm de resolvê-la: "As transgressões que vão de homem a homem, não são expiadas pelo Yom Kipur, se antes não forem perdoadas pelo próximo ".
Daí que se costuma pedir previamente o perdão de nossos semelhantes, se eles não perdoam, Deus não poderá intervir.

Jejum no Yom Kipur

É o dia do perdão - quando Deus perdoa a todo Israel. Durante esse dia, nada pode ser comido ou bebido, inclusive água. Não é permitido lavar a boca, escovar os dentes ou banhar o corpo. Somente o rosto e as mãos podem ser lavados pela manhã, antes das orações. Não se pode carregar nada, acender fogo, fumar, nem usar eletricidade. O jejum não é permitido para crianças menores de 9 anos, pessoas gravemente enfermas, mulheres grávidas e aquelas que deram a luz há menos de trinta dias.
Se uma pessoa enquanto estiver jejuando passar mal, a ponto de quase desmaiar, deve-se lhe dar comida até que se recupere. Se houver perigo de uma epidemia, e os médicos da cidade aconselharem que é necessário comer a fim de resistir à moléstia, exige-se que todos comam.
Existem outras proibições, além daquelas contra trabalhar, comer ou beber. As relações conjugais são proibidas, bem como o uso de perfumes e ungüentos, exceto para fins médicos. Além disso, sapatos e outras peças da indumentária feitas de couro não podem ser usadas no Yom Kipur, pois não se pode usar nenhum material para o qual seja necessário matar um animal.
Após o Yom Kipur, espera-se que haja festa e alegria, não perdendo de vista o fato de que o feriado é um dia santo de júbilo.

(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Yom_Kipur)

The Cure - Friday I'm In Love (tradução)

Eu não me importo se Segundas são tristes
Terças são cinzas e Quartas também
Quinta eu não me importo com você
É Sexta-Feira eu estou apaixonado

Segunda-Feira você pode despedaçar-se
Terças, Quartas quebram meu coração
Quinta não devia nem começar
É Sexta-Feira eu estou apaixonado

Sábado espero
E os domingos sempre chegam muito tarde
Mas Sexta nunca hesite...

Eu não me importo se as segundas são negras
Terça, Quarta ataque do coração
Quinta nunca olhe para trás
É Sexta-Feira eu estou apaixonado

Segunda você pode por sua cabeça no lugar
Terça, Quarta fico na cama
Oh Quinta, assista às paredes
É Sexta-Feira eu estou apaixonado

Sábado espero
E os Domingos sempre chegam muito tarde
Mas Sexta nunca hesite...

Vestido para encher os olhos
É uma maravilhosa surpresa
Ver seus sapatos e a ascensão de seu espírito
Jogando fora sua carranca
E somente sorrindo ao som
E tão sagaz como um grito
Girando, rodando e rodando
Sempre dê uma grande mordida
É uma visão tão deslumbrante
Ver você comer no meio da noite
Você nunca pode ter o bastante
O bastante desta coisa
É Sexta-Feira e estou apaixonado

Eu não me importo se Segundas são tristes
Terças são cinzas e Quartas também
Quinta eu não me importo com você
É Sexta-Feira e estou apaixonado

Segunda-Feira você pode despedaçar-se
Terças, Quartas quebram meu coração
Quinta não devia nem começar
É Sexta-Feira e estou apaixonado

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei - Arwen's Song

Com um suspiro
Você se afasta
Com um coração profundo
Não há palavras para dizer

Você descobrirá
Que o mundo mudou para sempre

As árvores agora estão mudando de verde para dourado
E o sol está esmorecendo agora
Queria poder te segurar bem perto

Com um suspiro
Você se afasta
Com um coração profundo
Não há palavras para dizer

Você descobrirá
Que o mundo mudou para sempre

As árvores agora estão mudando de verde para dourado
E o sol está esmorecendo agora
Queria poder te segurar bem perto
 

domingo, 5 de setembro de 2010

Tarja Turunen - Our Great Divide (tradução)

Oceano azul profundo, chamando-me
Canções das ondas que me mantém segura
Céus tão profundos, não há fim
A lua ainda dorme, o leito das estrelas para mim

Como eu posso ver através de seus olhos meu destino?
Eu caio aos pedaços. Você sangra por mim
Como eu posso ver através de seus olhos nossos mundos colidirem?
Abra seu coração, para selar nossa grande separação

Orações distantes, gravadas na rocha
As palavras silenciosas que ainda serão ouvidas

Como eu posso ver através de seus olhos meu destino?
Eu caio aos pedaços. Você sangra por mim
Como eu posso ver através de seus olhos nossos mundos colidirem?
Abra seu coração, para selar nossa grande separação

Como eu posso ver através de seus olhos meu destino?
Eu caio aos pedaços. Você sangra por mim
Assim eu apenas me deixo levar pelas ondas através da noite eu passo por você
Abra meu coração, para selar nossa grande separação
 

sábado, 4 de setembro de 2010

Shakespeare - Se nada há de novo

Se nada há de novo e tudo o que há
já dantes era como agora é,
só ilusão a criação será:
criar o já criado para quê?
Que alguém me mostre, sobre um livro antigo
como quinhentas translações astrais,
a tua imagem, na inscrição, no abrigo
do espírito em seus signos iniciais.
Que eu saiba o que diria o velho mundo
deste milagre que é a tua forma;
se te viram melhor, se me confundo,
se as translações seguem a mesma norma.
    Mas disto estou seguro: antigos textos
    louvaram mais com bem menores pretextos.

quatro de setembro

Porque até mesmo 
quem traz o Sol 
no lugar do coração 
vive um eclipse, 
encontra uma noite escura 
ou um fim de tarde 
onde se sente apagar...

J.A.Cabral 09/10









Antero de Quental - Nirvana

Viver assim: sem ciúmes, sem saudades,
Sem amor, sem anseios, sem carinhos,
Livre de angústias e felicidades,
Deixando pelo chão rosas e espinhos;

Poder viver em todas as idades;
Poder andar por todos os caminhos;
Indiferente ao bem e às falsidades,
Confundindo chacais e passarinhos;

Passear pela terra, e achar tristonho
Tudo que em torno se vê, nela espalhado;
A vida olhar como através de um sonho;

Chegar onde eu cheguei, subir à altura
Onde agora me encontro - é ter chegado
Aos extremos da Paz e da Ventura!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Fernando Pessoa (Ricardo Reis) - Colhe o Dia, porque És Ele

Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem: outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Jorge Luis Borges - os justos

Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.

Jorge Luis Borges, in "A Cifra"
Tradução de Fernando Pinto do Amaral

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Especial J.R.R.Tolkien

Biografia de J.R.R. Tolkien

John Ronald Reuel Tolkien, (3 janeiro 1892 – 2 de Setembro de 1973) foi um Inglês escritor, poeta, filólogo e professor universitário, mais conhecido como o autor do clássico das obras O Hobbit , O Senhor dos Anéis e O Silmarillion. 
A obra literária do professor e filólogo J.R.R. Tolkien não teve paralelos em todo século XX. Estudioso apaixonado pela língua e literatura da Inglaterra medieval, Tolkien sentia que faltava à sua terra uma mitologia digna desse nome. Unindo o desejo de dar uma mitologia à Inglaterra com o prazer que sentia em criar línguas (algo que estava estreitamente ligado a seu processo criativo), Tolkien deu início a um grandioso ciclo de lendas, ambientado num passado mítico.
Tolkien foi professor de anglo-saxão em Oxford de 1925 a 1945, e Professor de Língua e Literatura de Inglês 1945-1959. Ele foi um grande amigo de C.S. Lewis, que eram ambos membros do grupo de discussão conhecido como o Inklings. Tolkien foi nomeado Comandante da Ordem do Império Britânico pela Rainha Elizabeth II em 28 de Março de 1972.
Após sua morte, o filho de Tolkien, Christopher, publicou uma série de obras com base em extensas notas e manuscritos inéditos de seu pai, incluindo O Silmarillion. Estes, juntamente com O Hobbit e O Senhor dos Anéis, deram a forma ligado a contos, poemas, histórias fictícias, inventadas línguas, literária e ensaios sobre um mundo chamado Arda, e Terra-Média. Entre 1951 e 1955 Tolkien aplica a palavra legendarium a maior parte desses textos.
Embora muitos outros autores haviam publicado obras de fantasia antes de Tolkien, o grande sucesso de O Hobbit e O Senhor dos Anéis quando foram publicados nos Estados Unidos levou diretamente a um ressurgimento do gênero popular. Isto tem causado Tolkien a ser popularmente identificado como o "pai" da moderna literatura de fantasia. Escritos de Tolkien tem inspirado muitas outras obras de fantasia e tiveram um efeito duradouro sobre a totalidade do campo. Em 2008, The Times classificou-o em sexto de uma lista de "Os 50 maiores escritores britânicos desde 1945."

fontes: http://www.valinor.com.br/8390
http://www.conselhobranco.com.br/tolkien/tolkien.htm

Canção de Frodo em Bri

"Cantei as folhas, de ouro folhas, e folhas vi brotar:
Cantei o vento e vento veio os galhos farfalhar
Além do Sol, da Lua além, no Mar espuma havia
Em Ilmarin dourando a praia uma Árvore crescia
Em eldamar na Semprenoite com astros se ostentava
Onde Eldamar da bela Tirion os muros encontrava
Cresceram lá as douradas folhas nos ramos anuais
Enquanto o pranto dos elfos cai aquém de nossos cais
Ó Lórien! Já vai o Inverno , o dia sem flor nem vida
As folhas na água vão caindo do rio em despedida
Ó Lórien! Já por demais do Mar estive desse lado
entrelacei em coroa murcha o elanor dourado.
Se barcos eu cantasse gora, que barco iria voltar;
Que barco me conduziria por tão vasto Mar?"

Aragorn - SdA vol.1

"Nem tudo que é ouro fulgura,
Nem todo vagante é vadio,
O velho que é forte perdura,
Raiz funda não sofre o frio."

Das cinzas um fogo há de vir,
Das sombras a luz vai jorrar,
A espada há de, nova, luzir,
O sem-coroa há de reinar".

Galadriel canta a despedida da Comitiva do Anel - Tolkien SdA 1

 Ai! laurië lantar lassi súrinen,
Yéni únótimë ve rámar aldaron!
Yéni ve lintë yuldar avánier
mi oromardi lisse-miruvóreva
Andunë pella, Vardo tellumar
nu luini yassen tintilar i eleni
ómaryo airetári-lírinen.

Sí man i yulma nin enquantuva?


An sí Tintallë Varda Oiolossëo

ve fanyar máryat Elentári ortanë
ar ilyë tier unduláve lumbulë
ar sindanóriello caita mornië
i falmalinnar imbë met, ar hísië
untúpa Calaciryo míri oialë.
Sí vanwa ná, Rómello vanwa, Valimar!

Namárië! Nai hiruvalyë Valimar.

Nai elyë hiruva. Namárië!


"Ai, como ouro caem as folhas ao vento,
longos anos inumeráveis como as asas das árvores!
Os longos anos se passaram como goles rápidos
do doce hidromel em salões altos
Além do Oeste, sob as abóbadas azuis de Varda
onde as estrelas tremem
na canção de sua voz, de santa e rainha.



Quem agora há de encher-me a taça outra vez?


Pois agora a Inflamadora, Varda, A rainha das Estrelas,

do Monte Semprebranco ergueu suas mãos como nuvens,
e todos os caminhos mergulharam fundo nas trevas;
e de uma terra cinzenta a escuridão se deita
sobre as ondas espumantes entre nós,
e a névoa cobre as jóias de Calacirya para sempre.
Agora perdida, perdida para aqueles do Leste está Valimar!

Adeus! Talvez hajas de encontrar Valimar.

Talvez tu mesmo hajas de encontrá-la. Adeus!"


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Walt Whitman - Vida

Sempre a indesencorajada alma do homem
resoluta indo à luta.
(Os contingentes anteriores falharam?
Pois mandaremos novos contingentes
e outros mais novos.)
Sempre o cerrado mistério
de todas as idades deste mundo
antigas ou recentes;
sempre os ávidos olhos, hurras, palmas
de boas-vindas, o ruidoso aplauso;
sempre a alma insatisfeita,
curiosa e por fim não convencida,
lutando hoje como sempre,
batalhando como sempre.

Machado de Assis - Os Dois Horizontes



Dois horizontes fecham nossa vida:

          Um horizonte, — a saudade
          Do que não há de voltar;
          Outro horizonte, — a esperança
          Dos tempos que hão de chegar;
          No presente, — sempre escuro,—
          Vive a alma ambiciosa
          Na ilusão voluptuosa
          Do passado e do futuro. 


          Os doces brincos da infância
          Sob as asas maternais,
          O vôo das andorinhas,
          A onda viva e os rosais;
          O gozo do amor, sonhado
          Num olhar profundo e ardente,
          Tal é na hora presente
          O horizonte do passado.

          Ou ambição de grandeza
          Que no espírito calou,
          Desejo de amor sincero
          Que o coração não gozou;
          Ou um viver calmo e puro
          À alma convalescente,
          Tal é na hora presente
          O horizonte do futuro.


          No breve correr dos dias
          Sob o azul do céu, — tais são
          Limites no mar da vida:
          Saudade ou aspiração;
          Ao nosso espírito ardente,
          Na avidez do bem sonhado,
          Nunca o presente é passado,
          Nunca o futuro é presente.



          Que cismas, homem? – Perdido
          No mar das recordações,
          Escuto um eco sentido
          Das passadas ilusões.
          Que buscas, homem? – Procuro,
          Através da imensidade,
          Ler a doce realidade
          Das ilusões do futuro.
         
          Dois horizontes fecham nossa vida. 


Carlos Drummond de Andrade - Viver

Mas era apenas isso,
era isso, mais nada?
Era só a batida
numa porta fechada?

E ninguém respondendo,
nenhum gesto de abrir:
era, sem fechadura,
uma chave perdida?

Isso, ou menos que isso
uma noção de porta,
o projecto de abri-la
sem haver outro lado?

O projecto de escuta
à procura de som?
O responder que oferta
o dom de uma recusa?

Como viver o mundo
em termos de esperança?
E que palavra é essa
que a vida não alcança?

Walter Benjamin - Vibra o Passado em Tudo o que Palpita

Vibra o passado em tudo o que palpita
qual dança em coração de bailarino
ao regressar já mudo o violino
e há nuvens sobre o bosque em que transita

À paz dos seres a morte em seu contínuo
crescer em ramos de coral incita
a bem da noite negra e infinita
ser um raro instrumento é seu destino:

O ceptro dos eleitos que não cansam
o corpo que este tempo já não quebra
é como a cruz que os astros quando avançam

sobre o sul traçam por medida e regra
Os deuses têm-no em suas mãos cativo
risível é quem eles mandam vivo.

Walter Benjamin, in "Sonetos"
Tradução de Vasco Graça Moura