quinta-feira, 27 de junho de 2013

Pablo Neruda - 20 poemas de amor e uma cação desesperada (poema 10)

10.

Nós perdemos também este crepúsculo.
Ninguém nos viu À tarde com as mãos unidas
enquanto a noite azul caia sobre o mundo.


Vi, de minha janela,
a festa do poente nos montes distantes.


Às vezes, qual moeda,
se ascendia um pouco de sol em minhas mãos.


Eu te recordava com a alma apertada
por essa tristeza que conheces em mim.


Então, onde estarias?
Junto a que gente?
Dizendo que palavras?
Por que me há de vir todo este amor de um golpe
quando me sinto triste, e te sinto longe?


Caiu o livro que sempre se toma no crepúsculo,
e como um cão ferido tangeu aos pés minha capa.


Sempre, sempre te distancias entre as tardes
até onde o crepúsculo corre apagando as estatuas.

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