sábado, 31 de dezembro de 2016

Valter Hugo Mãe - A desumanização (frag)

Havemos de dezembrar. Dizia eu. Faltava pouco para o fim do ano. Era o meu pai, nos tempos de maior conversa, que pedia. Depois de cada dificuldade, esperava que dezembrássemos todos. Que era prometer que chegaríamos vivos e salvos ao fim do ano, entrados em janeiro, começados de novo. A resistir.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Borges - O fazedor (frag)


"Um homem se propõe a tarefa de esboçar o mundo. 
Ao longo dos anos povoa um espaço com imagens de províncias, de reinos, de montanhas, de baías, de naves, 
de ilhas, de peixes, de habitações, de instrumentos, 
de astros, de cavalos e de pessoas.
Pouco antes de morrer, descobre que esse paciente 

labirinto de linhas traça a imagem de seu rosto."

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Dickens - Um conto de duas cidades (frag)

O que faço hoje é muito, muito melhor do que tudo quanto já fiz. 
E a paz que tenho hoje é muito, muito maior do que a paz que jamais conheci.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Charles Bukowski - APRENDE-SE

aprende-se a resistir porque não resistir
é entregar o mundo na mão deles
e eles são menos que
nada.


resistir significa simplesmente mostrar a que veio
e quanto pior a disputa
mais prazerosa é
a vitória.


dizem que você deve lutar pela sua
liberdade.
sei disso.
só que não lutei contra os japoneses, os italianos, os alemães
ou os russos
pela minha liberdade.
lutei contra os americanos: os pais, os pátios das escolas,
os patrões, as mulheres de rua, os amigos, o
próprio
sistema.


a luta, é claro, não tem fim.
novas dificuldades surgem como um trem pontual.
pode não ser mais a manhã de ressaca ou a
linha de montagem da fábrica
mas a traição, a falsidade e as falsas esperanças tomam seu
lugar.

acredito que somos testados mesmo quando
dormimos, e geralmente tudo é tão fatal
que só podemos rir.


para resistir é preciso um pouco de sorte, algum conhecimento e
um razoável senso de
humor porque os insensíveis se tornaram mais insensíveis,
os fortes mais fortes,
os que tinham coragem menos corajosos e
tudo que nos resta é
considerar o jeito
que o elefante fica em silêncio na floresta esperando pra morrer,
o jeito que o homem fracassa de novo e de novo e de novo,
o jeito que o padre esquece suas preces,
o jeito que o amor pode se tornar uma loucura,
ou o jeito que a chuva fria penetra no túmulo
de Mozart. apesar disso e
de tantas outras coisas
é que finalmente se aprende
a resistir.

domingo, 6 de novembro de 2016

Haruki Murakami - Norwegian wood (frag)

Perguntei-me subitamente quantas dezenas ou centenas de domingos iguais àquele ainda se repetiriam na minha vida. “Domingos silenciosos, pacíficos e solitários”, disse em voz alta para mim mesmo. Aos domingos, eu não dava corda em mim mesmo.

domingo, 30 de outubro de 2016

Oswaldo Montenegro - Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
A outra metade é silêncio

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Pois metade de mim é partida
A outra metade é saudade
Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa
Que resta a um homem inundado de sentimentos
Pois metade de mim é o que ouço
A outra metade é o que calo
Que a minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que mereço
Que a tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
A outra metade um vulcão
Que o medo da solidão se afaste
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
Que me lembro ter dado na infância
Pois metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade não sei
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o seu silêncio me fale cada vez mais
Pois metade de mim é abrigo
A outra metade é cansaço
Que a arte me aponte uma resposta
Mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar
Pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Pois metade de mim é plateia
A outra metade é canção
Que a minha loucura seja perdoada
Pois metade de mim é amor
E a outra metade também

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Pablo Neruda - NO HAY OLVIDO (SONATA)


Si me preguntáis en dónde he estado
debo decir "Sucede".
Debo de hablar del suelo que oscurecen las piedras,
del río que durando se destruye:
no sé sino las cosas que los pájaros pierden,
el mar dejado atrás, o mi hermana llorando.
Por qué tantas regiones, por qué un día
se junta con un día? Por qué una negra noche
se acumula en la boca? Por qué muertos?


Si me preguntáis de dónde vengo, tengo que conversar con
      cosas rotas,
con utensilios demasiado amargos,
con grandes bestias a menudo podridas
y con mi acongojado corazón.


No son recuerdos los que se han cruzado
ni es la paloma amarillenta que duerme en el olvido,
sino caras con lágrimas,
dedos en la garganta,
y lo que se desploma de las hojas:
la oscuridad de un día transcurrido,
de un día alimentado con nuestra triste sangre.


He aquí violetas, golondrinas,
todo cuanto nos gusta y aparece
en las dulces tarjetas de larga cola
por donde se pasean el tiempo y la dulzura.


Pero no penetremos más allá de esos dientes,
no mordamos las cáscaras que el silencio acumula,
porque no sé qué contestar:
hay tantos muertos,
y tantos malecones que el sol rojo partía,
y tantas cabezas que golpean los buques,
y tantas manos que han encerrado besos,
y tantas cosas que quiero olvidar.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

A-ha - Crying In The Rain(tradução)

Eu nunca deixarei você ver
Como o meu coração partido está me machucando
Eu tenho meu orgulho e sei como esconder
Toda a minha tristeza e sofrimento
Eu vou chorar na chuva
Se eu esperar por céus tempestuosos,
Você não distinguirá a chuva das lágrimas nos meus olhos
Você nunca saberá que ainda te amo muito
Só restam mágoas
Eu vou chorar na chuva
Gotas de chuva caindo do céu
Jamais conseguiriam tirar o meu sofrimento
Desde que não estamos juntos
Rezo para que o tempo tempestuoso
Esconda estas lágrimas que espero que você nunca veja
Algum dia quando meu choro tiver acabado
Vou exibir um sorriso e caminhar ao sol
Talvez eu seja um tolo, mas até lá
Querida, você nunca me verá reclamar
Eu vou chorar na chuva
Desde que não estamos juntos
Rezo para que o tempo tempestuoso
Esconda estas lágrimas que espero que você nunca veja
Algum dia quando meu choro tiver acabado
Vou exibir um sorriso e caminhar ao sol
Talvez eu seja um tolo, mas até lá
Querida, você nunca me verá reclamar
Eu vou chorar na chuva

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Depeche Mode - I Sometimes Wish I Was Dead(tradução)

Novos sons nos rodeiam
Você também pode ouvi-los
Esquentam, nunca param
Somente para nós dois
Tocando no meu rádio e dizendo que você tem que ir
Novo dia, afaste-se
Enxugue a lágrima
Nova noite, me sinto bem
Sabendo que você está aqui
Dançando com você o tempo todo e você não acha que isso é um crime
Rua de trás, nunca encontrada
Nunca diga adeus
Eu sei aonde vai
Mas eu não sei a razão
Você diz que vem de cima e eu pergunto ?Isso é amor moderno??

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Andre Gide - Ronde pour adorer ce que j'ai brûlé

Il y a des livres qu'on lit, assis sur des petites planchettes
Devant un pupitre d'écolier.

Il y a des livres qu'on lit en marche
(Et c'est aussi à cause de leur format);
Tels sont pour les forêts, tels pour d'autres campagnes, 
Et nobiscum rusticantur, dit Cicéron.
Il y en a que je lus en diligence;
D'autres, couché au fond des greniers à foin.

Il y en a pour faire croire qu'on a une âme,
D'autres pour la désespérer.
Il y en a où l'on prouve l'existence de Dieu;
D'autres où l'on ne peut pas y arriver.

Il y en a que l'on ne saurait admettre
Que dans les bibliothèques privées;
Il y en a qui ont reçu les éloges
De beaucoup de critiques autorisés.

Il y en a où il n'est question que d'apiculture
Et que certains trouvent un peu spéciaux;
D'autres où il est tellement question de la nature
Qu'après ce n'est plus la peine de se promener.

Il y en a que méprisent les sages hommes
Mais qui excitent les petits enfants.

Il y en a qu'on appelle des anthologies
Et où l'on a mis tout ce qu'on a dit de mieux sur n'importe quoi.
Il y en a qui voudraient vous faire aimer la vie;
D'autres après lesquels l'auteur s'est suicidé.

Il y en a qui sèment la haine
Et qui récoltent ce qu'ils ont semé.
Il y en a qui lorsqu'on les lit semblent luire,
Chargés d'extase, délicieux d'humilité.
Il y en a que l'on chérit comme des frères
Plus purs et qui ont vécu mieux que nous

Il y en a dans d'extraordinaires écritures
Et qu'on ne comprend pas, même quand on les a beaucoup étudiés.

Nathanaël! Quando aurons-nous brûlé tous les livres!

Il y en a qui ne valent pas quatre sous;
D'autres qui valent des prix considérables.

Il y en a qui parlent de rois et de reines,
Et d'autres, de très pauvres gens.
Il y en a dont les paroles sont plus douces
Que le bruit des feuilles à midi.

C'est un livre que mangea Jean à Patmos,
Comme un rat, — mais moi j'aime mieux les framboises —
Ça lui a rempli d'amertume les entrailles
Et après il a eu beaucoup de visions.

Nathanaël! Quand aurons-nous brûlé tous les livres!

domingo, 4 de setembro de 2016

Oasis - Stop Crying Your Heart Out (tradução)

Aguente!
Aguente!
Não se assuste
Você nunca mudará o que aconteceu e passou
Que seu sorriso (que seu sorriso)
Brilhe (brilhe)
Não tenha medo (não tenha medo)
Seu destino talvez te mantenha aquecido
Porque todas as estrelas
Estão desaparecendo
Apenas tente não se preocupar
Você as verá algum dia
Pegue o que você precisa
E siga seu caminho
E faça seu coração parar de chorar
Levante (levante)
Vamos (vamos)
Por que você está assustado? (Não estou assustado)
Você nunca mudará o que aconteceu e passou
Porque todas as estrelas
Estão desaparecendo
Apenas tente não se preocupar
Você as verá algum dia
Pegue o que você precisa
E siga seu caminho
E faça seu coração parar de chorar
Porque todas as estrelas
Estão desaparecendo
Apenas tente não se preocupar
Você as verá algum dia
Pegue o que você precisa
E siga seu caminho
E faça seu coração parar de chorar
Nós somos todas as estrelas
Nós estamos desaparecendo
Apenas tente não se preocupar
Você nos verá algum dia
Apenas pegue o necessário
E siga seu caminho
E faça seu coração parar de chorar
Faça seu coração parar de chorar
Faça seu coração parar de chorar
Faça seu coração parar de chorar

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Neil Gaiman - A volta do magro Duque branco (frag)

"O coração é maior que o universo, pois pode encontrar em si compaixão para tudo que existe, e o próprio universo não sente compaixão O coração é maior que um rei, pois um coração pode conhecer um rei por aquilo que ele é, e, ainda assim, amá-lo. E, depois de entregar o coração, é impossível tomá-lo de volta."

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Oroboro

As palavras sumiram
E quando aconteceu
morri um pouco.

Você dirá que não se morre
em partes, apenas uma vez.
E eu saberei que não entendeu.

As palavras desapareceram.
E quando perguntei por elas
ninguém tinha notado a ausência.,Elas não fazem falta aos outros
como fazem a mim.

Vivi meio morto uns anos.
Sem palavras não existe vida.
Existe uma sombra, pálido reflexo,
a expectativa de um acontecimento
que nunca se dá, que não existe.

Você dirá que exagero
por drama, por tristeza.
E saberei que você nunca sentiu.

Só quem perdeu as palavras
Compreende a dor diante do papel
em brando, das linhas rasuradas, de
se odiar por nunca estar bom e,
mesmo sem esperança, não desistir.

Não foi pouco o que eu morri.
Mas quando aconteceu, enfim,
As palavras voltaram.

J.A.Cabral 08/16

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Clarice Lispector - A paixão segundo G.H. (frag)

Talvez desilusão seja o medo de não pertencer mais a um sistema. No entanto se deveria dizer assim: ele está muito feliz porque finalmente foi desiludido. O que eu era antes não me era bom. Mas era desse não-bom que eu havia organizado o melhor: a esperança. De meu próprio mal eu havia criado um bem futuro. O medo agora é que meu novo modo não faça sentido? Mas por que não me deixo guiar pelo que for acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Dickens - Um conto de duas cidades (frag)

“Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos; aquela foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, foi a época da crença, foi a época da descrença, foi a estação da Luz, a estação das Trevas, a primavera da esperança, o inverno do desespero; tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós, íamos todos direto para o Paraíso, íamos todos direto no sentido contrário.”

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Ramón Sampedro - Cartas do Inferno (frag)

"Morrer é só isso. Deitar para dormir quando se está muito cansado, sereno e tranquilo, sem medo do sono, sem tristeza nem rancor mesquinho, deixando no mundo uma recordação boa de nós mesmos, em tudo o que amamos, como o sol deixou sua mais bela despedida gravada em minha lembrança. Mas para isso devemos ser tão livres, tão livres, tão bons, tão bons, que talvez seria desejar que os humanos fossem demasiado humanos." 

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Shakespeare - Macbeth (frag)

E eu, sou um homem tão cansado de desastres, tão esfaldado pela luta contra a fortuna que jogaria minha vida contra qualquer probabilidade, para melhorá-la ou então ficar livre dela.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Joy Division - 24 Hours (tradução)

Portanto, esta é a permanência, orgulho quebrado do amor.
O que uma vez foi inocência, virou-se de lado.
Uma nuvem paira sobre mim, marca cada movimento,
Profundo na memória, do que uma vez era o amor.
Oh, como eu percebi como eu queria tempo,
Posto em perspectiva, tentei tanto encontrar,
Só por um momento, pensei ter encontrado meu caminho.
Destino desdobrado, eu o assisti escapar.
Focos excessivos, além de todo alcance,
Solitárias exigências para tudo o que eu gostaria de manter.
Vamos dar um passeio fora, ver o que podemos encontrar,
Uma coleção sem valor de esperanças e desejos passados.
Eu nunca percebi os até onde eu tenho que ir,
Todos os cantos mais escuros de uma sensação que eu não conhecia.
Só por um momento, ouvi chamar alguém,
Olhei além do dia em mãos, não há nada afinal
Agora que percebo como tudo deu errado,
Tenho que encontrar alguma terapia, este tratamento leva muito tempoBem no coração de onde a simpatia reinava,
Tenho que encontrar meu destino, antes que seja tarde demais.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

The Doors - Unhappy Girl(tradução)

Menina triste
Deixada totalmente só
Jogando paciência
Enclausurando sua própria alma
Você está trancada numa prisão
que você mesma
criou.
E você não consegue acreditar
no que me acontece
Ao te ver
chorando
Menina triste
Rasgue essa sua rede
Arrebente todas as suas grades
Derreta sua cela hoje mesmo
Você foi condenada
a uma prisão
Que você mesma
criou.
Menina triste
Voe rápido para longe
Não perca a sua chance
De nadar no mistério
Você está morrendo
numa prisão
Que você mesma
criou.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Sylvia Plath - A redoma de vidro (frag)

Eu via minha vida se ramificando à minha frente como a figueira verde daquele conto. 
Da ponta de cada galho, como um enorme figo púrpura, um futuro maravilhoso acenava e cintilava. Um desses figos era um lar feliz com marido e filhos, outro era uma poeta famosa, outro, uma professora brilhante, outro era Ê Gê, a fantástica editora, outro era feito de viagens à Europa, África e América do Sul, outro era Constantin e Sócrates e Átila e um monte de amantes com nomes estranhos e profissões excêntricas, outro era uma campeã olímpica de remo, e acima desses figos havia muitos outros que eu não conseguia enxergar. 
Me vi sentada embaixo da árvore, morrendo de fome, simplesmente porque não conseguia decidir com qual figo eu ficaria. Eu queria todos eles, mas escolher um significava perder todo o resto, e enquanto eu ficava ali sentada, incapaz de tomar uma decisão, os figos começaram a encolher e ficar pretos e, um por um, desabaram no chão aos meus pés.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

J.R.R.Tolkien - Ferreiro de Bosque Grande (frag)

"[A Terra-Fada] Mais profundamente, ela representa o amor: isto é, um amor e um respeito por todas as coisas, “inanimadas” e “animadas”, um amor não possessivo com relação a elas como coisas “diferentes”. Esse “amor” produzirá ao mesmo tempo compaixão e deleite. As coisas que forem vistas à sua luz serão respeitadas e também parecerão deleitosas, belas, maravilhosas, até mesmo gloriosas. De fato, pode-se dizer que Terra-Fada representa a Imaginação (sem definição, uma vez que engloba todas as definições dessa palavra): estética; exploratória e receptiva; e artística; inventiva, dinâmica, (sub) criativa. Esse complexo — de consciência de um mundo ilimitado fora de nossa paróquia doméstica; de um amor (em compaixão e admiração) pelas coisas que há nele; e de um desejo de assombro e de maravilhas, tanto percebidas como concebidas –, essa “Terra-Fada” é tão necessária à saúde e ao pleno funcionamento do Humano quanto a luz do sol para a vida física: luz do sol vista como distinta do solo, digamos, apesar de na verdade permear e modificar até a ele."

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Sófocles - Édipo em Colono (frag)

Quem não se satisfaz com um quinhão 
normal de vida e deseja um maior, 
parece-me em verdade um insensato. 
Dias sem número nunca reservam
a ninguém nada mais que dissabores
 mais próximos da dor que da alegria. 
Quanto aos prazeres, não os discernimos
e nossa vista os buscará em vão 
logo que para nossa desventura 
chegamos ao limite prefixado.
E desde então o nosso alívio 
único será aquele que dará a todos 
o mesmo fim, na hora de chegar 
de súbito o destino procedente 
do tenebroso reino onde não há 
cantos nem liras, onde não há danças 
— ou seja, a Morte, epílogo de tudo. 
Melhor seria não haver nascido; 
como segunda escolha bom seria 
voltar logo depois de ver a luz 
à mesma região de onde se veio.
Desde o momento em que nos abandona 
a juventude, levando consigo 
a inconsciência fácil dessa idade, 
que dor não nos atinge de algum modo? 
Que sofrimentos nos serão poupados? 
Rixas, rivalidades, mortandade, 
lutas, inveja, e como mal dos males 
a velhice execrável, impotente, 
insociável, inimiga, enfim, 
 na qual se juntam todas as desditas.
Não é apenas meu esse destino. 
Vede este infortunado semelhante 
a um promontório defrontando o norte, 
açoitado em todas as direções
por altas ondas e duras tormentas. 
Este infeliz também é flagelado 
sem tréguas por desventuras horríveis, 
como se fossem vagalhões, uns vindos 
lá do Poente, outros lá do Levante, 
outros lá de onde o sol lança seus raios 
ao meio-dia, outros do alto Ripeu 
sempre coberto pela noite escura.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Neil Gaiman - Deuses Americanos (frag)

"Em um mundo onde as pessoas morrem todos os dias, acho que a coisa mais importante a ser lembrada é que, pra cada momento de aflição que temos quando uma pessoa deixa este mundo, há um momento correspondente de alegria quando um bebê chega a este mundo. Esse primeiro lamento é... bom, é magia, não é? Talvez seja uma coisa difícil de se dizer, mas alegria e aflição são como arroz e feijão. Isso serve pra descrever como se dão bem juntas."

quinta-feira, 30 de junho de 2016

The Doors - Strange Days(tradução)

Os dias estranhos nos encontraram
Os dias estranhos nos rastrearam
Eles vão destruir
Nossas alegrias casuais
Nós temos que seguir em frente ou encontrar uma outra cidade
Sim!
Olhos estranhos ocupam salas estranhas
Vozes anunciarão o seu cansado fim.
A anfitriã está sorrindo
Seus hóspedes dormem em pecado
Me ouça falar sobre o pecado e você sabe que isso é um
Sim!
Os dias estranhos nos encontraram
E através de suas estranhas horas
Ficamos sozinhos à espera
Corpos confusos, memórias mal usadas
Enquanto trocamos o dia
Pela estranha noite de pedra

Dostoiévski - Os irmãos Karamazov

Que é o sofrimento? Não o temo, fosse ele infinito. Outrora o temia. Pode acontecer que não responda a nada no tribunal... Com a força que sinto em mim, creio-me em condições de dominar todos os sofrimentos, contanto que possa dizer a mim mesmo a cada instante: existo! Em meio dos tormentos, crispado pela tortura, existo! Amarrado ao pelourinho, existo ainda, vejo o sol, e, se não o vejo, sei que ele luz. E saber isto é já toda a vida. 

terça-feira, 21 de junho de 2016

Alexander Púchkin - Manhã de inverno

Tradução de José Casado

Há frio e sol: que manhã linda!
Tu, meu primor, dormes ainda.
É tempo, ó bela, de acordar.
Desvenda o olhar que o torpor cerra,
Encara a aurora sobre a terra
Qual fosses novo astro polar!

À noite, neve e tempestade
Houve e, no céu, névoa, verdade?
A mancha lívida do luar
Nos nimbos era amarelada.
Tristonha estavas e sentada;
E ora... à janela vem olhar:

Ao claro azul do céu que esplende,
Tapete raro que se estende,
A neve jaz a fulgurar;
O bosque, só, sobressai, preto;
Verdeja, sob a geada, o abeto;
Sob gelo, eis a água a lucilar.

Faz-se ambarino o quarto inteiro.
Vem estalido prazenteiro
Do recém-aceso fogão.
Meditar perto dele é grato.
 Mas dize: queres que, neste ato,
A poldra parda atrele, não?

A deslizar na neve, amada,
Dar-nos-emos à galopada
Do equino e sua agitação.
Iremos ver os nus e imensos
Campos, faz pouco inda tão densos,
E a praia de minha afeição.

1829

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Sylvia Plath - The Unabridged Journals of Sylvia Plath(frag)

I can never read all the books I want; I can never be all the people I want and live all the lives I want. I can never train myself in all the skills I want. And why do I want? I want to live and feel all the shades, tones and variations of mental and physical experience possible in my life. And I am horribly limited.

sábado, 11 de junho de 2016

Quentin Bell - Virginia Woolf: Uma Biografia (frag)

Quanto a escrever — também eu quero expressar beleza — mas beleza (simetria?) da vida e do mundo, em ação. Conflito? — será isso? Se existe ação na pintura é apenas para exibir linhas; mas sempre tendo a beleza em vista. Não haverá um tipo diferente de beleza? Sem conflito.
Eu atinjo um tipo diferente de beleza, obtendo simetria através de discordâncias infinitas, mostrando todos os traços da passagem da mente pelo mundo; consigo no fim uma espécie de todo feito de fragmentos trêmulos; parece-me que esse é o processo natural; o voo da mente. Eles de fato atingem a mesma coisa?

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Emil Cioran - Silogismos da amargura (frag)

Só vivo porque posso morrer quando quiser: sem a ideia do suicídio já teria me matado há muito tempo.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Tristeza

Deteriorando,
Aos poucos, lentamente,
Deixando ir embora,
Escoando,
Sofrendo,
Distraindo a vida
Com a Morte
Fantasias de mutilação
E sacrifício
Que não importam
A Ninguém.

J.A.Cabral 06/16

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Haruki Murakami - Sono (frag)

“Não preciso dormir”, pensei. Não me importo de ficar louca ou de perder o cerne da minha existência. Por mim, tudo bem. A única coisa que sei é que não quero ser consumida por uma tendência. Se para me curar desse desgaste provocado por essa tendência é necessário dormir periodicamente, não vou fazer isso. Não preciso dormir. Se por um lado o meu corpo vai ser consumido pela tendência, por outro sei que minha mente será somente minha. Sou capaz de mantê-la firmemente comigo. Não vou entregá-la a ninguém. Não quero ser curada. Não vou dormir. 

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Ernest Hemingway - Por quem os sinos dobram (frag)

— Sim, teremos que lutar. 
— Mas não há muitos fascistas no seu país? 
— Há muitos que não sabem que são fascistas, mas com o tempo irão descobrir. 
— Mas você não pode destruí-los, antes que eles se rebelem? 
— Não — disse Robert Jordan. — Não podemos destruí-los. Mas podemos educar as pessoas, de modo que elas irão temer o fascismo, reconhecê-lo quando se manifestar, e combatê-lo.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Clarice Lispector - Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres (frag)

— E então você não quis mais nada disso. E parou com a possibilidade de dor, o que nunca se faz impunemente. Apenas parou e nada encontrou além disso. Eu não digo que eu tenha muito, mas tenho ainda a procura intensa e uma esperança violenta. Não esta sua voz baixa e doce. E eu não choro, se for preciso um dia eu grito, Lóri. Estou em plena luta e muito mais perto do que se chama de pobre vitória humana do que você, mas é vitória. Eu já poderia ter você com o meu corpo e minha alma. Esperarei nem que sejam anos que você também tenha corpo-alma para amar. Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira. Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia. Mas eu escapei disso, Lóri, escapei com a ferocidade com que se escapa da peste, Lóri, e esperarei até você também estar mais pronta. 

sábado, 23 de abril de 2016

Shakespeare - Romeu e Julieta (frag)


           ROMEU:
                    Se a mão indigna profana esta capela,
                    O pecado gentil aí está:
                    Meus lábios peregrinos a mazela
                    De um toque querem com um beijo atenuar.

             JULIETA:
                    Fazeis às vossas mãos um desatino,
                    Se a devoção demonstram por tal meio;
                    Nas mãos das santas toca o peregrino,
                    E palma e palma é o beijo do romeiro.

             ROMEU:
                    Ambos não possuem lábios, igualmente?

              JULIETA:
                    Sim, lábios onde a prece prevaleça.

              ROMEU:
                    Que os lábios, meu anjo, façam justamente
                    O que a mão faz, pra que a fé não enlouqueça.

                 JULIETA:
                    Em mover-se assim a santa não se empenha.

               ROMEU:
                    Então deixai que o meu pedido eu obtenha.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Emil Cioran - Silogismos da amargura (frag)

 É preciso ter a coragem de reconhecer que a vida não resiste a uma interrogação séria e que é difícil, e mesmo impossível, atribuir um sentido ao que visivelmente não comporta um. Por outro lado, nem que seja por gosto do paradoxo, podemos ser seduzidos por esse naufrágio, pela amplidão, pelo brilho do nada de tudo o que vive.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Tolstoi - Ana Karenina (frag)

"Querem a todo transe ensinar-nos a viver, eles, que não fazem a mínima ideia do que seja a felicidade. Não sabem que, sem este amor, não haveria para nós nem alegria nem dor neste mundo, a vida deixaria de existir."

domingo, 3 de abril de 2016

Alejandro Zambra - Formas de Voltar Para Casa (frag)

Na época não sabíamos os nomes das árvores ou dos pássaros. Não era necessário. Vivíamos com poucas palavras e era possível responder a todas as perguntas dizendo: não sei. Não achávamos que isso fosse ignorância. Chamávamos de honestidade. Depois aprendemos, pouco a pouco, os matizes. Os nomes das árvores, dos pássaros, dos rios. E decidimos que qualquer frase era melhor que o silêncio. 
Mas sou contra a nostalgia. 
Não, não é verdade. Eu gostaria de ser contra a nostalgia. Para onde quer que eu olhe há alguém renovando votos com o passado. Recordamos canções que na verdade nunca nos agradaram, voltamos a ver as primeiras namoradas, colegas de curso por quem não tínhamos simpatia, saudamos de braços abertos gente que repudiávamos. 
Me assombra a facilidade com que esquecemos o que sentíamos, o que queríamos. A rapidez com que assumimos que agora desejamos ou sentimos algo diferente. E ao mesmo tempo queremos rir das mesmas piadas. Queremos, julgamos ser de novo os meninos abençoados pela penumbra. 

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Tolstói - Anna Karenina (frag)

"Toda diversidade, todo encanto, toda beleza da vida se compõe de luzes e de sombras."

quinta-feira, 31 de março de 2016

Jean-Dominique Bauby - O Escafandro e a Borboleta (frag)

Será que eu era cego e surdo ou será que a luz de uma desgraça se faz necessária para iluminar a verdadeira face de um homem?

quinta-feira, 24 de março de 2016

Victor Hugo - Os miseráveis (frag)

Morrer não é nada, horrível é não viver.

terça-feira, 22 de março de 2016

Florence and The Machine - Queen Of Peace (tradução)

Oh, o rei
Ficou louco de tanto sofrer
Gritou por alívio
Alguém o cure de sua dor

Seu único filho
Morto, mas ganhou a batalha
Oh, o que vale a pena?
Quando tudo o que resta é sofrimento

Como as estrelas perseguem o sol
Pela colina brilhante, eu irei conquistar
O sangue corre profundamente
Algumas coisas nunca dormem

De repente, eu supero
Dissolvendo como o sol se pondo
Como um barco em direção ao esquecimento
Porque você está me afastando

Agora eu estou fugindo
O estrago já está feito
Ora, é isso que você quer?
Porque você está me afastando

Oh, a rainha da paz
Sempre faz o seu melhor para agradar
Isso serve para algo?
Alguém tem que perder

Como um longo grito
Lá fora, sempre ecoando
Oh, o que vale a pena?
Tudo o que resta é sofrimento

Como as estrelas perseguem o sol
Pela colina brilhante, eu irei conquistar
O sangue corre profundamente
Algumas coisas nunca dormem

De repente, eu supero
Dissolvendo como o sol se pondo
Como um barco em direção ao esquecimento
Porque você está me afastando

Agora eu estou fugindo
O estrago já está feito
Ora, é isso que você quer?
Porque você está me afastando

E meu amor não adianta
Contra a fortaleza que é feita por você
Sangue corre profundamente
Sofrimento que você guarda

De repente, eu supero
Dissolvendo como o sol se pondo
Como um barco em direção ao esquecimento
Porque você está me afastando

Agora eu estou fugindo
O estrago já está feito
Ora, é isso que você quer?
Porque você está me afastando

domingo, 20 de março de 2016

Victor Hugo - Os miseráveis (frag)

Quem quer que abrigue na alma uma revolta secreta contra um fato qualquer do Estado, da vida ou da sorte, se encerra na revolta e, asim que ela aparece, começa a agitar-se e a sentir-se impelido pelo turbilhão. 
O motim é uma espécie de tufão da atmosfera social que se forma repentinamente em certas condições de temperatura e que, em seu rodopio, sobe, corre, estoura, arranca, arrasa, esmaga, derruba, puxa as raízes, arrastando consigo as grandes naturezas bem como as mesquinhas, o homem forte e o espírito fraco, o tronco de árvore e o fragmento de palha. 
Infelizes tanto dos que arrebata quanto dos que atropela! Um é jogado contra o outro. 
Comunica as que a ele aderem não se sabe que poder extraordinário. Preenche os desavisados com a força dos acontecimentos; transforma tudo em projéteis. De um seixo faz uma bala, de um entregador faz um general. 
Se dermos crédito a certos oráculos da política hipócrita, do ponto de vista do poder, um pouco de revolta é desejável. Esquema: a revolta reforça os governos que não derruba; põe à prova o exército; concentra a burguesia; distende os músculos da polícia; constata a força da ossatura social. É uma ginástica; é quase uma higiene. O poder se sente melhor depois de um motim, como o homem depois de uma massagem.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Marina And The Diamonds - Forget (tradução)

Às vezes eu acho que não sou assim tão forte
Mas há uma força que me motiva
Cansada do meu pequeno coração, feito de aço
Cansada das feridas que nunca se cicatrizam
(Nunca se cicatrizam)

Pois eu vivi minha vida em débito
Passei meus dias em profundo arrependimento
Sim, eu tenho vivido no vermelho
Porque não posso perdoar e não posso esquecer
Esquecer...

Esquecer, esquecer, esquecer
Não há tempo para arrependimento
Sim, é hora de esquecer

Desde que consigo me lembrar
A vida tem sido uma balança
Como um ábaco que eu brinquei
Contabilizando cada vitória e cada derrota
(Cada vitória e cada derrota)

Pois eu vivi minha vida em débito
Passei meus dias em profundo arrependimento
Sim, eu tenho vivido no vermelho
Mas eu quero perdoar e esquecer

Esquecer, esquecer, esquecer
Não há tempo para arrependimento
Sim, é hora...

De deixar para trás
Oh querido, você sabe
Do que eu estou falando
Não tenho nada a perder e nada a provar
Oh querido, estou me despedindo
Despedindo, me despedindo

Sim, eu estive dançando com o Diabo
Adoro como ele finge se importar
E se eu alguma vez for ao paraíso
Quando um milhão de dólares te levarem lá
Oh, todo o tempo que eu desperdicei
Perseguindo coisas sem importância
Quando na verdade eu nasci para ser uma tartaruga
Nasci para caminhar sozinha
Esqueça isso
Esqueça isso
Esqueça isso

Esquecer, esquecer, esquecer
Não há tempo para arrependimento

Eu vou deixar o passado para trás
Já tive o suficiente, estou me libertando
Não vou pressionar o "parar", "apagar", "rebobinar"
Essa corrente de pensamentos que tem me seguido
Eu apostei tudo que tinha no que acreditava
Pela primeira vez na minha vida
Eu cometi erros, mas acredito que
Tudo valeu a pena
Porque no final, a estrada é longa
Mas apenas porque te faz forte
Está cheia de altos, voltas e reviravoltas
Às vezes você tem de aprender a esquecer

domingo, 13 de março de 2016

Harper Lee - O sol é para todos(frag)

“Quando crescer, todos os dias você verá brancos ludibriando negros, mas deixe-me dizer uma coisa, e nunca se esqueça disso: sempre que um branco trata um negro desta forma, não importa quem seja ele, o seu grau de riqueza ou a linhagem de sua família, esse homem branco é lixo.” 

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Nietzsche - Assim falava Zaratustra (frag)

Vai para a tua solidão com as minhas lágrimas, irmão. Eu amo aquele que quer criar algo superior a si próprio, e que dessa forma perece.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Bukowski - Pulp (frag)

Frequentemente, os melhores momentos na vida são quando a gente não está fazendo nada, só meditando, ruminando. Quer dizer, a gente pensa que todo mundo é sem sentido, aí vê que não pode ser tão sem sentido assim, se a gente percebe que é sem sentido, e essa consciência da falta de sentido já é quase um pouco de sentido. Sabe como é? Um otimismo pessimista.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Oasis - Stand by me (tradução)

Fiz uma refeição e a vomitei no domingo
Tenho muitas coisas para aprender
Disse que eu partiria e eu vou partir algum dia
Antes que meu coração comece a queimar

Então qual o problema com você?
Cante algo novo para mim
Você não sabe?
O frio e o vento e a chuva não sabem
Eles apenas parecem vir e ir embora

Os tempos são difíceis
Quando as coisas não têm significado
Eu encontrei uma chave no chão
Talvez você e eu não acreditaremos
Nas coisas que encontramos atrás da porta

Então qual o problema com você?
Cante algo novo para mim
Você não sabe?
O frio, o vento e a chuva não sabem
Eles apenas parecem vir e ir embora

Fique comigo, ninguém sabe de que jeito vai ser
Fique comigo, ninguém sabe de que jeito vai ser
Fique comigo, ninguém sabe de que jeito vai ser
Fique comigo, ninguém sabe
Sim, ninguém sabe de que jeito vai ser

Se você estiver indo embora, você me levará com você?
Eu estou cansado de falar ao telefone
Mas há uma coisa que eu nunca posso lhe dar
Meu coração nunca poderá ser o seu lar

Então qual o problema com você?
Cante algo novo para mim
Você não sabe?
O frio e o vento e a chuva não sabem
Eles apenas parecem vir e ir embora

Fique comigo, ninguém sabe de que jeito vai ser
Fique comigo, ninguém sabe de que jeito vai ser
Fique comigo, ninguém sabe de que jeito vai ser
Fique comigo, ninguém sabe
Sim, ninguém sabe de que jeito vai ser
De que jeito vai ser, talvez eu possa ver

Você não sabe?
O frio e o vento e a chuva não sabem
Eles apenas parecem vir e ir embora

Fique comigo, ninguém sabe de que jeito vai ser
Fique comigo, ninguém sabe de que jeito vai ser
Fique comigo, ninguém sabe de que jeito vai ser
Fique comigo, ninguém sabe
Sim, ninguém sabe de que jeito vai ser

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Joy Division - She's lost control (tradução)

Confusão em seus olhos que dizem tudo
Ela perdeu o controle
E ela está se agarrando ao pedestre mais próximo
Ela perdeu o controle
E ela revelou os segredos de seu passado
E ela disse "Eu perdi o controle de novo"
E de uma voz que disse a ela quando e onde agir
Ela disse "Eu perdi o controle de novo"

E ela virou para mim e me pegou pela mão
E disse "perdi o controle de novo"
E como eu nunca saberei bem por que ou entender
Ela disse "perdi o controle de novo"
E ela gritou, esperneando
E disse "perdi o controle de novo"
E caiu no chão, pensei que ela fosse morrer
Ela disse "perdi o controle de novo"

Ela perdeu o controle de novo
Ela perdeu o controle
Ela perdeu o controle de novo
Ela perdeu o controle

Bem, tive de telefonar a um amigo dela para dar conta de seu caso
E dizer "ela perdeu controle de novo"
E ela mostrou todos os erros e enganos
E disse "perdi o controle de novo"
Mas ela se expressou de muitas maneiras diferentes
Até que ela perdeu o controle de novo
E caminhou sobre a borda inescapável e riu
"Eu perdi o controle"

Ela perdeu o controle de novo
Ela perdeu o controle
Ela perdeu o controle de novo
Ela perdeu o controle

Eu poderia viver um pouco melhor com os os mitos e as mentiras
Quando a escuridão rompeu, só desmoronei e chorei
Eu poderia viver um pouco em uma linha maior
Quando a mudança se foi, quando o impulso se foi
Para perder o controle quando aqui chegamos

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Sêneca - aforismo (frag)

Como sabes, não é sempre que a vida deve ser conservada;
na verdade, bom não é viver, mas viver bem.
Assim, o homem sensato viverá o quanto deve 
e não o quanto pode.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Radiohead - Just(tradução)

Não pode se livrar do fedor
Ele esteve passando o tempo por aí há dias
Chega como um cometa
Sugou a você mas não seus amigos
Um dia ele te pega
E te ensina como ser uma vaca santa

Você faz isso para você mesmo, você faz
E isso é o que realmente machuca
É que você faz isso para você mesmo
E mais ninguém
Você faz isso para você mesmo
Você faz isso para você mesmo

Não consegue minha simpatia
Se pendurando do 15 andar
Você já trocou a fechadura 3 vezes
Ele ainda chega cambaleando através da porta
Um dia eu vou te pegar
E te ensinar como chegar ao mais puro inferno

Você faz isso para você mesmo, você faz
E isso é o que realmente machuca
É que você faz isso para você mesmo
Só você e mais ninguém
Você faz isso para você mesmo
Você faz isso para você mesmo

Você faz isso para você mesmo, você faz
E isso é o que realmente machuca
Você faz isso para você mesmo
Só você e mais ninguém
Você faz isso para você mesmo
Você faz isso para você mesmo, você mesmo, você mesmo