terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Fernando Pessoa - Na noite que me desconhece

Na noite que me desconhece
O luar vago, transparece
Da lua ainda por haver.
Sonho. Não sei o que me esquece,
Nem sei o que prefiro ser.

Hora intermédia entre o que passa,
Que névoa incógnita esvoaça
Entre o que sinto e o que sou?
A brisa alheamento abraça.
Durmo. Não sei quem é que estou.
Dói-me tudo por não ser nada.
Da grande noite embainhada
Ninguém tira a conclusão.
Coração, queres? Tudo enfada
Antes só sintas, coração

Nenhum comentário: