Aparentemente romântico Keats tornou-se um dos maiores clássicos da literatura inglesa e definiu a beleza no verso magistral que também diz muito de sua atitude para com a vida: A thing of beauty is a joy for ever ("Uma coisa bela é uma alegria para sempre").
John Keats nasceu em Londres em 31 de outubro de 1795. De origem pobre, teve educação irregular. Ao perder os pais, seu tutor o estimulou a aprender o ofício de cirurgião e o jovem poeta trabalhou em dois hospitais, mas abandonou a medicina para dedicar-se à literatura. Em 1817 Keats publicou Poems (Poemas), de concepção ultra-romântica, mas que já prenunciava seu caminho futuro, como no extenso poema "Sleep and Poetry" ("Sono e poesia"). Keats leu Spenser, Shakespeare, Marlowe e clássicos traduzidos, como Homero. Com base em leituras mitológicas, concebeu seu Endymion (1818; Endimião), em que inverte o mito da paixão de Diana (a Lua) pelo pastor. Fez de Endimião uma alegoria do amor pela beleza ideal, estética que mais tarde intensificou.
Até então rejeitado pela crítica, Keats concebeu um projeto ainda mais ambicioso, o Hyperion (Hiperião), planejado em 1818 para dez cantos, mas abandonado com quatro em 1819. O tema, a expulsão dos titãs do Olimpo pelos novos deuses, é alegoria evidente da derrota das trevas pelos novos ideais de beleza. Keats, porém, não deve ser tomado por épico. Sua obra é essencialmente lírica e compreende alguns dos poemas mais perfeitos do gênero em língua inglesa. Exprimem estética semelhante à dos poemas longos, particularmente o Hyperion, ou seja, a do belo como felicidade sensível, inatingível mas entrevista, como no célebre "The Eve of St. Agnes" (1819; "As vésperas de santa Inês").
O gênio de Keats também se revela poderoso nas grandes odes em que expressou a "capacidade negativa", segundo suas palavras, de persistir na dúvida e no mistério, sem racionalizar, como a "Ode to a Nightingale" ("Ode a um rouxinol"), a "Ode to melancholy" ("Ode à melancolia") e a "Ode to a Grecian Urn" ("Ode a uma urna grega"), em que exalta o ideal de permanência da arte. Também famosas são a "Ode on indolence" ("Ode à Indolência"), "Ode to Psyche" ("Ode a Psiquê") e "Ode to Antumn" ("Ode ao Outono"). Na balada "La Belle Dame sans merci", volta o tema do inatingível ideal estético.
Ao cuidar do irmão tuberculoso, Keats contaminou-se. Sua saúde declinou rapidamente e os últimos meses do poeta foram vividos em Roma, onde morreu em 23 de fevereiro de 1821. Prevendo o esquecimento, pediu que se gravasse em sua lápide o epitáfio: "Here lies One / Whose Name was writ in Water" ("Aqui jaz alguém / Cujo Nome foi escrito na Água"). Ocorreu o contrário: sua influência estendeu-se a simbolistas, pré-rafaelitas e até a modernos do início do século XX.
Um comentário:
keats... o menino John.
Sou tradutora de sua obra.
Penso na negative capability. Dá pra chorar: que menmino!
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