quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A margem do Caos

I

A agonia não pode mais ser suportada.
Escrever se tornou minha única esperança de sanidade.

II

Faça justiça a minha mente
com um pouco de verdade
seja claro e constante
tenha dignidade
e faça o sol acordar de novo
porque nessa escuridão
eu já não posso mais ficar.

III

A pior coisa não é ter inimigos impiedosos ou imaginários;
é não conseguir aguentar sua própria presença...

IV

Como eu faço para acabar
com essa dor latente?
Não, para, não acaba, não!
Angústia, agonia, sem esperança
Dê-me uma resposta
Dê-me uma ilusão qualquer
Para clarear o futuro
E não desistir de tudo...

V

Porque quanto mais eu tento me afastar
mais isso me pertuba, mais e mais
beiro o desespero, com tanta incerteza
E esse desejo irremediável por amplitude
O desejo de não só desejar...
O desejo de ter, a Liberdade maior
O que eu quero? já não sei mais
Mas todos os silêncios me trazem aqui
A estes pensamentos desconexos
que sempre travam no mesmo ponto
no mesmo questionamento, a dúvida única
O que eu estou fazendo?

VI

Tudo agora é tão pertubador e sem sentido ou vida
Mas eu ainda tenho questionamentos
E ainda há tempo para esclarecer tais dúvidas...
Até quando?

VII

Caos
Apague essas ideias, apague
Cesse esses pensamentos
Que não levarão a lugar algum
Você bem sabe, você conseguirá
A sua resposta, a sua mudança.

VIII

Caçando minha sombra inconsciente
na esperança de descobrir onde eu chegarei
com tantas dúvidas, incertezas e mudanças...

IX

O preço da tomada de consciência é a dor
A dor de se autoconhecer e de descobrir
que você se tornou tudo o que você mais odeia.

O preço da consciência é a vida
que eu não sei se é o que eu quero
mas é o que me pertence.

Eu tenho que aprender a lidar
com essa pessoa que esta dentro de mim,
essa mente paralela, minha sombra.

X

É necessário abandonar o antigo "eu"
e refazer o que eu não posso aceitar que permaneça.
Mas a maior angústia é ter essa sensação
de que as coisas estão mudando sem mim.

XI

O preço que pago para alcançar essas respostas
só pode ser computado por todos esses mistérios
que ficam por ser resolvidos.

XII

Colocando-me a beira da loucura
cada vez mais na margem
As repostas estão em mim
Ando na margem, a linha divisória
Mas eu pertenço ao desequilíbrio,
a confusão e ao caos.

XIII

Muitos nomes, personagens, cenas,
luzes, pesadelos e segredos
Tudo em excesso
Exagero sempre foi seu erro
Sempre longe de um sim ou não
Sempre além do limite
Agora sua mente busca expansão
Apenas deixe-a se libertar.

XIV

As escolhas estão além,
você não pode prever seus resultados.
As escolhas de agora afetarão todos os futuros
e você não as pode ver, as infinitas possibilidades.
Você entende a importância de tudo
na sua vida e na dos outros,
mas não consegue lidar com isso.


XV

Era necessária a libertação desses pensamentos incoerentes
nessa folha de caderno que se perderá no tempo
para que por uns poucos segundos
essa mente complexa encontre um descanso
de seu eterno emaranhado de pensamentos.


J.A.Cabral 04.09

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