domingo, 28 de fevereiro de 2010

Olavo Bilac - O Sonho

Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade
Solto para onde estás, e fico de ti perto!
Como, depois do sonho, é triste a realidade!
Como tudo, sem ti, fica depois deserto!

Sonho... Minha alma voa. O ar gorjeia e soluça.
Noite... A amplidão se estende, iluminada e calma:
De cada estrela de ouro um anjo se debruça,
E abre o olhar espantado, ao ver passar minha alma.

Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado.
Em torno a cada ninho anda bailando uma asa.
E, como sobre um leito um alvo cortinado,
Alva, a luz do luar cai sobre a tua casa.

Porém, subitamente, um relâmpago corta
Todo o espaço... O rumor de um salmo se levanta
E, sorrindo, serena, apareces à porta,
Como numa moldura a imagem de uma Santa...

Florbela Espanca - Saudades

Saudades! Sim... Talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte.
Que bem pensara vê-lo até à morte.
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte.
Deve-nos ser sagrado como o pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar.
Mais a saudade andasse presa a mim!

Mário Quintana - Presença

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

Charles Chaplin - Saudade

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

Aforismo Clarice Lispector

"O que sinto não é traduzível.
Eu me expresso melhor pelo silêncio."

Kamelot & Epica - The Haunting (somewhere In Time) (tradução)

Talvez o som da sua voz

Me fez acreditar que
Você era ela
Assim como o rio perturba a minha paz interior

Uma vez acreditei que eu poderia encontrar
Apenas um traço da sua alma amada
Uma vez acreditei que ela era tudo
Que ela sufocou minhas crenças

Numa noite fria de inverno
Eu posso seguir a sua voz até ao rio
Deixe-me agora e para sempre
Deixe enquanto você pode...

Em algum lugar no tempo
Eu irei encontrá-la e abraçá-la de novo
Como os ventos com a Terra
Em algum lugar no tempo
Quando não restar nenhuma virtude para defender
Você está caindo profundamente

Eu era um mentiroso em todas as discussões
Eu dominei as forças que aumentavam seu ódio
Quando o frio no meu coração partir, chega ao fim
E calmamente vou dormir

Como pôde aquela primeira ocorrer
Quando as lembranças persistem o tempo todo?
O que me fez pensar que você era ela?
Helena está morta para tudo, para tudo

Nada pode trazê-la à vida
Não finja que eu iria te amar
Uma vez que acreditei que ela estava morta
Eu corrompi por dentro
Deixe, deixe-me agora e para sempre
Deixe o que você puder

Siga-me para a luz
Dance num lago de lágrimas
Eu te levarei
Ou deixe-me esta noite
Eu fui longe demais para começar novamente
Com alguém como você
Em algum lugar no tempo
irei te encontrar e te amar novamente
Como o vento com a terra
Em algum lugar no tempo quando
Quando não restar nenhuma virtude para defender
Você está caindo profundamente

Elis - These Days Are Gone (Tradução)

Eu

Sei que estou errada
Minha casa não é um lar
Eu não sou tão forte
Eu estarei perdida sozinha

Você sabe que está errado
Você nunca estará sozinho
Você será forte
Seu coração encontrará um lar

Eu
Ainda lembro os dias no Sol
Esses dias se foram
Naquele dia
Naquele dia eu vi seu rosto
Iluminado de dentro
Meu coração espera
Meu coração espera por seu abraço

O meu mais profundo medo
É perder minha donzela
Não posso ficar aqui
Estou com medo
Eu conheço seu medo
Você nunca perderá sua donzela
Se você ficar aqui
Você não deve ficar assustado

Eu
Ainda lembro os dias no Sol
Esses dias se foram
Esses momentos são preciosos
Mas agora eles se foram
Eu ainda lembro os dias no Sol
Esses dias se foram

Naquele dia
Naquele dia eu vi seu rosto
Iluminado de dentro
Meu coração espera
Meu coração espera por seu abraço
Minha alma revelada, não precisa se esconder

Goethe in "A Imortalidade" (Milan Kundera)

Sobre todos os cumes
É ó silêncio
Na copa de todas as árvores
Você sente
Apenas um suspiro
Os passarinhos se calam na floresta.
Tenha paciência, logo
Você descansará também.

Aforismo - Isabel Allende

A vida é puro ruído entre dois silêncios abismais.
Silêncio antes de nascer, silêncio após a morte

Charon - Rain (tradução)

Rosa moribunda num vaso de ouro
Para alguém que chove
E traga a ela vida novamente
Sangue em suas derrotadas folhas
E uma lagrima por seu braço
Sem alma para lagrimejar daqui

Chuva sobre seus olhos nunca chega a deixá-la cega
E a quente e colorida noite
Tragédia por confiança, ela perdeu seu mundo para a pira
E o fogo escreveu estas linhas

Dimensionado por um mundo construído sobre a perda
O sonho começou
Calar é o silencioso toque
O amor dela se transformou em pó
Frágil em suas mãos, alma contorcida, rastejando para o fim...

Chuva sobre seus olhos nunca chega a deixá-la cega
E a quente e colorida noite
Tragédia por confiança, ela perdeu seu mundo para a pira
E o fogo escreveu estas linhas

Avec Tristesse - Avant Les Tenèbres (tradução)

Nós éramos como a lua brilhante
E o oceano que a refletia
Nunca as tempestades ou o homem
Conseguiram nos separar
Mas, assim como, estorinhas infantis
O fim inevitável havia despertado

Olavo Bilac - Velha Página

Chove. Que mágoa lá fora!
Que mágoa! Embruscam-se os ares
Sobre este rio que chora
Velhos e eternos pesares.

E sinto o que a terra sente
E a tristeza que diviso,
Eu, de teus olhos ausente,
Ausente de teu sorriso...

As asas loucas abrindo,
Meus versos, num longo anseio,
Morrerão, sem que, sorrindo,
Possa acolhê-los teu seio!

Ah! quem mandou que fizesses
Minh'alma da tua escrava,
E ouvisses as minhas preces,
Chorando como eu chorava?

Por que é que um dia me ouviste,
Tão pálida e alvoroçada,
E, como quem ama, triste,
Como quem ama, calada?

Tu tens um nome celeste...
Quem é do céu é sensível!
Por que é que me não disseste
Toda a verdade terrível?

Por que, fugindo impiedosa,
Desertas o nosso ninho?
- Era tão bela esta rosa!...
Já me tardava este espinho!

Fora melhor, porventura,
Ficar no antigo degredo
Que conhecer a ventura
Para perdê-la tão cedo!

Por que me ouviste, enxugando
O pranto das minhas faces?
Viste que eu vinha chorando...
Antes assim me deixasses!

Antes! Menor me seria
O sofrimento, querida!
Antes! a mão que alivia
A dor, e cura a ferida,

Não deve depois, tranqüila,
Vendo sufocada a mágoa,
Encher de sangue a pupila
Que já vira cheia de água...

Mas junto a mim que te falta?
Que glória maior te chama?
Não sei de glória mais alta
Do que a glória de quem ama!

Talvez te chame a riqueza...
Despreza-a, beija-me, e fica!
Verás que assim, com certeza,
Não há quem seja mais rica!

Como é que quebras os laços
Com que prendi o universo,
Entre os nossos quatro braços,
Na jaula azul do meu verso?

Como hei de eu, de hoje em diante,
Viver, depois que partires?
Como queres tu que eu cante
No dia em que não me ouvires?

Tem pena de mim! tem pena
De alma tão fraca! Como há de
Minh'alma, que é tão pequena,
Poder com tanta saudade?!

Fernando Pessoa - Saudoso já deste Verão que Veio

Saudoso já deste verão que veio,
Lágrimas para as flores dele emprego
Na lembrança invertida
De quando hei de perdê-las.
Transpostos os portais irreparáveis
De cada ano, me antecipo a sombra
Em que hei de errar, sem flores,
No abismo rumoroso.
E colho a rosa porque a sorte manda.
Marcenda, guardo-a; murche-se comigo
Antes que com a curva
Diurna da ampla terra.

Sophia Andresen - Cada dia

Cada dia é mais evidente que partimos
Sem nenhum possível regresso no que fomos,
Cada dia as horas se despem mais do alimento:
Não há saudades nem terror que baste.

Forever Slave - Mar, no te vayas (tradução)

O fim de uma canção.
Você quer fazer (sua última tentativa)
Folhas caem
Você vai para aquela rua,
Sem saber seu caminho.

Antes que ela morresse,
Ela deu uma caixa
com seu último beijo.
Ele perdeu seus sonhos
que queria manter.
Ele queria aquele beijo.

Mar, volte para mim eu não posso viver
não faz mais sentido
Mar, escrevi algo
pra você na nossa última noite
antes de você morrer
Mar, eu quero morrer
Eu não posso viver
Eu sinto falta da sua voz

Você se sente sozinho,
você é forte,
mas há nada errado.
Não entendem
você veste roupas escuras
ou morre para ela.
Ele sente tamanho vazio
quando olha a sua sepultura
A chuva borra suas lágrimas
Ela estava tão longe dele
Haviam tantas coisas
que ele nunca disse a ela
Abriu a caixa
e ela deu-lhe seu último beijo

Mar, volte para mim eu não posso viver
não faz mais sentido
Mar, escrevi algo
pra você na nossa última noite
antes de você morrer
Mar, não vá
volte para mim
Te peço que não vá
Mar, volte para mim
quero morrer
Chorando em seu túmulo.

Ele sente tamanho vazio
quando olha a sua sepultura
A chuva borra suas lágrimas
Ela estava tão longe dele
Haviam tantas coisas
que ele nunca disse a ela
Abriu a caixa
e ela deu-lhe seu último beijo

Where Angels Fall - Requiem(tradução)

Confutatis maledictis
Flammis acribus addictis:

Voca me cum benedictis
Confutatis maledictis

Repousa tua alma em sono eterno

o paraiso espera como a terra chora calmamente
por você...
Foi, a sombra velando seus olhos
Perdida a sua luz interior
Toda a beleza morre

Confutatis maledictis
Flammis acribus addictis:

Voca me cum benedictis
Confutatis maledictis

Eu estou sem você agora

Como eu posso viver?
Como posso continuar a viver?

Oro supplex et acclinis
Cor contritum quasi cinis

Gere curam mei finis
Oro supplex et acclinis

Sono eterno...
Eu choro...
Eu preciso esperar por você
Como posso deixar você ir?

Dona eis Requiem
Eu mantenho você em meu coração

Confutatis maledictis
Flammis acribus addictis:
Voca me cum benedictis
Confutatis maledictis

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Lacuna Coil - Distant Sun (tradução)

Nós nunca nos separamos
O dia chegou
Eu sinto que seu sol
Perde o brilho pra mim

Me importune
Segurando minhas mãos você sorri denovo
Eu não conseguiria te ver longe de mim
Eu percebo isso agora

Vivendo em mim
Você está vivendo em mim
Você está vivendo em mim

[2x]Te sinto ao meu lado
Sua alma viva quer fugir comigo
Dentro de mim

E agora
Algo acontecerá comigo?
Como eu perdi meu guia?
Você me deixou completamente só

Mas agora já é tarde
Sei que é natural mas agora
O que posso fazer sem sua presença aqui?
Uma dor sem fim

Vivendo em mim
Você está vivendo em mim

Te sinto ao meu lado
Sua alma viva quer fugir comigo
Dentro de mim
Eu te sinto ao meu lado
E eu tenho certeza que não consigo te esquecer
Você está dentro de mim
Você está dentro de mim

Vinte e Quatro de Fevereiro

E já não mais sei se é saudade
a tristeza (que por vaidade)
alimento ao pensar em ti.

J.A.Cabral 02/10

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Keats:Biografia

Aparentemente romântico Keats tornou-se um dos maiores clássicos da literatura inglesa e definiu a beleza no verso magistral que também diz muito de sua atitude para com a vida: A thing of beauty is a joy for ever ("Uma coisa bela é uma alegria para sempre").

John Keats nasceu em Londres em 31 de outubro de 1795. De origem pobre, teve educação irregular. Ao perder os pais, seu tutor o estimulou a aprender o ofício de cirurgião e o jovem poeta trabalhou em dois hospitais, mas abandonou a medicina para dedicar-se à literatura. Em 1817 Keats publicou Poems (Poemas), de concepção ultra-romântica, mas que já prenunciava seu caminho futuro, como no extenso poema "Sleep and Poetry" ("Sono e poesia"). Keats leu Spenser, Shakespeare, Marlowe e clássicos traduzidos, como Homero. Com base em leituras mitológicas, concebeu seu Endymion (1818; Endimião), em que inverte o mito da paixão de Diana (a Lua) pelo pastor. Fez de Endimião uma alegoria do amor pela beleza ideal, estética que mais tarde intensificou.

Até então rejeitado pela crítica, Keats concebeu um projeto ainda mais ambicioso, o Hyperion (Hiperião), planejado em 1818 para dez cantos, mas abandonado com quatro em 1819. O tema, a expulsão dos titãs do Olimpo pelos novos deuses, é alegoria evidente da derrota das trevas pelos novos ideais de beleza. Keats, porém, não deve ser tomado por épico. Sua obra é essencialmente lírica e compreende alguns dos poemas mais perfeitos do gênero em língua inglesa. Exprimem estética semelhante à dos poemas longos, particularmente o Hyperion, ou seja, a do belo como felicidade sensível, inatingível mas entrevista, como no célebre "The Eve of St. Agnes" (1819; "As vésperas de santa Inês").

O gênio de Keats também se revela poderoso nas grandes odes em que expressou a "capacidade negativa", segundo suas palavras, de persistir na dúvida e no mistério, sem racionalizar, como a "Ode to a Nightingale" ("Ode a um rouxinol"), a "Ode to melancholy" ("Ode à melancolia") e a "Ode to a Grecian Urn" ("Ode a uma urna grega"), em que exalta o ideal de permanência da arte. Também famosas são a "Ode on indolence" ("Ode à Indolência"), "Ode to Psyche" ("Ode a Psiquê") e "Ode to Antumn" ("Ode ao Outono"). Na balada "La Belle Dame sans merci", volta o tema do inatingível ideal estético.

Ao cuidar do irmão tuberculoso, Keats contaminou-se. Sua saúde declinou rapidamente e os últimos meses do poeta foram vividos em Roma, onde morreu em 23 de fevereiro de 1821. Prevendo o esquecimento, pediu que se gravasse em sua lápide o epitáfio: "Here lies One / Whose Name was writ in Water" ("Aqui jaz alguém / Cujo Nome foi escrito na Água"). Ocorreu o contrário: sua influência estendeu-se a simbolistas, pré-rafaelitas e até a modernos do início do século XX.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Epica - Chasing the Dragon(tradução)

Liberte minha mente

Cure as minhas cicatrizes
Apague o passado
Dias negros para esquecer
E memórias para durarem
No meu coração

Me liberte agora

Me faça esquecer
E perdoar
Não há utilidade
Em ir em frente e viver
Me mostre um caminho
Para o sol

Cure as minhas cicatrizes

Refrão
Nada estará perdido para sempre
Memórias ficarão, e acharão seu próprio caminho
O que vai, voltará
Não negue seus medos
Então deixe-os ir e desmanchar-se em luz
Desista da luta aqui

Deixe meus olhos captarem
A beleza que há aqui
Que restou nessa terra
Meus ouvidos almejam ouvir
Uma melodia

Me dê visão

Nada estará perdido para sempre
Memórias ficarão, e acharão seu prórpio caminho
O que vai, voltará
Não negue seus medos
Então deixe-os ir e desmanchar-se em luz
Desista da luta aqui
Veneno está lentamente fluindo pelas minhas veias
Roubando a única dignidade em mim
Eu pego-os e então deixo-os cair
Para te causar dor e golpear todos eles

Mais uma vida para viver é tudo que eu quero

Eu tirarei o júbilo de dentro deles
Cuidarei, eles todos serão amaldiçoados

Mais uma chance para sanar o dano que causei

O dragão está destruindo completamente o meu cérebro
Brinca com as minhas emoções, em um jogo sem fim

Nada estará perdido para sempre
Memórias ficarão, e acharão seu prórpio caminho
O que vai, voltará
Não negue seus medos
Então deixe-os ir e desmanchar-se em luz
Desista da luta aqui
Mais uma vida para viver para mim

Eu quero só que a noite possa colorir o dia
E que a manhã possa expulsar todos os meus pesadelos
Não negue que somos todos seres humanos
Todos nós temos nossas falhas que podem nos tornar obscenos

Obscenos...
Me dê o que eu quero
Me dê o que eu peço agora
É isso que eu quero
É isso que eu preciso, consiga!
Dolendo novit mortalis vitam
Me diga o que eu quero
Me diga o que eu preciso, agora
É isso que eu quero
É isso que eu preciso, me cure!
Dolendo discit mori mortalis
Perdedores!

Nada estará perdido para sempre
Memórias ficarão, e acharão seu prórpio caminho
O que vai, voltará
Não negue seus medos
Então deixe-os ir e desmanchar-se em luz
Desista da luta aqui

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Draconian - The Cry of Silence (Tradução)

Encheu-se com dor...

Deserto interior enternecido pelo orgulho,
devorado pela solidão, silêncio envolvido no tempo.
eu estou fluindo dor...

Prendendo a mim mesmo numa suspeita passada...
e morrendo aos poucos na poeira...
a poeira de minhas lembranças abandonadas.
Matado com a adaga da vida...!

Desta maneira, um esquisito orgulho em meu sofrimento...
Sozinho, completamente sozinho com os
rios de emoções de minha alma...
tão real, tão puro... porém deixado de lado.
Emaranhado em medo... sem esperança.

Extorquido pela luz do mundo...
Desprezado, deixado para trás e deprimido...

Eu fui verdadeiramente abandonado sozinho,
Mas de qualquer forma... de qualquer forma
isso me faz sentir que minha solidão é uma vitória
sobre a minha própria desilusão de alegria... e feliciade.

Meu coração bate rápido,
a angústia torna-se clara
e minha visão misantrópica torna-se forte.
Vivendo nas sombras...
tão orgulhoso de ser um,
mas desesperado...
tão desesperado por uma mão amiga.
Eu quero realmente viver esta vida?

Eu tenho mil razões para morrer,
e milhões de lágrimas para chorar... no silêncio.
A praga humana tem esvaziado minha vida,
e amaldiçoou o dia que eu nasci... para este mundo.

Silêncio, ninguém além de mim sempre quer ser...
e ninguém além de mim pretende ser...
Porque ninguém além de mim pretendeu ser!

Eu preciso, eu quero, eu desejo minha retribuição...
Eu preciso, eu quero, eu anseio por minha retribuição...
Eu quero minha retribuição... eu quero-a agora!

União; uma reunião de feridas abertas,
de escuridão... escuridão de espíritos limpos...
Que sonho... que sonho tão distante!
Porque eu devo... porque eu devo ficar sozinho.
Quando eu amo... quando eu amo minha fraternidade?
Quando eu choro... quando eu choro no silêncio...
Então, por favor deixe-me morrer no silêncio...
Oh meu Deus! Deixe-me morrer no silêncio!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Agua de Annique - Ice Water(tradução)

Eu protegi você á partir desta vida
O seu coração está conservado no gelo
Eu vou onde que você precisa
E mantê-lo a partir do calor

Correndo, fugindo

Você me abraçou em desprezo
Para sempre irá depender de mim?
Você vai onde você precisa
Mas nunca me mantiveram a partir do calor

Caindo, caindo na distância
(Eu vou servi-lo, eu vou servir-lhe assim)
Na superfície, na superfície

É sempre frio no inferno
Eu senti isso
Posso dizer

Eles vão onde eles precisam
Em água congelada não há calor
queimando, queimando á distância
(Eu vou servi-lo, eu vou servir-lhe assim)
Na superfície, na superfície

queima, queima de distância
queima, queima de distância

The Gathering - Forgotten(tradução)

Você já esqueceu
De toda esta beleza
Ao seu redor?
Todas as suas preocupações
Poderiam facilmente desaparecer
Por trás de você

Quem está empurrando você para trás
Com tanta força?

Eu ouço você chamando
Sua voz é brilhante

Você me ouve responder
Depois de descobrir
Você está sempre certo
Você está sempre certo
E eu tentei

Quem está empurrando você para trás
Com tanta força?
Eu ouço você chamando

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Solstício de verão

Lágrimas soturnas
Luas em amargura
Na madrugada maculada
pelos resquícios do início
do solstício de verão.

Todo tempo esperado
desperdiçado, tudo vão
Por séculos, divaguei
Pela liberdade lutei
Mas apenas a escuridão,
a sombra da Vida enxerguei.

Agora para o Além parto
Sem esperanças ou ilusão
Na madrugada esquecida
Numa viagem só de ida
pelas Sombras ao luar
do solstício de verão.



J.A.Cabral 11/08

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Aforismo - William Blake



















"Ver um mundo num grão de areia
e o céu numa flor silvestre".

Leaves' Eyes - Leaves Whisper(tradução)

Me diga, você nunca ouviu o sussurro das folhas?

Mistérios do céu, da terra, e de mil fontes.

Siga os ventos e a tempestade como eles te comandarem
Suspire, escute o suspiro das ondas e da grama se mexendo

Você não ouviu
Mmm, o que as folhas sussurram?
Estamos procurando a verdade, as antigas canções dos homens

Me diga por que você não sentiu a chuva cair?
Caindo na terra e fazendo a vida fluir
Ao observar o crescimento da grama e o sorriso dos lagos
Testemunhe como o céu fica à meia-noite

Mmm, me diga, você não ouviu
Mmm, o que as folhas sussurram agora?
Mmm, você não ouviu
Mmm, que nós estamos procurando a verdade?
Quem te chama agora?
quem te chama agora?

Você não ouviu,mmm, o que as folhas sussurram?
Estamos procurando a verdade, as antigas canções dos homens
Você não ouviu,mmm, o que as folhas sussurram?
Estamos procurando a verdade, as antigas canções dos homens

Verlaine - No Ermo da mata (frag.)

No ermo da mata o som da trompa ecoa,
Vem expirar embaixo da colina.
E uma dor de orfandade se imagina
Na brisa, que em labridos erra à toa.
A alma do lobo nessa voz ressoa...

Enche os vales e o céu, baixa à campina,
Numa agonia que à ternura inclina
E que tanto seduz quanto magoa.
Para tornar mais suave esse lamento,
Através do crepúsculo sangrento,
Como linho desfeito a neve cai.

Tão brando é o ar da tarde, que parece
Um suspiro do outono.
E a noite desce
Sobre a paisagem lenta que se esvai.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sirenia - The Path to Decay(tradução)

Vida não traz nada para o são
Continuo a procurar novos dias sobre o horizonte
Enquanto o tempo parece apenas a escorregar fora
Estou deixando no seguimento ao longo do caminho

parece que estamos aqui eu estou caindo
mais profundo, profundo dentro de mim
Sinta como eu estou crescento mais fraco,
muito mais fraco cada dia
ao longo do caminho da decadência

As luzes estão murchando dia por dia
Sem cura para a perda, Não há subida
Quando a vida pode não se tornar mais pálida
Um novo amanhecer é aqui, outro dia

parece que estamos aqui eu estou caindo
mais profundo, profundo dentro de mim
Sinta como eu estou crescento mais fraco,
muito mais fraco cada dia
ao longo do caminho da decadência

Escuridão dentro de todos nós
Nós estamos fracos e de pé a cair
A luz do dia há muito tempo que passou
Mas um novo amanhecer ainda deve vir

parece que estamos aqui eu estou caindo
mais profundo, profundo dentro de mim
Sinta como eu estou crescento mais fraco,
muito mais fraco cada dia
ao longo do caminho da decadência

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Clarice Lispector - A Hora da Estrela (frag.1)

"Eu, que simbolicamente morro várias vezes só para experimentar a ressurreição"


Sophia Andresen - Se todo o ser

Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.

Mário Quintana - Ah! Os relógios

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Baudalaire - Aspiro a um Repouso Absoluto

Aspiro a um repouso absoluto e a uma noite contínua. Poeta das loucas voluptuosidades do vinho e do ópio, não tenho outra sede a não ser a de um licor desconhecido na Terra e que nem mesmo a farmacopeia celeste poderia proporcionar-me; um licor que não é feito nem de vitalidade, nem de morte, nem de excitação, nem de nada. Nada saber, nada ensinar, nada querer, nada sentir, dormir e sempre dormir, tal é actualmente a minha única aspiração. Aspiração infame e desanimadora, porém sincera.

Within Temptation - Pearls Of Light (tradução)

Depois da fria escuridão
No coração da floresta
Onde pássaros estão cantando
Para o sol recém nascido
No ventre das folhas
Nos galhos das árvores,
Encontra-se o prazer da manhã
As pérolas de luz

Carregado pela truculência do meu mundo
Eu me perdi em minha busca por sabedoria
A chuva azul cobre minhas raízes
E eu esqueço de onde eu vim

Fernando Pessoa - O meu sentimento é cinza

O meu sentimento é cinza
Da minha imaginação,
E eu deixo cair a cinza
No cinzeiro da Razão.

P.Shelley - Aforismo

"morrem nossos prazeres;
depois, nossas esperanças;
depois nossos temores.
E, então, nossa dí­vida vence:
O pó reivindica o pó,
e morremos por nossa vez.

Xandria - Isis Osiris (Tradução)

Eu sou no nascer – Eu sou a morte
Apenas um esquivo símbolo
Para o eterno vem e vai
Para o vem e vai

Nunca, nunca um dia vai partir de mim
Instruído dentro dele por meu lado
Tolo, tolo não me passa novamente
Antes de eu saber como curar
Quem está devastado pelas forças da noite

Eu tenho vindo – Eu tenho ido
Eu tenho mostrado você à Moira
E inquieta recriação dela
Sua recriação

Nunca, nunca um dia vai partir de mim
Instruído dentro dele por meu lado
Tolo, tolo não me passa novamente
Antes de eu saber como curar
Quem está devastado pelas forças da noite

Nunca, nunca um dia vai partir de mim
Instruído dentro dele por meu lado
Tolo, tolo não me passa novamente
Antes de eu saber como curar
Quem está devastado pelas forças da noite

ATÓN

ATÓN era o Sol em seu Zenith, a forma mais poderosa. Dizem que ele surgiu no céu em forma de uma ave Fênix. Seu culto foi intensificado pelo Faraó, que mudou seu nome de Amenóphis IV, cujo significado é "Amon está satisfeito", para Akhenaton "aquele onde o Sol está satisfeito". Para alcançar seus objetivos religiosos, ele espoliou os templos de Amon para construir belíssimo templo para Atón.

Atón era o senhor de toda a criação e sustentador de toda a vida. Era onipotente e eterno. As cerimônias em honra de Atón eram alegres, com flores, frutas e outros produtos que eram ofertados sobre altares construídos ao ar livre. Aparentemente, não havia sacrificio de animais.
Atón nunca foi retratado como ídolo, mas tinha a forma de um disco solar com raios terminando em dedos, estendendo-se em direção à terra. Atón oferecia a Cruz Ansata aos humanos, em troca de suas oferendas.

Akhenaton governou apenas 16 anos (1378- 1362 a.c.), foi casado com Nefertari (ou Nefertiti), dona de grande beleza e poder, considerada semi-deusa e seu nome tornou-se quase um sinônimo de mistério feminino.

Ele foi o primeiro Faraó a introduzir o monoteísmo como religião, rompendo assim antigos conceitos de crenças. Mas nem todos aceitavam suas idéias. E quando Akhenaton morreu os egípcios passaram adorar novamente os outros deuses. Logo após seu reinado veio o seu filho, Tutankhaton (a imagem viva do deus Aton), mas que foi convertido ao culto a Amon e torna-se Tutankamon, o jovem faraó sobe ao trono com 9 anos e Tebas volta a ser a capital do Egito, ele morreu aos 18 anos.

AMON ou AMON RÁ

Amon é retratado com uma cabeça de carneiro, tendo na cabeça chifres que sustentam uma pena de avestruz com o disco solar e duas Uraeus (adorno em forma de serpente). Numa mão segura o cetro Uas e na outra a Uraeus.

BASTET – DEUSA GATA(Mit.Egípcia)

Deusa de cabeça de gato, doce e bondosa, cujo templo mais conhecido ergue-se em Bubástis (seu centro de culto), cujo nome em egípcio – Per Bast – significa “a casa de Bastet”. No Egito, o gato foi venerado como um animal delicado e útil, o favorito da deusa Bastet – a protetora dos lares, das mães e das crianças.
No Antigo Egito, o gato doméstico, trazido do sul ou do oeste por volta do ano de 2.100 a.C., é considerado um ser divino, de tal ordem que, se um deles morrer de morte natural, as pessoas da casa raspam as sobrancelhas em sinal de luto.


No santuário de Bastet, em Bubástis, foram encontrados milhares de gatos mumificados, assim como inúmeras efígies de bronze que provam a veneração a esse animal. Em seu templo naquela cidade a deusa-gata era adorada desde o Antigo Império e suas efígies eram bastante numerosas, existindo, hoje, muitos exemplares delas pelo mundo.

Quando os reis líbios da XXII dinastia fizeram de Bubástis sua capital, por volta de 944 a.C., o culto da deusa tornou-se particularmente desenvolvido.
O gato é um símbolo que assumiu múltiplos significados entre as diferentes civilizações, na simbologia. Segundo uma tradição celta, ele teria nove vidas. Posteriormente, durante a Idade Média, o gato passou a ter apenas sete vidas. Animal misterioso associado aos poderes da lua, ao mundo da magia e às bruxas, os machos pretos eram a personificação do diabo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Therion - Asgård (tradução)

Acima de uma montanha no meio do universo, bem acima do mundo dos homens, fica a morada dos deuses. Os salões brilhantes dos deuses circulam o céu como as estrelas e os doze signos do zodíaco. Apenas aqueles que são bravos e puros de coração serão levados para o alto aos palácios de Asgard. Eles montarão no arco-íris e desaparecerão lado a lado com os deuses no fim dos dias.

ASGARD

- A Ponte de Bifrost -

Montando no arco-íris, e eles passarão o portão de Heimdal
Abra Gladheim e Valhalla!
Na casa de Odin, o caído permanece
Com todos os Einherjar, preparado para a guerra.

Quando o selo se quebrar no céu do meio do inverno,
todos os mortos seguirão Odin, e eles estão vindo pela tempestade
No meio do mundo a rocha dos Deuses permanece firme
Na noite negra os deuses descenderão com os mortos dos corajosos

Leve-nos a Valhalla
quando passaremos pelo portão de Heimdal.
Nos deixe encontrar os deuses (e) seguir seu comando.
Se você olhar o céu noturno, você achará suas moradas
na estrelas eles vivem (como os) signos do zodíaco.
Quando a ponte abrirá um caminho para todos os deuses nórdicos
todos os mortos passarão por Bifrost, e eles estão vindo pela tempestade
Sagas dos dias antigos estão escritas no céu
Quando você ler as runas novamente Valhalla e Asgard renascerão.

Leaves' Eyes - Frøya's Theme(tradução)

Freya
Azuis são seus olhos
Ouro seus cabelos
Uma donzela tão bela

Sua pele tão pura
Esplêndia e fina
Deusa do amor
Brilhante e branca
Deusa do amor
Brilhante e branca

Dona dos guerreiros caídos
Lar dos mortos
Dona dos guerreiros caídos

Lar dos mortos
Valfreya
Deu seu coração ao sol
Ao sol

Olhos vagantes... de um homem
Deixando sua... beleza contar
Uma jornada... sem retorno
Até os confins... dos mundos

Lágrimas correndo pelo seu rosto
Tornando-se, oh, tão pálido
Gotas de lágrimas vermelhas caindo sobre a terra
Como pedras de ouros

Perdida em desespero
Estou afogando em tristeza
Ela lança uma sombra sobre a Terra
Não mostrando medo
Fogo infinito
Ela caçará através dos mundos

Freya
Doem seus olhos
De lágrimas douradas
Um coração tão dividido

Machucando para encontrar... seu sol
Deixando suas... lágrimas para trás
Uma jornada... do coração
Até os confins... dos mundos

Lágrimas correndo pelo seu rosto
Tornando-se brilhantes como pérolas
Lá ela o encontrou sob uma árvore
Ruborizaram-se como um

Como uma fênix
Das cinzas
Ela lança uma sombra sobre a Terra
Esperando infinitamente
Sua deusa apareceu
Ruborizaram-se como um em seus corredores

Órion

Numa cidade na Grécia vivia Hireu, um camponês que habitava uma simples casa de barro. Hireu, assim como seus pais, era imigrante e há tempos atrás haviam chegado à região. Seus pais adquirem um sítio e um touro, para que pudessem arar a terra, plantar e vender alimentos. Num terrível terremoto seus pais morrem e Hireu, ainda jovem assume a terra. Tempos depois ele se casa, apaixonado que estava por uma jovem. Pensava assim constituir família e fazer valer o nome de sua família. Pouco tempo após o casamento um novo terremoto leva sua jovem esposa. Cheio de amargor pela vida, promete nunca mais se unir a nenhuma outra pessoa, enterrando sua mulher amada no fundo do terreno.

Zeus (Júpiter) acompanhado de Poseidon (Netuno) e Hermes (Mercúrio), estavam na Terra e precisavam pernoitar em algum lugar. Zeus ordena a Hermes que procurasse um lugar onde pudessem pousar por uma noite. Hermes encontra a casa de Hireu e comunica aos deuses ter encontrado um lugar ideal. Indo até lá, pedem a Hireu que os acolhesse. Espantado, concorda, temendo negar e enfurecê-los. Para homenagear os deuses, Hireu oferece seu touro em sacrifício. Sensibilizados os deuses permitem-lhe um desejo. Desejando ter um filho para dar continuidade ao seu nome, ele pede um filho. Zeus, Poseidon e Hermes implantam uma gota de sêmen de cada um no couro do touro morto, e fazem Hireu enterrá-lo. Zeus o orienta que esperasse nove meses e seu desejo seria concedido. Após este período, surge, de um terremoto, na cova onde estavam os restos do touro, Órion, o gigante caçador.
Concebido sem mãe e nascido dos restos de um animal, sua alma permanece primitiva, mas com força, velocidade e sentidos aguçados, mas sem sentimentos morais. Estranho que era não tinha amigos, a não ser um certo Enopião, fabricante de vinhos. Certo dia, Órion, animalescamente, estupra a mulher de Enopião, Mérope. Em vingança, Enopião embriaga Órion e vaza seus olhos, tão necessários à sua função de caçador. Passa a errar sem destino, até que encontra Hefestos (Vulcano), que consultando um oráculo, o aconselha a expor seus olhos ao deus Hélios (o Sol) para receber de volta a luz em seus olhos. Pela manhã o deus Hélios aparece no horizonte, que entrega um feixe de raios solares à deusa Aurora que inicia a distribuição sobre a vegetação ainda molhada pelo orvalho. Os raios solares entram nos olhos de Órion e ele recupera a visão.

Com os olhos ardentes de fogo, vê à sua frente a deusa Aurora, que se apaixona e deita com ele. Órion deduz serem as mulheres fáceis e inferiores. Resolve voltar e se vingar de Enopião, mas no caminho encontra Artemis (Diana, a caçadora) e tenta seduzi-la e penetrar em seus mistérios. Na luta contra o desejo de Órion, Artemis bate uma clava no chão lodoso, surgindo das profundezas um animal terrível e venenoso, um escorpião, que persegue Órion. Alcançando-o, desfere uma ferroada em seu coração e o mata. Essa cena é imortalizada no céu na constelação de Órion, tendo ao seu lado o temido escorpião.

Cástor e Pólux

No dia do casamento de Tíndaro, Rei de Esparta, Leda, sua noiva, foi banhar-se num lago construído especialmente para ela, atrás do palácio real. Zeus, como sempre, sobrevoava aquela região, e ao olhar para baixo, viu Leda, exuberante e totalmente nua num lago cheio de cisnes. Apaixonando-se imediatamente, Zeus resolve transformar-se num cisne branco para se aproximar e deitar com Leda. Atraindo Leda em sua direção eles se amam, ainda com Zeus em forma de cisne. Naquela mesma noite ela deita com Tíndaro. Dessa dupla união nascem de Leda dois ovos. Num deles estavam Castor e Helena, a parte mortal, filhos de Tíndaro. No outro ovo estavam Pólux e Clitemnestra, filhos de Zeus e imortais. Castor era mortal, filho de homens, e Pólux imortal, filho de deuses, mas apesar disto viveram unidos em profunda amizade. Os deuses os chamaram de dióscuros, filhos dos deuses, e foi designado Mercúrio (Hermes) para dar-lhes o ensinamento sobre as artes e as lutas, plantando-lhes a semente da inteligência, da astúcia e da curiosidade.

Desde pequenos eram queridos pelas pessoas, pela sua simpatia e alegria. Zeus, que já havia tido muitos filhos, os considerava seus filhos mais amados, por terem nascido do fruto de um amor verdadeiro e serem os únicos que o tratavam como um pai, sempre o respeitando e demonstrando carinho. Foram designados a Quíron, no Olimpo, que os ensinou e orientou por muito tempo. Tiveram contato com outros heróis e foram convocados a fazer parte da tripulação da nau Argos, que, comandada por Jasão, iria em busca do Velocino de Ouro que se encontrava no reino da Cólquida. Nas inúmeras batalhas da expedição, distinguiram-se pela coragem e astúcia, um defendendo o outro e o outro defendendo o um, e os dois defendendo todos. Castor, o mortal, dominava os animais e as armas e Pólux, imortal, era invencível e astuto. Ambos eram extremamente leais entre si e com os outros argonautas.

Durante toda a viagem eles se encarregavam de defender a nau e seus companheiros, mas à noite, quando todos estavam cansados e desanimados, Castor e Pólux faziam pantomimas e divertiam a tripulação, que os tinha como grandes guerreiros, mas também amigos e companheiros valorosos. Terminada a aventura dos Argonautas, os gêmeos voltaram à sua terra onde seriam conhecidos por defenderem os fracos e os jovens. Numa região próxima morava Léucipo, irmão de Tíndaro, que tinha duas filas belíssimas, Febe e Ilaira. Quando as conheceram os gêmeos se apaixonaram imensamente, mas como eram noivas resolveram raptá-las. Dias depois, os noivos enraivecidos, e em perseguição aos gêmeos, os alcança num campo de guerra. Desafiados pelos noivos, inicia-se uma batalha que duraria dias.

Sempre estavam lutando juntos, Castor e Pólux, um defendendo o outro e o outro defendendo um. Castor era humano e mortal, sendo mais firme e ligado à terra. Pólux era um deus e imortal, mais ligado aos céus e à mente. Por um átimo de segundo, Pólux se distrai. O suficiente para seu irmão ser traspassado por uma lança que o atinge do pulmão até a garganta, caindo esvaindo-se em sangue. Neste instante, ouvindo o grito de dor de seu irmão, e cheio de ira, ele mata todos ao seu redor e vai em direção de seu irmão que morria. Pegando-o em seus braços arranca a lança do peito de seu irmão que começa a Ter uma imensa hemorragia. Desesperado ele lança u grito de dor que é ouvido no Olimpo. Zeus, reconhecendo o grito de um de seus filhos favoritos corre em direção ao campo de luta e vê uma cena dantesca. Seus filhos mais adorados em desespero.

Pólux implora que Zeus interceda neste instante, impedindo Castor de morrer ou que também lhe tirasse a vida, pois “não poderia viver sem ele mesmo”. Como Zeus não podia interferir nas questões de vida e morte e nem retirar a imortalidade de seu filho, Pólux pede a seu pai que transfira a imortalidade dele para seu irmão para que ele pudesse viver. Sem saber o que fazer, pois essa transferência mataria Pólux, que não seria mais imortal, é forçado por Pólux a realizar imediatamente a transferência. Assim que Castor recebe a luz da imortalidade, Pólux começa a morrer do mesmo ferimento de seu irmão. Castor pede o mesmo a Zeus, e imediatamente é reiniciada a transferência. Inconformados com a situação, resolve-se que eles trocariam vida e morte diuturnamente . Enquanto um estava na terra outro estaria no céu e quando trocassem de posição poderiam se encontrar. Insatisfeitos resolvem realizar estas trocas com cada vez mais freqüência, tornando-se os dois imortais, ficando juntos para sempre.

Adônis

Adônis, nas mitologias fenícia e grega, era um jovem de grande beleza que nasceu das relações incestuosas que o rei Cíniras de Chipre manteve com a sua filha Mirra. Adônis passou a despertar o amor de Perséfone e Afrodite.Mais tarde as duas deusas passaram a disputar a companhia do menino, e tiveram que submeter-se à sentença de Zeus. Este estipulou que ele passaria um terço do ano com cada uma delas, mas Adônis, que preferia Afrodite, permanecia com ela também o terço restante. Nasce desse mito a idéia do ciclo anual da vegetação, com a semente que permanece sob a terra por quatro meses. A deusa grega Afrodite, do amor e da beleza sensual, apaixonou-se por ele. No entanto, o deus Ares, da guerra, amante de Afrodite, ao saber da traição da deusa, decide atacar Adônis enviando um javali para matá-lo. O animal desferiu um golpe fatal na anca de Adônis, tendo o sangue que jorrou transformado-se numa anêmona. Afrodite, que corria por entre as silvas para socorrer o seu amante, feriu-se e o sangue que lhe escorria das feridas tingiu as rosas brancas de vermelho. Outra versão da mito conta que Afrodite transmutou o sangue do amado numa anêmona. O jovem morto desceu então ao submundo, onde governava ao lado de Hades a esposa dele, a deusa Perséfone – a rainha do submundo, que também apaixonou-se por ele. Isso causou um grande desgosto em Afrodite, e as duas deusas tornaram-se rivais.
Inicialmente, Perséfone, compadecida pelo sofrimento de Afrodite, prometeu restituí-lo com uma condição: Adônis passaria seis meses no submundo com ela e outros seis meses na Terra com Afrodite. Cedo o acordo foi desrespeitado, o que provocou nova discussão entre as duas deusas, que só terminou com a intervenção de Zeus, que determinou que Adônis seria livre quatro meses do ano, passaria outros quatro com Afrodite e os restantes quatro com Perséfone. Adônis tornou-se então símbolo da vegetação que morre no inverno (descendo ao submundo e juntando-se a Perséfone) e regressa à Terra na primavera (para juntar-se a Afrodite). Deus oriental da vegetação, divindade ctônia (que cumpre o ciclo da semente).
Embora seja mais conhecido como divindade grega Adônis teve, no entanto, origem na Síria, onde era cultuado sob o nome semita de Tamuz. Era também um deus eternamente jovem, ligado à vida, à morte e à ressurreição, estando associado ao calendário agrícola. De resto, o nome Adônis deve ter origem no mundo semítico - parece proceder do semita Adonai, expressão que significa Meu Senhor. É um deus que congrega em si elementos de várias origens, demonstrativo do grande sincretismo religioso produzido pelos gregos da antigüidade.

Prometeu

O titã Japêto, filho de Urano (Céu) e GAIA (Géia), irmão de Saturno (Cronos), uniu-se a Clímene e teve quatro filhos : Menécio, Epimeteu, Atlas e Prometeu, o filho mais jovem. Prometeu tinha o Dom da profecia, e desde pequeno era criativo e inteligente, usando este Dom para comunicar-se com os deuses. Dessa maneira compreendia a essência de todas as coisas do universo. Na época do reinado de Saturno sobre a Terra, todos os homens eram iguais aos deuses, tendo sido atribuído a Prometeu, um mortal, a criação da raça humana, feitos de terra e água, ao qual ele dava o sopro divino com o ar. Com o advento do destronamento de Saturno por Júpiter (Zeus) e seus irmãos Netuno (Poseidon) e Plutão (Hades), surge a geração olímpica. Zeus impõe-se aos homens, fazendo valer sua supremacia divina. Com o aumento dos seres humanos, criados por Prometeu, eles se tornam rudes e arrogantes. Zeus, irritado com essa arrogância, impede os homens de usarem o fogo. Prometeu, compadecido dos homens, sua criação, resolve roubar o fogo do Olimpo e oferece-o aos homens, fazendo-os se tornarem muito parecidos com os deuses.
Enfurecido, Zeus, para se vingar de Prometeu e dos homens, pede a Hefestos (Vulcano) que fizesse uma virgem com uma beleza sem igual, feita de argila e água, dando-lhe luz e vida. Todas as divindades deram algo de si à criatura e Hermes (Mercúrio) lhe dá a perfídia e os discursos enganadores. Essa criatura se chamou Pandora. Desceu à terra e se aproximou de Epimeteu, irmão de Prometeu. Levava consigo uma caixa lacrada, sem saber o que continha. Epimeteu, apaixonado, a traz junto aos homens e ela se torna um deles, embora Prometeu o tivesse avisado para não receber presentes dos deuses. Epimeteu não se importa, e louco de paixão, leva-a para sua casa. Numa noite em que dormiam em seu quarto, curioso, Epimeteu abre a caixa de Pandora. Desta caixa então saem males terríveis que se espalham sobre a Terra e atormenta os homens. A violência, a miséria as doenças e tudo o que há de mal no mundo. Essa era a vingança dos deuses contra a arrogância dos homens. Não satisfeito, Zeus resolve afogar a humanidade, fazendo ocorrer um dilúvio durante quarenta dias e quarenta noites. Quando baixam as águas, ainda restavam seres humanos vivos. Deucalião, filho de Prometeu, recolhe animais e homens da Terra, para tornar a repovoá-la. Dentre esses homens estava Prometeu. Para garantir a paz no mundo e nos céus, Zeus prende Prometeu.

Pede a Hefestos (Vulcano) que construa correntes enormes e indestrutíveis, para que acorrentasse Prometeu, nu e de cabeça para baixo, no pico do Monte Cáucaso, onde uma águia viria arrancar-lhe, todos os dias, pedaços de seu fígado, que à noite se reconstruiria, e novamente pela manhã viria a águia para torturá-lo. Mesmo assim o rebelde Prometeu não se abate e, ainda orgulhoso e rebelde, desafia Zeus. Este flagelo dura trinta mil anos. Até que um dia, Prometeu envia uma mensagem telepática a Zeus, que na ocasião estava apaixonado por Thétis. De acordo com as leis do destino, desta união nasceria uma criança que seria o deus supremo de todo o universo, que o destronaria, assim como ele fez com seu pai Saturno, e seu pai com seu avô Urano. Zeus fica então em débito com Prometeu. Hércules, sabendo dessa dívida, pede a Zeus que pague com a imortalidade entregue por ele a Quíron, o centauro, que padecia de uma dor incurável, e só podendo livrar-se do flagelo se morresse. Zeus então retira a imortalidade de Quíron e a transfere a Prometeu, que se torna mais um entre os deuses imortais, afastando-se definitivamente dos homens e juntando-se a Zeus.

Quíron

Tessália. Região montanhosa da Grécia, onde andavam os cavaleiros e seus cavalos para proteger os rebanhos. Ixião, criador de cavalos, apaixona-se platonicamente por Juno (Hera) mulher de Zeus (Júpiter). Sabendo dessa paixão, e sentindo-se traído por essa paixão oculta, Zeus faz uma nuvem na forma de sua mulher. Ixião, enganado, une-se à nuvem, e num sonho fantástico, nasce um centauro, criatura metade homem, metade cavalo. Esse centauro une-se a uma égua e dá origem a vários outros centauros. Todos eles eram violentos, agressivos e cruéis, mas também alegres e impulsivos.
Nessa mesma região havia ninfas, doces criaturas femininas, dentre as quais havia Filira, filha de Oceano. Saturno (Cronos) apaixona-se por ela e para fugir da vigilância de sua mulher Cibele (Réia) transforma-se num cavalo para se aproximar dela. Enquanto se amavam. Dessa união nasce um centauro chamado Quíron. Ao ver a monstruosidade a que dera a luz, Filira recusa este seu filho e os deuses, castigando-a, a transformam num limoeiro, para que não tivesse memória nem consciência, amargando para sempre na Terra. Recolhido pelos deuses, Quíron é levado ao Olimpo, onde viveu entre eles por muito tempo.
 
Ao crescer, desejando entender o universo, começa a ler todos os livros existentes nas bibliotecas do Olimpo, adquirindo um conhecimento imenso de todas as artes. Já adulto, é entregue a ele a educação dos filhos dos deuses e outros mortais para que fossem por ele educados. Em recompensa, Zeus lhe dá a imortalidade, tornando-o também um deus. Entre seus pupilos estavam Jasão e todos os argonautas, Teseu, Castor e Pólux, Peleu, Enéias, Ulisses, Telêmaco e outros heróis e deuses. Hércules havia sido encarregado de cumprir 12 tarefas que o levaria a ser iniciado nos mistérios do Olimpo, e dentre elas estava a tarefa de matar a Hydra de Lerna, um animal terrível com sangue venenoso e mortal. Lerna era perto da região da Tessália, e Quíron acompanha Hércules nessa tarefa.
Aguardando Hércules, que iria matar a Hydra com flechas, Quíron é abordado por centauros que o desafiam para uma luta. Ao regressar, Hércules, vendo ao longe a batalha injusta de Quíron com dezenas de centauros, desfere uma flechada para atingir o chefe deles, mas ao perceber a intenção, o centauro chefe se afasta, indo a flecha atingir a coxa de Quíron. Sendo imortal, o veneno não tiraria sua vida, mas a produziu uma ferida doloridíssima e incurável. Durante anos tentou suportar a dor, mas rendendo-se a ela implora aos deuses que lhe tirassem a imortalidade para que pudesse parar de sentir dor tão lancinante. Os deuses, compadecidos, atendem seu pedido, mas imortaliza sua memória transformando-o na constelação do Sagitário, um centauro com o arco e a flecha em suas mão para registrar a morte trágica de seu mestre e amado amigo.

Hércules e o Leão de Neméia

Na cidade de Neméia vivia no fundo de uma caverna um leão terrível, concebido por Selene, uma temida feiticeira, que querendo vingar-se dos habitantes da cidade que a haviam expulsado, faz surgir esta criatura. Cobrindo a pele do leão com uma poção mágica, ela se torna indestrutível, sendo incapaz de ser transpassada por qualquer arma criada pelos homens. Quando saía da caverna devorava os habitantes de Neméia, do mais humilde ao mais poderoso. Assim padecia a cidade com a fúria de Selena. No Olimpo, vários heróis eram instruídos pelo centauro Quíron, e dentre eles se destacava Hércules, filho de Zeus com uma mulher da Terra. Percebendo sua bravura, lealdade e dignidade, apesar de seu orgulho, Zeus resolve iniciar Hércules nos mistérios do Olimpo, entregando-lhe 12 Tarefas para que trilhasse o caminho iniciático.

No saguão de seu palácio, Zeus escreve com letras de fogo em uma folha de ouro, as 12 Tarefas. O primeiro trabalho iniciático seria salvar os homens da Terra matando o Leão de Neméia. Indo em direção a Neméia, Hércules, acompanhado pelo seu Mestre Quíron, tenta entender o motivo desta tarefa tão simples. Ao encontrar a caverna Hércules separa algumas armas e entra decidido a matar a criatura. Ao se aproximar do fundo da caverna, escura, úmida e quente, ele percebe que o leão vem lentamente em sua direção. Enorme que era, mais alto que Hércules, fixa o olhar em Hércules, permanecendo assim por alguns momentos, a poucos metros. Seus olhos eram brilhantes e enigmáticos. Hércules é surpreendido pelo ataque do leão e trava uma batalha terrível.
Nada conseguindo foge para fora, assustado e inconformado por não ter matado um simples leão. Junta mais armas e novamente entra para enfrentar definitivamente a criatura. Lentamente ela se aproxima e fixa seus olhos brilhantes em Hércules, ficando a poucos metros de seu rosto. Mais uma vez ele é surpreendido pelo ataque feroz do monstro, fugindo logo após ser ferido pelas garras e dentes do leão. Fora da caverna, reflete sobre a tarefa e vê suas armas todas quebradas a amassadas. Decidido a terminar aquela tarefa, percebe que não conseguiria matar o leão com armas. Talvez fosse essa a tarefa : usar sua razão e sua força. Resolve então tirar suas roupas e entrar mais uma vez na caverna, nu e sem armas.

Aproximando-se do fundo vê o leão se aproximando e espera. Chegando mais perto, o monstro fixa o olhar em Hércules, arregalando os olhos. Surpreso, Hércules vê que o brilho nos olhos do leão era um espelho, que refletia sua imagem. Ferozmente o leão avança contra Hércules. Depois de uma longa luta, Hércules agarra a garganta do leão e puxa com força, quebrando seu pescoço. O leão cai morto. Levando seu corpo para fora da caverna ele vê o tamanho do animal e resolve olhar mais uma vez em seus olhos. Não havia nada lá dentro. Ele havia conseguido vencer a si mesmo e ao seu orgulho. Arranca o pelo do animal e faz uma túnica.Com o crânio do leão faz um capacete, que usaria em todas as outras tarefas.

Aquiles

Um dia Zeus (Júpiter) apaixonou-se pela deusa Thétis. Pouco antes de se unir a ela, é avisado telepaticamente por Prometeu, que estava acorrentado de ponta cabeça no pico do Monte Cáucaso, de que se consumasse a união, nasceria um deus que seria o maior de todos os deuses do Olimpo, tomando seu lugar, assim como ele já havia tomado o lugar de seu pai Cronos (Saturno) e esse tomado o lugar de seu avô, o Céu (Urano). Sendo avisado dessa profecia, foge de Thétis. Para garantir seu reinado pede a Afrodite (Vênus) que impeça qualquer deus de se aproximar dela, e implantasse em seu coração um amor imenso pelo mortal Peleu. Dessa união nasce Aquiles, uma criança normal e mortal, garantindo o futuro do reinado de Zeus. Avisada por Mercúrio (Hermes) sobre essa trama armada por Zeus, Thétis tenta compensar o infortúnio de seu filho mergulhando-o nas águas do Rio Éstige, que tinham o poder de deixar os homens invencíveis, desde de que não retornassem e atravessassem suas corredeiras. Thétis, temendo pela vida de seu filho não o joga, mas o mergulha de cabeça, permanecendo com os calcanhares para fora.


Desistindo de sua intenção, volta para casa e percebe que seu filho, por ter ficado mergulhado muito tempo nas águas, tinha se tornado invencível em todo seu corpo, mas como os calcanhares de Aquiles ficaram fora d’água, se tornaram seus pontos fracos. Faz botas e treina Aquiles para sempre proteger seus pés, nunca lhe contando o motiva de tanta precaução. A pedido de Zeus, Aquiles é enviado ao Olimpo para ser educado por Quíron, o centauro, aprendendo todas as artes e integrando-se aos heróis que já estavam com Quíron. Junto com Jasão e outros Argonautas, vai em busca do Velocino de Ouro, quando em uma das batalhas percebe a sensibilidade de seus calcanhares, numa luta com um soldado. Retornando à Cólquida força sua mãe a contar-lhe o porque de tanto cuidado com seus calcanhares.
Percebendo não ser dono de seu destino, foge de casa de casa, mas Thétis, chantageando-o emocionalmente, impede Aquiles de ir embora. Zeus, compadecido, oferece-lhe um presente. Teria que escolher entre ser um herói, reconhecido por toda a eternidade, mas morrer cedo, ou ter uma vida longa, sem glórias e morrer no anonimato. Jovem que era, Aquiles escolhe morrer cedo. Sua mãe, ao saber da escolha, intercede a Zeus para que reverta a escolha de Aquiles. Ao saber que sua mãe, mais uma vez, interfere em seu destino, resolve fugir, e mais uma vez Thétis o impede de fugir, alegando ser ele frágil e que tinha se dedicado por toda a vida a ele. Já desesperançado, Aquiles passa a viver na solidão, até que um dia conhece uma jovem, resolvendo fugir para desposá-la.

Na Batalha de Tróia é atingido por Páris, príncipe troiano, que conhecia sua fragilidade, desferindo um golpe fatal em seu calcanhar. Aquiles tomba mortalmente.

Aquiles é então enterrado, mas mesmo assim sua imagem chega a nós até hoje como um dos grandes heróis da antiguidade.

Páris

Páris, príncipe troiano, nasceu com o dom da diplomacia e da elegância. Educado com todo o cuidado, dedicou-se às artes, ao direito e aos cerimoniais. Conhecido como um homem justo e imparcial, Páris era admirado pelos súditos e pelos deuses, que reconheciam nele um homem de bem. Naquele tempo, no Olimpo, ocorria uma disputa acirrada entre as deusas Afrodite (Vênus), Palas Atena (Minerva) e Hera (Juno), mulher de Zeus (Júpiter). Cada uma delas se dizia a mais bela do Olimpo, o que dividia os deuses, dando início a uma guerra terrível. Zeus então decide que haveria um torneio entre as deusas para resolver esta questão. Para não haver favorecimentos, Zeus designa Páris para ser o juiz dessa contenda. Hermes (Mercúrio) é enviado à Terra para informar Páris ele deveria ir imediatamente ao Olimpo e dar fim à guerra, escolhendo ele a mais bela deusa.

Temendo ofender as deusas e mais ainda, temendo ser perseguido por elas, que apesar de serem deusas, eram terríveis e vingativas, recusa o convite. Zeus, irado, força Páris a aceitar e escolher entre as deusas a que receberia o título de a mais bela do Olimpo. Realizado o torneio, onde elas mostraram suas habilidades, dons e beleza, Páris é recolhido a uma cela, de onde sairia somente com a resposta final. Nos dias em que ficou enclausurado, Páris recebe a visita de cada uma das deusas que tentavam suborná-lo. Hera oferece-lhe o império do Mundo e todas as suas riquezas. Atena faria dele um guerreiro valente e invencível. Afrodite oferece-lhe sua cooperação e proteção e garante-lhe o amor da mulher que ele quisesse na Terra.
Temendo as conseqüências, Páris tenta postergar a decisão o mais que podia, provocando mais uma vez a ira de Zeus, que o força a decidir imediatamente, diante de todos os deuses que, ansiosos, esperavam o resultado. Acuado, viu que não teria outra alternativa a não ser escolher uma das deusas. Refletindo sobre tudo o que havia sido oferecido a ele, Páris percebe que se escolhesse Hera, de nada lhe adiantaria a riqueza da Terra se tivesse as outras duas deusas como inimigas. Se escolhesse Atena, seria um guerreiro invencível, que lutaria eternamente contra as outras deusas. Aceita então a proteção de Afrodite e escolhe para si a mulher que ele desejava na Terra. Afrodite o protege da ira das outras deusas e traz a ele Helena, a mulher que ele amava, dando início à Guerra de Tróia, tendo como inimigos os gregos, Hera e Atena que se uniram a eles para guerrear contra os troianos.