sábado, 31 de agosto de 2013
Álvares de Azevedo - Soneto do Amigo
Perdoa se hoje em verso rude não cadente
Ledos os sentimentos de minha alma exprimo:
Tu verás que na arte de poeta eu não primo
Porém verás que só digo o que meu peito sente.
Ledos os sentimentos de minha alma exprimo:
Tu verás que na arte de poeta eu não primo
Porém verás que só digo o que meu peito sente.
Mas os teus anos que me alegram a mente,
Triste pensamento me faz vir de imo
De meu peito alegre. De ti que eu tanto estimo
Para o ano, em igual dia hei de estar ausente!
Triste pensamento me faz vir de imo
De meu peito alegre. De ti que eu tanto estimo
Para o ano, em igual dia hei de estar ausente!
Mas se de ti separar-me a extensão tão imensa,
A grande distância que entre nós estiver
Lembrança de ti não me fará perder.
A grande distância que entre nós estiver
Lembrança de ti não me fará perder.
Faz que tua alma a distância também vença,
Neste dia entre os amigos não te esquece
Daquele em quem tua lembrança não fenece.
Neste dia entre os amigos não te esquece
Daquele em quem tua lembrança não fenece.
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
terça-feira, 27 de agosto de 2013
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Machado de Assis - Memorial de Aires (frag.)
"Papel, amigo papel, não recolhas tudo o que escrever esta pena vadia .Querendo servir-me, acabarás desservindo-me, porque se acontecer que eu me vá desta vida, sem tempo de te reduzir a cinzas, os que me lerem depois da missa de sétimo dia, ou antes, ou ainda antes do enterro, podem cuidar que te confio cuidados de amor. Não, papel. Quando sentires que insisto nessa nota, esquiva-te da minha mesa, e foge. A janela aberta te mostrará um pouco de telhado, entre a rua e o céu, e ali ou acolá acharás descanso. Comigo, o mais que podes achar é esquecimento, que é muito, mas não é tudo; primeiro que ele chegue, virá a troça dos malévolos ou simplesmente vadios. (...)"
domingo, 25 de agosto de 2013
Goethe - Os sofrimento do jovem Werther (frag)
"Oh! Se tu pudesses exprimir tudo isso! Se pudesses exalar, ao menos, e fixar no papel tudo quanto palpita dentro de ti com tanto calor ne plenitude, de modo que essa obra se tornasse o espelho de tua alma, como tua alma é o espelho de Deus!..."
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Pablo Neruda - Cem sonetos de amor (frag)
Antes de amar-te, amor, nada era meu
vacilei pelas ruas e as coisas:
nada contava nem tinha nome:
o mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
caído, abandonado e decaído,
tudo era inalienavelmente alheio,
tudo era dos outros e de ninguém,
até que tua beleza e tua pobreza
de dádivas encheram o outono.
vacilei pelas ruas e as coisas:
nada contava nem tinha nome:
o mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
caído, abandonado e decaído,
tudo era inalienavelmente alheio,
tudo era dos outros e de ninguém,
até que tua beleza e tua pobreza
de dádivas encheram o outono.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Shakespeare - Hamlet (Ato I, cena V)
Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Oscar Wilde - Uma tragédia Florentina (frag)
"Que pobre barganha é a vida de um homem, e em que mercado miserável somos vendidos!
Quando nascemos nossas mães choram, mas quando morremos não há ninguém para chorar por nós. Ninguém."
Quando nascemos nossas mães choram, mas quando morremos não há ninguém para chorar por nós. Ninguém."
domingo, 18 de agosto de 2013
Machado de Assis - Esaú e Jacó (frag)
"—Por que não vai a Petrópolis? concluiu.
—Espero fazer outra viagem mais longa. muito longa...
—Para o outro mundo, aposto?
—Acertou.
—Já tem bilhete de passagem?
—Comprarei no dia do embarque.
—Talvez não ache. Há grande concorrência para aquelas paragens; melhor é comprar antes, e, se quer, eu me encarrego disso; comprarei outro para mim, e iremos juntos. A travessia, quando não há conhecidos, deve ser fastidiosa; às vezes, os próprios conhecidos aborrecem, como sucede neste mundo. As saudades da vida é que são agradáveis. A gente de bordo é vulgar, mas o comandante impõe confiança. Não abre a boca, dá as suas ordens por gestos, e não consta que haja naufragado."
—Espero fazer outra viagem mais longa. muito longa...
—Para o outro mundo, aposto?
—Acertou.
—Já tem bilhete de passagem?
—Comprarei no dia do embarque.
—Talvez não ache. Há grande concorrência para aquelas paragens; melhor é comprar antes, e, se quer, eu me encarrego disso; comprarei outro para mim, e iremos juntos. A travessia, quando não há conhecidos, deve ser fastidiosa; às vezes, os próprios conhecidos aborrecem, como sucede neste mundo. As saudades da vida é que são agradáveis. A gente de bordo é vulgar, mas o comandante impõe confiança. Não abre a boca, dá as suas ordens por gestos, e não consta que haja naufragado."
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Radiohead - The Bends(tradução)
Para onde vamos depois daqui?
As palavras estão saindo todas estranhas
Onde está você agora que eu preciso?
Sozinho em um avião
Dormindo contra o vidro
Meu sangue se espessará.
Preciso me lavar de novo para esconder toda a sujeira e a dor
Porque eu me apavoraria se não houvesse nada encoberto
E quem são meus verdadeiros amigos?
Todos eles tiveram as corcundas?
Estou realmente afundando nesta depressão?
Minha garota teve as curvas, oh não
Nós não temos nenhum amigo de verdade, não
Deitado em um bar com a comida sendo gotejada
Conversando com minha namorada, esperando algo acontecer
Queria estar nos anos 60, gostaria de ser feliz
Eu gostaria, gostaria que algo acontecesse
Para onde vamos daqui?
O planeta é uma canhoneira em um mar de medo
E onde está você?
Eles me trouxeram a CIA, os tanques e toda a tropa naval
Para me destuir, para me mandar pelos ares
Minha garota teve as curvas
Nós não temos nenhum amigo de verdade
Estou simplesmente deitado em um bar com minha comida pesada
Conversando com minha namorada, esperando que algo aconteçer
Quem dera fossem os anos 60, gostaria de ser feliz
Quem dera, quem dera, quem dera que algo acontecesse
Eu quero viver e respirar
Eu quero fazer parte da Raça Humana
Eu quero viver e respirar
Eu quero fazer parte da Raça Humana...
Para onde vamos daqui?
As palavras estão saindo todas estranhas
Onde está você agora que eu preciso?
domingo, 11 de agosto de 2013
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Manuel Bandeira - A morte absoluta
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento.
Em nenhuma epiderme.
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento.
Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."
Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome.
- Sem deixar sequer esse nome.
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Machado de Assis - Esaú e Jacó (frag)
"Tudo é possivel debaixo do sol e da lua.
A nossa felicidade, barão, é que morreremos antes."
A nossa felicidade, barão, é que morreremos antes."
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