Tua passagem se fez por distâncias antigas.
O silêncio dos desertos pesava-lhe nas asas
e, juntamente com êle, o volume das montanhas e do mar.
Tua velocidade desloca mundos e almas.
Por isso, quando passaste, caíu sôbre mim tua violência
e desde então alguma coisa se aboliu.
Guardo uma sensação de drama sombrio, com vozes de ondas lamentando-me.
E a multidão das estrêlas avermelhadas fugindo com o céu para longe de mim.
Os dias que veem são feitos de vento plácido e apagam tudo.
Dispensam a sombra dos gestos sobre os cenários.
Levam dos lábios cada palavra que desponta.
Gastam o contôrno da minha síntese.
Acumulam ausência em minha vida...
Oh! um pouco de neve matando, docemente, folha a folha...
Mas a seiva lá dentro continua, sufocada,
nutrindo de sonho a morte.
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