domingo, 14 de setembro de 2008

Mal do século - Paulo Nieri

Solidão da noite
Do dia
Da madrugada
Solidão da tarde
Dos quartos
Das esquinas
Solidão da vida
Do destino
Da alma em abismo
Vazia esperando
Pelos beijos que não vieram
Pelos braços que não se abraçaram
Pela morte que ainda vem
Solidão do poeta
Dos poemas
Das musas
Do silêncio
Da agitação
Solidão do mundo
Do fundo do poço
Do jovem moço
Do velho arcaico
Do período Jurássico
Do racismo em chamas
Solidão da arrogância
Da fama
Do anonimato
Solidão de fato
Do sexo solitário
Das leis duras
Do rebelde arbitrário
Solidão do som
Da ausência de amor
Do rancor
Do perfil da lama
Solidão de tudo
Do homem mudo
Do cego que vagueia
Da mulher que não lhe tolera
Assim...Solidão demais
Solidão que atrai
Do nada que trai
Apenas solidão demais
Esse mal
Essa tal de solidão
Que vem
Que vai
Que fica
Que mortifica
Solidão demais
Estamos sozinhos
Pássaros sem ninho
Trancados em mundinhos
Esperando que a solidão se vá
Que a dor não seja má
Que o ontem seja hoje
Que o hoje seja o amanhã
E o futuro seja apenas solidão
Solidão do dogma
Da prisão da mente
Solidão que de repente
Faz-se ausente
E apenas por um instante
Por um mísero instante
Faz-me chorar

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