terça-feira, 31 de março de 2009

Charon - Built For My Ghosts (tradução)

Eu estou vagarosamente pegando os pedaços da minha vida,
A intenção quebra o plano de renascer.
Desejar o próprio desconhecido
tira-me do caminho em que estive por mais que eu deseje.

É apenas uma ilusão criada por mim mesmo,
É a ânsia, é o próprio desespero.
O amor era resposta que eu já não procuro mais
e dor, a ilusão que eu criei para os meus fantasmas.

Eu estou vagarosamente acordando para o agora.
A fúria do rei chegou ao seu fim.
Brincar com os pedaços da fé
engana a ânsia por mais que eu deseje.

É apenas uma ilusão criada por mim mesmo,
é a ânsia, é o próprio desespero.
É a ânsia, a ilusão,
é o desespero de procurar por mim mesmo.

domingo, 29 de março de 2009

Aldous Huxley - Admirável Mundo Novo (frag.)


"A felicidade real sempre parece bastante sórdida em comparação com as supercompensações do sofrimento. E, por certo, a estabilidade não é, nem de longe, tão espetacular como a instabilidade. E o fato de se estar satisfeito nada tem da fascinação de uma boa luta contra a desgraça, nada do pitoresco de um combate contra a tentação, ou de uma derrota fatal sob os golpes da paixão ou da dúvida.

A felicidade nunca é grandiosa".



quarta-feira, 25 de março de 2009

Sem sono

olhos abertos na escuridão
olhos fechados em vão
o sono não vem...

eu vejo a noite e ela me vê
eu vejo o sonho que poderia ter
mas o sono não vem...

então fico acordada
observando a madrugada
porque o sono não vem...

J.A.Cabral 03/09

Manuel Bandeira - Crepúsculo de Outono

O crepúsculo cai, manso como uma benção.
Dir-se-á que o rio chora a prisão de seu leito...
As grandes mãos da sombra evangélicas pensam
As feridas que a vida abriu em cada peito.

O outono amarelece e despoja os lariços.
Um corvo passa e grasna, e deixa esparso no ar
O terror augural de encantos e feitiços.
As flores morrem. Toda a relva entra a murchar.

Os pinheiros porém viçam, e serão breve
Todo o verde que a vista espairecendo vejas,
Mais negros sobre a alvura unânime da neve,
Altos e espirituais como flechas de igrejas.

Um sino plange. A sua voz ritma o murmúrio
Do rio, e isso parece a voz da solidão.
E essa voz enche o vale...o horizonte purpúreo...
Consoladora como um divino perdão.

O sol fundiu a neve. A folhagem vermelha
Reponta. Apenas há, nos barrancos retortos,
Flocos, que a luz do poente extática semelha
A um rebanho infeliz de cordeirinhos mortos.

A sombra casa os sons numa grave harmonia.
E tamanha esperança e uma tão grande paz
Avultam do clarão que cinge a serrania,
Como se houvesse aurora e o mar cantando atrás.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Persephone - Coming Home (tradução)




O fogo dos céus
está refletido em meus olhos

O barulhento mar
ondas arrebentando-se contra mim

Os tremores de terra,
eu senti uma vez
no dia de meu nascimento
Eu estava nua e sozinha...

Mas agora estou voltando para casa.

Libra - Na Minha Pele

Eu sinto mais do que eu devia sentir
Eu penso mais do que eu devia pensar
Mas não posso dizer que eu não sou feliz
Eu não posso dizer que eu não queria estar aqui

Pois aqui
Aqui você está
E onde você estiver
É o meu lugar

Eu quero mais do que eu devia querer
Eu sofro mais do que eu devia sofrer
Mas não posso dizer que eu não sou feliz
Eu não posso dizer que eu não queria estar aqui

Pois aqui
Aqui você está
E onde você estiver
É o meu lugar

E se eu pudesse fazer
O mundo inteiro entender
O quanto é difícil ser eu
Ninguém iria falar
Quero estar no seu lugar
Aqui na minha pele

Pois aqui
Aqui você está
E onde você estiver
É o meu lugar
(É o meu lugar)
É o meu lugar
(É o meu lugar)
É o meu lugar

Manuel Bandeira - Canção do vento


O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos
O vento varria as flores...

E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de frutos, de flores, de folhas

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...

E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de aromas, de estrelas, de cânticos

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!

E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de tudo

sábado, 21 de março de 2009

Cruz e Souza - RÉQUIEM

Como os salmos dos Evangelhos celestiais,
Os sonhos que eu amei hão de acabar,
Quando o meu corpo, trêmulo, dos velhos
Nos gelados outonos penetrar.

O rosto encarquilhado e as mãos já frias,
Engelhadas, convulsas, a tremer,
Apenas viverei das nostalgias
Que fazem para sempre envelhecer.

Por meus olhos sem brilho e fatigados
Como sombras de outrora, passarão
As ilusões de uns olhos constelados
Que da Vida dourarão-me a Ilusão.

Mas tudo, enfim, as bocas perfumosas,
O mar, o campo e tudo quanto amei,
As auroras, o sol, pássaros, rosas,
Tudo rirá do estado a que cheguei.

Do brilho das estrelas cristalinas
Virá um riso irônico de dor,
E da minh’alma subirão neblinas,
Incensos vagos, cânticos de amor.

Por toda parte o amargo escárnio fundo,
Sem já mais nada para mim florir,
As risadas vandálicas do mundo
Secos desdéns por toda a parte a rir.

Que hão de ser vãos esforços da memória
Para lembrar os tempos virginais,
As rugas da matéria transitória
Hão de 1á estar como a dizer: - jamais!

E hei de subir transfigurado e lento
Altas montanhas cheias de visões,
Onde gelaram, num luar, nevoento,
Tantos e solitários corações.

Recordarei as íntimas ternuras,
De seres raros, porém mortos já,
E de mim, do que fui, pelas torturas
Deste viver pouco me lembrará.

O mundo clamará sinistramente
Daquele que a velhice alquebra e alui...
Mas ah! por mais que clame toda a gente
Nunca dirá o que de certo eu fui.

E os dias frios e ermos da Existência
Cairão num crepúsculo mortal,
Na soluçante, mística plangência
Dos órgãos de uma estranha catedral.

Para me ungir no derradeiro e ansioso
Olhar que a extrema comoção traduz,
Sob o celeste pálio majestoso
Hão de passar os Viáticos da luz.

Paul Verlaine - CANÇÃO DO OUTONO

Os soluços graves
Dos violinos suaves
Do outono
Ferem a minh'alma
Num langor de calma
E sono.

Sufocado, em ânsia,
Ai! quando à distância
Soa a hora,
Meu peito magoado
Relembra o passado
E chora.

Daqui, dali, pelo
Vento em atropelo
Seguido,
Vou de porta em porta,
Como a folha morta
Batido...

Percy Shelley - Ode ao vento oeste (fragmentos)

Se eu fosse uma folha morta que pudesse carregar;
Se eu fosse um nuvemveloz para voar contigo;
Uma onda que arfasse sob teu poder e compartilhasse
O impulso de tua força apenas menos livre
Do que tu, ò incontrolável! Se ao menos
Eu fosse como na minha mocidade, e pudesse ser
O camarada de tuas andanças sobre o céu.
Assim como, quando para ultrapassar a velocidade do firmamento
Mal pareces uma visão; eu jamais teria me esforçado
Assim deste modo contigo em oração sobre minha triste necessidade,
Oh, ergue-me como uma onda, uma folha, uma nuvem!
Eu caio sobre os espinhos da vida!Eu sangro!
O peso opressivo das horas prendeu e curvou
Alguém também como tu: indomado, e rápido, e orgulhoso."

Florbela Espanca - OUTONAL

Caem as folhas mortas sobre o lago;
Na penumbra outonal, não sei quem tece
As rendas do silêncio... Olha, anoitece!
- Brumas longínquas do País do Vago...

Veludos a ondear... Mistério mago...
Encantamento... A hora que não esquece,
A luz que a pouco e pouco desfalece,
Que lança em mim a bênção dum afago...

Outono dos crepúsculos doirados,
De púrpuras, damascos e brocados!
- Vestes a terra inteira de esplendor!

Outono das tardinhas silenciosas,
Das magníficas noites voluptuosas
Em que eu soluço a delirar de amor...

Cecília Meireles - CANÇÃO DE OUTONO

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.

Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

Naw-Rúz Bahá'í !!!

Naw-Rúz Bahá'í é um dos nove dias sagrados para na Fé Bahá'í, é o primeiro dia do Calendário bahá'í, que ocorre no equinócio de inverno no hemisfério norte (21 de março).
Historicamente e atualmente, esta é uma celebração Iraniana de ano novo e é comemorada por países do Oriente Médio e Ásia Central como no Irã, Azerbaijão, Afeganistão e Turquia. Em tempos antigos foi feriado nacional no Irã e celebrado por mais de um grupo religioso. O Báb, precursor da Fé Bahá'í, e depois Bahá'u'lláh, fundador desta religião, adotou o dia como sagrado e associou com o Máximo Nome de Deus.

O Báb, fundador da Fé Babí, instituiu um calendário novo que fosse composto por 19 meses, e cada um de 19 dias. Cada um dos meses são nomeados através de um atributo de Deus, e similarmente cada um dos dezenove dias no mês também são nomeados através de um atributo de Deus. O primeiro dia e o primeiro mês foram dados o atributo de Bahá, uma palavra árabe que significa esplendor ou glória, e assim o primeiro dia do ano foi o dia de Bahá no mês de Bahá.

O dia foi chamado de o Dia de Deus pelo Báb, e foi associado com "Aquele que Deus tornará Manifesto", uma figura messiânica nos escritos do Báb. Os dezoitos dias restantes do primeiro mês foram então associados com os dezoitos Letras da Vida, os apóstolos do Báb, prevendo uma celebração que duraria dezenove dias.

Bahá'u'lláh, fundador da Fé Bahá'í que afirmou ser a figura messiânica esperado pelo Báb, adotou o novo calendário e o uso do Naw-Rúz como dia sagrado. O dia segue o mês Bahá'í do jejum, e ele explicou que o Naw-Rúz estava associado com o Máximo Nome de Deus, e foi instituído como um festival para aqueles que observaram o jejum.

A noção simbólica da renovação do tempo em cada dispensação religiosa foi feita explícita pelos escritos do Báb e de Bahá'u'lláh e o calendário e o ano novo fizeram esta metáfora espiritual mais concreta. `Abdu'l-Bahá, filho e sucessor de Bahá'u'lláh, explicou o significado do Naw-Rúz em termos da primavera e da nova vida que ele traz. Ele explicou que o equinócio é um símbolo dos Manifestantes de Deus, que inclui Jesus, Muhammad, o Báb e Bahá'u'lláh entre outros, e a mensagem que eles proclamaram é como uma primavera espiritual, e que o Naw-Rúz é usado para celebrá-lo.

Naw-Rúz é um dos nove dias sagrados Bahá'í onde o trabalho é suspenso; o único que não é associado com um evento nas vidas do Báb ou de Bahá'u'lláh. É normalmente um evento festivo observado com encontros para orações, músicas e dança. Como o ano novo também termina o mês de jejum Bahá'í a celebração é freqüentemente combinado com uma janta. Como todos os dias sagrados Bahá'í, há algumas regras que são observadas no Naw-Rúz, e os Bahá'ís por volta do mundo celebra como um dia festivo, de acordo com os costumes locais.

Bahá'u'lláh no Kitáb-i-Aqdas define o Naw-Rúz como um dia Bahá'í no qual o equinócio vernal ocorre. Como os dias Bahá'ís começam com o nascer do sol, se o equinócio ocorrer antes do pôr-do-sol , o dia com o pôr-do-sol anterior é o Naw-Rúz. Assim o Naw-Rúz pode cair entre os dias 20, 21 e 22 de Março. A implementação do tempo exato do Naw-Rúz para os Bahá'ís ao redor do mundo depende da escolha de um ponto particular na terra e foi deixada na decisão da Casa Universal de Justiça, o corpo máximo da Fé Bahá'í. Atualmente o Naw-Rúz é fixado no dia 21 de Março para os Bahá'ís que residem em países fora do Oriente Médio, independente de quando ocorre o equinócio.


Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Naw-Rúz_Bahá"

Equinócio de Outono

Nesta sexta-feira, 20 de março, às 08:32hs de Brasília, teremos mais um Equinócio de Outono. Nos equinócios – o da Primavera ocorre em setembro -, o dia e a noite têm exatamente a mesma duração, com 12 horas para cada um.
Já os solstícios de Inverno (julho) e Verão (dezembro) indicam, respectivamente, as jornadas de maior ou menor duração do dia em relação à noite.
No caso do Equinócio do Outono, ambas as palavras originam-se do latim: Equinócio [aequus=igual; nox=noite] e Outono [autumnus=crescer].
Durante os equinócios, a duração do dia e da noite é a mesma porque é quando o Sol precisamente nasce no Leste e se põe no Oeste.
Após esse momento, o Astro-Rei vai gradativamente se afastando desses dois pontos cardeais para, na medida em que o equinócio seguinte estiver se aproximando, ele retorne aos poucos. É por isso que durante o ano a gente vê o Sol se deslocando a cada dia, na hora de se pôr.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Nightwish - Wanderlust (tradução)

Eu quero ver onde as sereias cantam
Ouvir como os lobos uivam
Velejar nas águas mortas e calmas do Pacífico
Dançar nos campos de corais
Ser cego pelo branco
Descobrir a selva mais escondida
Eu quero achar o Caminho Secreto
Um pássaro entregue a meu coração
Não é o fim
Não é a vinda do reino
É a jornada que importa, o andarilho distante
O chamado do selvagem
Em mim para sempre e todo o
sempre e eternamente
Minha vontade irresistível de viajar
Vontade irresistível de viajar
Eu quero amar pela Lagoa Azul
Beijar sob a lua minguante
Vagando, tomando meu lugar nesta vida confusa
Montando nos golfinhos
Perguntando às montanhas
Sonhando o Alaska
A Terra só tem à Terra
Eu quero achar o Caminho Secreto
Um pássaro entregue a meu coração
Não é o fim
Não é a vinda do reino
É a jornada que importa, o andarilho distante
O chamado do selvagem
Em mim para sempre e todo o sempre e eternamente
Minha vontade irresistível de viajar
Vontade irresistível de viajar
Mergulhe em meus olhos e veja o andarilho
Veja os espelhos de um lobo contemple o desbravador

Florbela Espanca - MISTÉRIO

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas...

Talvez um dia entenda o teu mistério...
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!

Alphonsus de Guimarães - Soneto IV

Vagueiam suavemente os teus olhares
Pelo amplo céu franjado em linho:
Comprazem-te as visões crepusculares...
Tu és uma ave que perdeu o ninho.

Em que nichos doirados, em que altares
Repoisas, anjo errante, de mansinho?
E penso, ao ver-te envolta em véus de luares,
Que vês no azul o teu caixão de pinho.

És a essência de tudo quanto desce
Do solar das celestes maravilhas...
Harpa dos crentes, cítola da prece...

Lua eterna que não tivesse fases,
Cintilas branca, imaculada brilhas,
E poeiras de astros nas sandálias trazes...

Midnattsol - Haunted(tradução)

Assombrado e encurralado num canto
nenhuma porta aberta em vista
andando em círculos numa nevasca
dolorosas cicatrizes abertas

Entregue sua espada!
Resgate sua alma!

Desanimado
poque eu tenho dado
sinais de crimes impensáveis
uma ação contra meu próprio paraíso
perdoe-me por pecados de ódio

Forçado a criar uma luta
algum dia você entenderá?
a resolução de uma ação ciumenta
a espada não foi feita pela minha mão

Esperando por uma resposta instantânea
esperando pela verdadede
batendo-se em meu rio
procurando como um bobo

Noites sem sono
valeu a pena?
deteste o falso papel da graça
Eu estou viajando numa jornada infinita
insanidade: você nunca está seguro!

terça-feira, 17 de março de 2009

The Damning Well - Awakening (tradução)

Fora de controle de uma história não Contada
Começa com o Pai de pecado
Eu ando sozinho no jardim de pedras
Eu me transformo no monstro por dentro
Vida é muito longa para mim
Vida está muito errada para mim

Porque há algo que
Eu Realizo
Que eu perco sendo humano
Eu Realizo
Que eu perco sendo humano
Nada a Tempos

Eu perco controle como a história Desdobra
Eu estive como uma faca na pele nua
Eu caminho só como um rei sem trono
Eu queimo o monstro por dentro
Vida é muito longa para mim
Vida está muito errada para mim

Porque há algo que
Eu Realizo
Que eu perco sendo humano
Eu Realizo
Que eu perco sendo humano
Nada a Tempos

Eu gosto de caçar os pedaços
Eu gosto de caçar os pedaços
Eu gosto de caçar os pedaços
Porque eu Preciso Disto
Eu gosto de caçar os pedaços
Eu gosto de caçar os pedaços
Porque eu Preciso Disto
Concha

Porque há algo que
Eu Realizo
Que eu perco sendo humano
Porque há algo que
Eu Realizo
Que eu perco sendo humano
Eu ensino mentiras
Que eu perco sendo humano
Eu ensino mentiras
Que eu perco sendo humano
Eu ensino mentiras

Walt Whitman - A sombra imagem minha

A sombra imagem minha
que para cá e para lá
vai procurando um jeito de viver
através da conversa, da barganha-
quantas vezes eu dou por mim parado
a ver por onde ela passa,
quantas vezes indago e ponho em dúvida
que aquilo seja realmente eu;
mas entre os meus amantes
e no cantarolar destas canções,
ah, eu não duvido jamais
que aquilo seja realmente eu.

sábado, 14 de março de 2009

Feliz dia da Poesia!!


Oscar Wilde - O Poeta

O poeta vivia no campo, entre prados e bosques. Porém, todas as manhãs ele ia à grande cidade que ficava a muitas milhas de distância, envolvida em névoas tristes, no topo das colinas.
Todas as tardes ele regressava. E à luz indecisa do crepúsculo, crianças e adultos juntavam-se à sua volta a fim de ouvi-lo narrar as coisas maravilhosas que ele vira naquele dia nos bosques, no rio e no topo das colinas.
E ele lhes contava como os pequeninos faunos escuros o espreitavam dentre as folhas verdes do bosque.
Contava-lhes também como o grande centauro o encontrava no alto da colina e, sorrindo, galopava, envolvido em nuvens de pó.
Estas e muitas outras coisas maravilhosas o poeta narrava às crianças e aos adultos quando se reuniam a sua volta, todas as tardes, enquanto as sombras se adensavam à aproximação do crepúsculo cinzento.
Contou-lhes histórias maravilhosas de coisas surpreendentes criadas pelo seu espírito, porque o tinha pleno de lindas fantasias.
Um dia, porém, o poeta, regressando da cidade grande através dos bosques, viu, de fato, os pequeninos faunos escuros espreitando-o dentre as folhas verdes. E quando se dirigiu para o lago, as nereidas de cabelos esverdeados emergiram da água cristalina e cantaram para ele ao som de suas harpas. E também quando alcançou o topo da colina, o grande centauro galopou sorrindo, envolvido em nuvens de pó.
Naquela tarde quando, ao pálido crepúsculo, os adultos e as crianças se juntaram a ele para ouvir as coisas maravilhosas que vira naquele dia, o poeta lhes disse:
- Hoje nada tenho para lhes contar; não vi coisa alguma.
Isto porque, naquele dia, pela primeira vez na sua vida, ele os vira de fato e, para um poeta, a fantasia é a realidade e a realidade nada significa.

Canções e impressões

Canções,
Difusões,
E impressões...

Tudo surge,
Ressurge,
E insurge...

Infrutiferamente,
Na minha mente,
Demente...

Discordando,
Implorando,
Disfarçando,

Flores,
Formas,
Harmonia!

O mundo acaba,
E eu aqui cantando
Minhas canções
Impressões e poesias!

J.A.Cabral 01.09

Manuel Bandeira - Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público
com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. director.

Estou farto do lirismo que pára
e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc


Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare


- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Pertubarções

Não sei bem o que estou fazendo agora...
(escrevendo, apenas escrevendo...)
Depois de tanto tempo, me sinto calma,
Sem pensamentos... (apenas escrevendo...)
Não tenho muito para contar...
Nada além do óbvio, do comum
Mas sempre existe um X para perguntar
Um X, um Y e um Z...
Coisas que não sei bem o porquê
Insistem em me perturbar...

J.A.Cabral 01/09

William Blake - Las bodas del cielo y el infierno(frag)

Si las puertas de la percepción se depurasen,
todo aparecería a los hombre como realmente es: infinito.
Pues el hombre se ha encerrado en sí mismo hasta ver
todas las cosas a través de las estrechas rendijas de su caverna.

Cláudio B. Carlos (CC)

Ser poeta é um compromisso.
Mas com quem foi mesmo
que eu assumi esta *-!/#*+ ?

Desencanto - Manuel Bandeira

Eu faço versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

Eu faço versos como quem morre.
Qualquer forma de amor vale a pena!!
Qualquer forma de amor vale amar!

Poetas de amanhã - WALT WHITMAN

Poetas de amanhã: arautos, músicos,
cantores de amanhã !
Não é dia de eu me justificar
E dizer ao que vim;
Mas vocês, de uma nova geração,
Atlética, telúrica, nativa,
Maior que qualquer outra conhecida
antes- levantem-se: pois têm de me justificar !

Eu mesmo faço apenas escrever
Uma ou duas palavras
Indicando o futuro;
Faço tocar a roda para frente
Apenas um momento
E volto para a sombra
Correndo

Eu sou um homem que, vagando
A esmo, sem de todo parar,
Casualmente passa a vista por vocês
E logo desvia o rosto,
Deixando assim por conta de vocês
Conceituá-lo e aprová-lo,
A esperar de vocês
As coisas mais importantes.

Soneto I - Bocage

Incultas produções da mocidade
Exponho a vossos olhos, ó leitores:
Vede-as com mágoa, vede-as com piedade,
Que elas buscam piedade, e não louvores:

Ponderai da Fortuna a variedade
Nos meus suspiros, lágrimas, e amores;
Notai dos males seus a imensidade,
A curta duração dos seus favores:

E se entre versos mil de sentimento
Encontrardes alguns, cuja aparência
Indique festival contentamento,

Crede, ó mortais, que foram com violência
Escritos pela mão do Fingimento,
Cantados pela voz da Dependência.

Cecília Meireles - Sugestão

Sede assim — qualquer coisa
serena, isenta, fiel.

Flor que se cumpre,
sem pergunta.

Onda que se esforça,
por exercício desinteressado.

Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados
e os soldados já frios.

Também como este ar da noite:
sussurrante de silêncios,
cheio de nascimentos e pétalas.

Igual à pedra detida,
sustentando seu demorado destino.
E à nuvem, leve e bela,
vivendo de nunca chegar a ser.

À cigarra, queimando-se em música,
ao camelo que mastiga sua longa solidão,
ao pássaro que procura o fim do mundo,
ao boi que vai com inocência para a morte.

Sede assim qualquer coisa
serena, isenta, fiel.

Não como o resto dos homens.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Sirenia - One by One (tradução)

Há um rio que corre junto de
Sua enfraquecida esperança e escuros dias estão para vir
As luzes estão apagando-se mais uma vez
Eu vejo você vacilante, tão perdido e cego
Eu sei, uma sombra ainda hesita em sua mente
Mas eu não posso conduzir você a diante, não desta vez

Eu estive sonhando por um longo tempo
E meus sonhos todos quebraram um por um
Eu estou ainda de pé, ainda encarando a queda
Eu entregarei as distantes chamadas

Eu estou vendo suas muralhas desintegrando-se
Eu estou suportando um milhão de lágrimas ou mais
Em um momento gelado do tempo, eu vejo você cair
Apenas memórias restam de você agora
Eu estou entregue a escuridão e a dúvida
Você não conseguiu achar força para lançar
Os demônios fora

segunda-feira, 9 de março de 2009

Olavo Bilac - Surdina

No ar sossegado um sino canta,
Um sino canta no ar sombrio...
Pálida, Vênus se levanta...
Que frio!

Um sino canta. O campanário
Longe, entre névoas, aparece...
Sino, que cantas solitário,
Que quer dizer a tua prece?

Que frio! embuçam-se as colinas;
Chora, correndo, a água do rio;
E o céu se cobre de neblinas...
Que frio!

Ninguém... A estrada, ampla e silente,
Sem caminhantes, adormece...
Sino, que cantas docemente
Que quer dizer a tua prece?

Que medo pânico me aperta
O coração triste e vazio!
Que esperas mais, alma deserta?
Que frio!

Já tanto amei! já sofri tanto!
Olhos, por que inda estais molhados?
Por que é que choro, a ouvir-te o canto,
Sino que dobras a finados?

Trevas, caí! que o dia é morto!
Morre também, sonho erradio!
- A morte é o último conforto...
Que frio!

Pobres amores, sem destino,
Soltos ao vento, e dizimados!
Inda vos choro... E, como um sino,
Meu coração dobra a finados.

E com que mágoa o sino canta,
No ar sossegado, no ar sombrio!
Pálida, Vênus se levanta...
Que frio!

The Gathering - Anthology In Black (tradução)

Mil sonhos mórbidos cruzam minha mente
Reflexos do passado, o crepúsculo em meus pensamentos
Tento pensar em como tudo começou
Mas o ato permanece nas sombras de meus pensamentos

Enquanto as cortinas das brumas escorregam
Eu posso ver, destruição de mil
A luz de Curon irá morrer essa noite
Os sinos dobram pela irá que é libertada

Ouça os sinos tocarem na água
Sinta o vento caçando o silêncio
O lago de Resia, a divinidade foi perdida
E perdida deve permanecer

Quando eu fecho os meus olhos o que eu vejo ?
Me leva de volta ao começo do tempo
Quando falsas ilusões acariciavam minha mente
As cortinas caem para o mundo de hoje

Quando eu fecho os meus olhos o que eu vejo ?
Me leva de volta ao começo do tempo
Observe meu paraíso se transformar no inferno
No meio do som da badalada de um sino

domingo, 8 de março de 2009

Theatre Of Tragedy - Disintegration (tradução)

Está tudo borrado e fora de vista
Os rostos flutuando em um enfeite escandaloso da luz sobre a calçada
Fluindo e desaparencendo
Dissolvendo, escondendo coisas
Em seu quarto, após a cena, quando os rostos mexerem
Em outra pessoa
O arco está ecoando
Num panorama quebrado, a figura dos brilhantes

Mudando todas os pensamentos estáticos
Em algo menos do que aquilo que foi procurado
O esplendor de dentro
Sem mais ajuda interna
Esvaziar hábitos, curar as necessidades
Somente assim para agradecer
Nunca discordar
Procure escuridão na lucidez

Minha identidade está morrendo
Alguém disse: "Você pode acreditar nesta linha?"
E para todos os que conheço há uma cura
Hesitando, revertendo para frente
Sentimentos nunca são estranhos ou os mesmos
As mentes são sólidas como líquidos
Isso reflete e é fraco
Vagamente luminosa
Tudo mudou
E nada é mais o mesmo

Gregório de Matos - A UMAS SAUDADES

Parti, coração, parti,
navegai sem vos deter,
ide-vos, minhas saudades
a meu amor socorrer.

Em o mar do meu tormento
em que padecer me vejo
já que amante me desejo
navegue o meu pensamento:
meus suspiros, formai vento,
com que me façais ir ter
onde me apeteço ver;
e diga minha alma assi:
Parti, coração, parti,
navegai sem vos deter.

Ide donde meu amor
apesar desta distância
não há perdido constância
nem demitido o rigor:
antes é tão superior
que a si se quer exceder,
e se não desfalecer
em tantas adversidades,
Ide-vos minhas saudades
a meu amor socorrer.

sábado, 7 de março de 2009

Ártemis


A atribuição a Ártemis de traços de deidades pré-helênicas e cretenses mais antigas conferiu-lhe uma imagem multifacetada e ambígua.Na mitologia grega, Ártemis era filha de Zeus e de Leto e irmã gêmea de Apolo. Tida como virgem e defensora da pureza, era também protetora das parturientes e estava ligada a ritos de fecundidade; embora fosse em essência uma deusa caçadora, encarnava as forças da natureza e tutelava as ninfas, os animais selvagens e o mundo vegetal. Cultuada sobretudo nas áreas rurais, na Ática enfatizou-se seu caráter de "senhora das feras", na ilha de Eubéia foi considerada protetora dos rebanhos e no Peloponeso reconheceu-se seu domínio sobre o reino vegetal e ela foi associada à água vivificante. Apesar dessa imagem protetora, Ártemis exibia facetas cruéis: matou o caçador Órion; condenou à morte a ninfa Calisto por deixar-se seduzir por Zeus; transformou Acteão em cervo para ser despedaçado por sua própria matilha e, com Apolo, exterminou os filhos de Níobe e Anfião, para vingar uma suposta afronta. Suas ocupações principais eram a caça e a dança, no que se fazia acompanhar das ninfas.Ártemis tinha diversas representações. As cópias de sua estátua no templo de Éfeso, uma das maravilhas do mundo antigo, correspondem ao modelo das chamadas deusas-mães e apresentam muitos seios, símbolo de fecundidade. Na Grécia clássica foi representada com longa túnica e arco retesado, enquanto na época helenística exibia túnica curta e aljava, seguida por uma matilha ou um filhote de cervo. Essa imagem foi também a mais comum em Roma, que identificou Ártemis com Diana.