quarta-feira, 31 de outubro de 2012
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Fernando Pessoa - O livro do desassossego
Fragmento 379.
(...)
Cansar-me a rua? Canso-me só quando penso. Quando olho a rua, ou a sinto, não penso: trabalho com um grande repouso íntimo, último naquele canto, escriturantemente ninguém.
(...)
domingo, 28 de outubro de 2012
Viviane Mosé - Pensamento chão: poemas em prosa e verso (frag.)
Tem gente que tem costume de vazar pelos cantos.
No começo vaza calada. Aos poucos. Aos pingos.
Mas se pega gosto, principia o derrame.
Escorre quando fala. Escorre quando anda.
Não tem mais braço nem cabelo que segure.
No começo vaza calada. Aos poucos. Aos pingos.
Mas se pega gosto, principia o derrame.
Escorre quando fala. Escorre quando anda.
Não tem mais braço nem cabelo que segure.
Parece que vicia em ficar transbordada.
Mas tem gente que quando transborda é pra dentro.
E corre o risco de ficar represada. E represa você sabe.
Se aumenta muito arrebenta.
Mas se a pessoa ensaia um jeito de derramar pra fora.
Aí vai fazendo leito. Vai abrindo seu caminho na terra.
E a terra parece que se abre pra ela passar.
Mas tem gente que quando transborda é pra dentro.
E corre o risco de ficar represada. E represa você sabe.
Se aumenta muito arrebenta.
Mas se a pessoa ensaia um jeito de derramar pra fora.
Aí vai fazendo leito. Vai abrindo seu caminho na terra.
E a terra parece que se abre pra ela passar.
sábado, 27 de outubro de 2012
The Smiths - There Is A Light That Never Goes Out (tradução)
Me leve para sair esta noite
Onde haja música e pessoas
Que sejam jovens e vivas
Sendo levado no seu carro
Eu nunca mais quero ir para casa
Porque eu não tenho mais
Uma casa
Me leve para sair esta noite
Porque quero ver gente
E eu quero ver luzes
Passeando no seu carro
Oh por favor não me deixe em casa
Porque esta não é minha casa
Esta é a casa deles
E eu não sou mais bem-vindo
E se um ônibus de dois andares
Colidisse contra nós
Morrer ao seu lado
Que jeito divino de morrer
E se um caminhão de dez toneladas
Matasse a nós dois
Morrer ao seu lado
Bem, o prazer e o privilégio seriam meus
Me leve para sair esta noite
Oh me leve para qualquer lugar
Eu não me importo, não me importo
E numa passagem subterrânea escurecida
Eu pensei "Oh Deus, minha chance finalmente chegou!"
Mas então um medo estranho me tomou
E eu simplesmente não pude pedir
Me leve para sair esta noite
Me leve para qualquer lugar
Eu não me importo, não me importo, não me importo
Simplesmente indo no seu carro
Eu nunca mais quero ir para casa
Porque não tenho mais uma casa
Oh, eu não tenho mais
Há uma luz que nunca se apaga
Há uma luz que nunca se apaga
Há uma luz que nunca se apaga
Há uma luz que nunca se apaga...
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Oscar Wilde - O leque de Lady Windermere (frag)
"Atualmente as pessoas parecem olhar a vida como um tipo de especulação.
Não é uma especulação.
É um sacramento.
O ideal da vida é o amor.
E o sacrifício é sua exaltação"
Não é uma especulação.
É um sacramento.
O ideal da vida é o amor.
E o sacrifício é sua exaltação"
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Bauhaus - Who Killed Mr. Moonlight? (traduação)
Considere os lagos verdes
E a idiotice dos relógios
Alguém roubou a nostalgia da escuridão
Alguém roubou nossa inocência
Um flecha quebrada em uma poça sangrenta
Na face
De propostas do luar
Alguém roubou a nostalgia da escuridão
Alguém roubou nossa inocência
Na sombra de seu sorriso
Na sombra de seu sorriso
Na sombra de seu sorriso
Na sombra de seu sorriso
Todos os nossos sonhos se derreteram
Nos escondemos nos arbustos
De homens mortos
Fazendo estátuas de Douglas
Todos as nossas histórias queimadas
Nossos filmes perdidos no ápice
Não podemos pintar um quadro sequer
A lua tem nossos pincéis
Tirando os ferrões da vespa em pleno vôo
Quem matou o Senhor Luar?
Quem matou o Senhor Luar?
Na sombra de seu sorriso
Quem matou o Senhor Luar?
Na sombra de seu sorriso
terça-feira, 23 de outubro de 2012
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Pedro Bandeira - Mais respeito, eu sou criança!
Prestem atenção no que eu digo,
pois eu não falo por mal:
os adultos que me perdoem,
mas ser criança é legal!
Vocês já esqueceram, eu sei.
Por isso ou vou lhes lembrar:
pra que ver por cima do muro,
se é mais gostoso escalar?
Pra que perder tempo engordando,
se é mais gostoso brincar?
Pra que fazer cara tão séria,
se é mais gostoso sonhar?
Se vocês olham pra gente,
é chão que vêem por trás.
Pra nós, atrás de vocês,
Há o céu, há muito, muito mais!
Quando julgarem o que eu faço,
olhem seus próprios narizes:
lá no seu tempo de infância,
será que não foram felizes?
Mas se tudo o que fizeram
já fugiu de sua lembrança,
fiquem sabendo o que eu quero:
mais respeito, eu sou criança!
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Lya Luft - Citação
Constituir um ser humano, um nós, é trabalho que não dá ferias nem concede descanso: Haverá paredes frágeis, cálculos malfeitos, rachaduras. Quem sabe um pedaço que vai desabar.
Mas se abrirão também janelas para a paisagem e varandas para o sol...
Mas se abrirão também janelas para a paisagem e varandas para o sol...
Clarice Lispector - Lição de Filho
Recebi uma lição de um de meus filhos, antes dele fazer 14 anos. Haviam me telefonado avisando que uma moça que eu conhecia ia tocar na televisão, transmitido pelo Ministério da Educação. Liguei a televisão, mas em grande dúvida. Eu conhecera essa moça pessoalmente e ela era excessivamente suave, com voz de criança, e de um feminino-infantil. E eu me perguntava: terá ela força no piano? Eu a conhecera num momento muito importante: quando ela ia escolher a “camisola do dia” para o casamento. As perguntas que me fazia era de uma franqueza ingênua que me surpreendia. Tocaria ela piano?
Começou. E, Deus, ela possuía a força. Seu rosto era um outro, irreconhecível. Nos momentos de violência apertava violentamente os lábios. Nos intantes de doçura entreabria a boca, dando-se inteira. E suava, da testa escorria para o rosto o suor. De surpresa de descobrir uma alma insuspeita, fiquei com os olhos cheios de água, na
Começou. E, Deus, ela possuía a força. Seu rosto era um outro, irreconhecível. Nos momentos de violência apertava violentamente os lábios. Nos intantes de doçura entreabria a boca, dando-se inteira. E suava, da testa escorria para o rosto o suor. De surpresa de descobrir uma alma insuspeita, fiquei com os olhos cheios de água, na
verdade eu chorava. Percebi que meu filho, quase uma criança, notara, expliquei:estou emocionada, vou tomar um calmante.
E ele:
-Você não sabe diferenciar emoção de nervosismo? você está tendo uma emoção.
Entendi, aceitei, e disse-lhe:
-Não vou tomar nenhum calmante.
E vivi o que era pra ser vivido.
E ele:
-Você não sabe diferenciar emoção de nervosismo? você está tendo uma emoção.
Entendi, aceitei, e disse-lhe:
-Não vou tomar nenhum calmante.
E vivi o que era pra ser vivido.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Virgínia Woolf - Os anos (frag.)
"Os anos nos transformam; destroem coisas; amontoam coisas, aborrecimentos, cuidados."
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