Quem quer que abrigue na alma uma revolta secreta contra um fato qualquer do Estado, da vida ou da sorte, se encerra na revolta e, asim que ela aparece, começa a agitar-se e a sentir-se impelido pelo turbilhão.
O motim é uma espécie de tufão da atmosfera social que se forma repentinamente em certas condições de temperatura e que, em seu rodopio, sobe, corre, estoura, arranca, arrasa, esmaga, derruba, puxa as raízes, arrastando consigo as grandes naturezas bem como as mesquinhas, o homem forte e o espírito fraco, o tronco de árvore e o fragmento de palha.
Infelizes tanto dos que arrebata quanto dos que atropela! Um é jogado contra o outro.
Comunica as que a ele aderem não se sabe que poder extraordinário. Preenche os desavisados com a força dos acontecimentos; transforma tudo em projéteis. De um seixo faz uma bala, de um entregador faz um general.
Se dermos crédito a certos oráculos da política hipócrita, do ponto de vista do poder, um pouco de revolta é desejável. Esquema: a revolta reforça os governos que não derruba; põe à prova o exército; concentra a burguesia; distende os músculos da polícia; constata a força da ossatura social. É uma ginástica; é quase uma higiene. O poder se sente melhor depois de um motim, como o homem depois de uma massagem.
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