domingo, 14 de setembro de 2008

Soneto – Augusto dos Anjos


N'augusta solidão dos cemitérios,
Resvalando nas sombras dos ciprestes,
Passam meus sonhos sepultados nestes
Brancos sepulcros, pálidos, funéreos.


São minhas crenças divinais, ardentes-
- Alvos fantasmas pelos merencórios
Túmulos tristes, soturnais, silentes,
Hoje rolando nos umbrais marmóreos,


Quando da vida, no eternal soluço,
Eu choro e gemo e triste me debruço
Na laje fria dos meus sonhos pulcros,


Desliza então a lúgubre corte.
E rompe a orquestra sepulcral da morte,
Quebrando a paz suprema dos sepulcros.

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